O ator Pedro Cardoso não está mais na Globo. Após mais de 30 anos de contrato, ele deixou a emissora juntamente com o seriado “A Grande Família”, cuja última das 14 temporadas foi ao ar no ano passado. Na trama, ele interpretou o personagem Agostinho.
Agora, longe da televisão, ele está em cartaz com a peça “O Homem Primitivo”, junto com sua mulher, Graziella Moretto. Em entrevista ao portal UOL, o ator contou a experiência no canal carioca e surpreendeu ao falar como vê hoje a televisão brasileira.
“Acovardada e conservadora” foi como ele definiu a TV atualmente. Segundo ele, após “A Grande Família”, a Globo não o ofereceu nenhum projeto, nem mostrou nenhum interesse na renovação do seu contrato, apesar de todos os anos de dedicação.
“Com a trajetória que tive na Globo e com o sucesso que ‘A Grande Família’ teve, eu imaginava que a emissora me ofereceria a oportunidade de desenvolver um projeto que fosse meu. ‘A Grande Família’ era um projeto coletivo. Isso não foi oferecido a nenhum de nós”, disse.
“É o ator que dá cara ao trabalho de todos. Isso confere ao ator um poder incomensurável. Ninguém sabe, na verdade, quem é o diretor ou o autor da ‘Grande Família’, embora eles fossem tão importantes quanto nós. E o que fazem? Negam poder ao ator”, afirma.
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“Os atores ficam esperando ser convidados. A Globo não é sensível a nenhum movimento feito por um ator. Preferem atores que já entraram no mercado tendo abdicado de antemão da sua autoria. Brigo pela minha autoria”, justificou Pedro Cardoso.
E ele foi além, falou sobre o conteúdo apresentado pela emissora que trabalhou. “A televisão no Brasil se dedicou a construir uma espécie de país que não é verdadeiro. O ‘Fantástico’ trata dos assuntos com uma falsa verdade, na minha opinião”, revelou o ator.
“Até quando diz que uma coisa é verdade, parece entretenimento, uma coisa bobinha, engraçadinha”, detona.”A TV brasileira está com muito medo da internet. E está um pouco acovardada, um pouco conservadora. Ela está mudando só na maquiagem”, aponta.
“O mundo mudou muito. E uma coisa principal: o Brasil mudou, muito mais que a televisão brasileira. A TV brasileira ainda está igual ao Brasil do FH [Fernando Henrique Cardoso] e nós estamos num Brasil pós-Dilma, embora ela ainda esteja [no governo]”, ressalta.
“A gente tem que retratar este Brasil que mudou. Se a gente ficar fazendo a televisão que era da época do Fernando Henrique, o público vai fazer outra coisa”, concluiu.
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