Flávio Cavalcanti não foi tirado do ar por fazer sensacionalismo


Flávio Cavalcanti recebendo prêmio de Silvio Santos no SBT (Reprodução)
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“Depois de um tempo, Flávio passou a irritar os militares por ser contra as prisões arbitrárias e as torturas.”


Existe uma teoria equivocada, mas que os mais jovens acreditam porque se baseiam em buscas no Google, de que Flávio Cavalcanti, o maior apresentador jornalista da história do Brasil, teria sido tirado do ar por fazer sensacionalismo. Isso não condiz com os fatos.

Se Flávio tivesse sido afastado por fazer sensacionalismo, Dercy Gonçalves, Raul Lontras e O Homem do Sapato Branco também teriam saído do ar. Cavalcanti estava na Tupi, e esses outros artistas na TV Globo, criada e desenvolvida pelo grupo de militares da Revolução de 64 e que decidiram apoiar Roberto Marinho.

Vamos ao caso de Flávio Cavalcanti e os motivos que levaram a TV Tupi a suspender seu programa. A TV Globo queria colocar o “Fantástico” no ar, no domingo à noite, mas tinha um grande rival na TV Tupi, que era Flávio o qual, diferentemente de Silvio Santos que fazia somente entretenimento, era jornalista e fazia jornalismo ao vivo.

Não apareceu, na história da TV brasileira, ninguém que se equiparasse à Flávio na apresentação de programa de entretenimento com jornalismo ao vivo, apesar de o “Fantástico” também ser entretenimento, mas com jornalismo gravado. A primeira providência que a TV Globo tomou fez foi contratar Maurício Shermann, que era diretor do programa de Flávio. A missão de Shermann era executar o “Fantástico” e colocá-lo no ar no meio do ano no qual foi contratado. Tudo foi preparado para que isso acontecesse, incluindo a retirada de Flávio, que era líder na audiência da  TV Tupi, do ar. O “Fantástico” tinha de entrar no meio do ano e então montaram uma “arapuca” para Flávio, e que ele caiu.

Não preciso citar nomes de gente dos bastidores que traiu Flávio, mas a TV Globo sabia de todo o conteúdo que Flávio preparava para colocar no ar e, vendo um conteúdo polêmico, o cenário foi preparado. Um censor, e naquele momento os censores eram todos da Polícia Federal, foi colocado na platéia do programa de Flávio no domingo e tinha o objetivo de relatar algo que pudesse ser usado contra Flávio. Então foi encontrada uma determinada reportagem polêmica que pôde ser usada para tal fim.

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Com o relato do censor, no dia seguinte, uma representação foi mandada para presidência dos Diários Associados, que era presidido pelo político da ARENA, João Calmon. A ARENA era o partido de apoio do Regime Militar brasileiro. Calmon sabia de todo o plano e foi passivo no caso. Então Calmon mandou suspender Flávio por 60 dias, que era o tempo que a TV Globo tinha para colocar o “Fantástico” no ar. Ao contrário de Roberto Marinho, que sempre defendeu seus funcionários contra militares que acusavam aqueles de serem comunistas, Calmon era submisso aos militares e jamais protegeu alguém. A suspensão de Flávio foi colocada para Calmon como sendo uma missão e que ele acatou sem perguntar.

Uma vez que suspenderam Flávio, a TV Globo tinha que colocar o “Fantástico” no ar, mas parece que a competência de executivo de Maurício Shermann não foi tão eficiente, pois ele não conseguiu lançar o programa durante o tempo em que Flávio esteve fora. Então Flávio voltou ao ar, para o desespero da TV Globo. Não demitiram Shermann porque ele sabia de todo o esquema, mas na volta de Flávio novamente os militares deram ordens para que o presidente dos Diários Associados boicotasse o próprio programa da TV Tupi retirando a verba de produção. Vamos combinar que sem verba de produção não tem jornalístico que resista. Mesmo assim Flávio, por um bom tempo, continuou no ar graças à sua capacidade criativa e também à ajuda que teve do empresário de artistas Marcos Lázaro, que conseguia grandes nomes para cantar no programa de Cavalcanti sem cobrar cachê.

Depois de um tempo, Flávio passou a irritar os militares por ser contra as prisões arbitrárias e as torturas. Cavalcanti, que era de direita e participou ativamente da Revolução de 64 com armas em punho, não aceitava a tortura de artistas e usava de seus conhecimentos com generais que foram comandantes da Revolução para livrar amigos artistas das prisões e torturas, como foi o caso do maestro Erlon Chaves e da atriz Leila Diniz.

Mesmo assim sem verba de produção, tempos depois Flávio foi tirado do ar porque continuava sendo o programa de maior credibilidade da TV brasileira e afrontava a liderança da TV Globo aos domingos. Dizer que Flávio foi tirado do ar por sensacionalismo é deixar se levar por relatórios montados por censores e políticos subservientes aos militares que apoiavam a TV Globo que mostrava muito mais sensacionalismo do que Flávio e que não tinha nem dez por cento da credibilidade que Cavalcanti tinha na TV brasileira.

Texto: James Akel

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