“Foco na TV”: a queda de audiência na TV aberta tem explicação


"Geração Brasil" tem a pior audiência da história da faixa das 19h. (Foto: Reprodução/Globo)
“Geração Brasil” tem a pior audiência da história da faixa das 19h da Globo

Hoje, a TV aberta enfrenta uma séria crise de audiência, quase que geral. A Globo aos poucos vai abandonando sua hegemonia, que antes a fazia liderar o dia de ponta a ponta, sem nenhuma dificuldade. Atrações consagradas dentro da emissora, como o “Jornal Nacional”, novelas, o “Fantástico”, “Big Brother”, “Zorra Total” e o “Vídeo Show”, acumulam em 2014, recordes negativos históricos.

Quando me refiro a crise na TV aberta quase que geral, quero dizer que existem exceções, como por exemplo, a Record, que ao contrário da emissora carioca, vem tendo um leve crescimento nos últimos anos.

Talvez até tentando desviar a imagem de “queda” da Globo, alguns diretores já adotam um discurso de que a audiência “já não é mais tão importante”.

imagem1“Precisamos ter várias profundidades que desafiem as pessoas a ‘dar mergulhos’, como fizemos neste ano com O Caçador, Dupla Identidade. Meu Pedacinho de Chão, um produto às 18h, um primor de direção de arte. Um p… de um sucesso. Aí o cara diz: ‘Ah, mas teve uma curva de audiência baixa’. F… você com esse pensamento velho, cara! Você precisa olhar a relevância das coisas, e não só a audiência.”

Sérgio Valente, diretor de comunicação da Globo.

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Sérgio Valente tem até razão ao afirmar que a qualidade é sim importante e essencial para a TV, até porque, é uma parte fundamental para o bom desempenho de uma determinada atração. Mas insistir que os números já não são tão importantes como antes, e que isso já é uma coisa ultrapassada, é realmente um absurdo no meio televisivo.

O problema é simples e até obvio: A qualidade das atrações. Vamos começar pelas novelas. “Em Família”, “Além do Horizonte” e “Geração Brasil”. Se formos analisar bem todas as três tramas, será possível perceber que há uma enorme diferença de qualidade, para, por exemplo, as novelas que foram consideradas “normais” ou um sucesso na Globo. Enquanto que as duas primeiras foram “sonolentas”, “Geração Brasil” tentou inovar, e deu no que deu. O que a Globo precisaria entender, é que o mesmo público que deu audiência para “América” e “Senhora do Destino”, por exemplo, é praticamente o mesmo de hoje, então não tem porque inovar, pelo menos por enquanto, ou até que o público peça isso. “Império”, que até então vinha seguindo praticamente o mesmo enredo de “Em Família”, começou a apresentar traços de novelas “tradicionais”, e voltou consequentemente, a crescer na audiência.

imagem1“Novelas perderam [audiência] e até o ‘Jornal Nacional’. E digo ainda: a tendência é cair mais. Estamos vivendo uma crise e nós temos que nos reinventar. A TV aberta precisa descobrir qual é o seu papel, dialogar mais com as outras telas, outras redes.”

Marcelo Tas, apresentador do “CQC”.

Não duvidaria que a queda de audiência dos principais pilares da emissora, que são as novelas, possa estar interferindo nos índices de outras atrações. Mas a tese que serve não só para a Globo, mas para o SBT, Record e Band, é que o problema da queda de audiência não está diretamente relacionada a expansão do público, e sim a qualidade das atrações. Enquanto que alguns formatos já estão desgastados, outros não souberam acompanhar o gosto do telespectador no decorrer dos anos.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.