Lauro César Muniz desiste das novelas e fala sobre fracasso de “Babilônia”
12/05/2015 às 12h03

O autor Lauro César Muniz, cujas últimas novelas foram “Máscaras” (2012), “Poder Paralelo” (2009) e “Cidadão Brasileiro” (2006), ambas na Record, falou sobre as atuais novelas do país e revelou que não vai mais voltar a escrever novos folhetins.
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Aos 77 anos, o dramaturgo escreveu várias tramas de sucesso, como “Escalada” (1975), “O Casarão” (1976) e “Roda de Fogo” (1986) e agora, longe da televisão, escreve apenas para teatro e cinema, onde vai adaptar a minissérie “Chiquinha Gonzaga”, de 1999.
“Não manter contrato com uma emissora, atualmente, foi opção minha. Passei a vida adiando projetos pessoais importantes no teatro e no cinema para cumprir meus contratos com as redes de TV. Tenho um pouco mais de tempo e liberdade para trabalhar”, afirma.
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No entanto, ele não pretende se afastar da televisão, onde tem alguns projetos em mente. “A televisão é um veículo muito importante para que eu fique de fora, olhando”, diz o autor, que planeja voltar com uma minissérie com o maestro Júlio Medaglia e o diretor Del Rangel.
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Sobre as novelas, todavia, ele limitou-se a dizer que “é muito desgastante”. Ele comentou sobre as tramas da atualidade, como “Babilônia”, a novela das nove da Globo, e para ele, a baixa audiência é resultado da quantidade de colaboradores, que atrapalha a criação.
“O processo industrial, em que muitos coautores e colaboradores participam, abafou o ímpeto criativo do Gilberto [Braga]. Este talvez seja o mais cruel desse processo industrial que tomou conta das novelas desde meados da década de 1990”, afirmou Muniz em entrevista.
“Muitas cabeças diluem o estilo do autor principal”, opina ele sobre “Babilônia”, que possui três autores principais (Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga) e sete roteiristas colaboradores. Sua audiência é a pior da Globo às 21h desde os anos 1970.
Para reverter essa tendência de queda, Lauro reafirma que uma novela precisa ser enxugada e contar com uma quantidade menor de capítulos, já que o público atual prefere tramas curtas. “Nenhuma história necessita de 200 capítulos para ser narrada”, explica o novelista.
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“Acredito que vai melhorar quando reduzirmos o número de capítulos para 150. As emissoras terão novelas com menos personagens, menos cenários, locações e figurinos”, sugere. Em entrevista a Daniel Castro, o autor ainda falou sobre a novela da Record, “Os Dez Mandamentos”.
A emissora comemora a audiência da trama bíblica, que é a maior de todas as antecessoras nos últimos cinco anos. Para ele, porém, isso é um motivo de preocupação. Muniz, que trabalhou na Record em 2005 e 2013, teme que só seja investido em produções da Bíblia.
“Os Dez Mandamentos é um sucesso. Lamentavelmente sobre um tema bíblico em uma emissora ligada a uma igreja evangélica. Meu temor é que, daqui para a frente, a Record só faça novelas religiosas. Um desvio de nossas preocupações mais cotidianas”, lamenta.
“Meu ponto de vista é que os temas bíblicos anestesiem a capacidade crítica dos telespectadores”, opina. Sua última novela deu início à pior fase da teledramaturgia e todas as novelas que estrearam depois dela fracassaram, ficando atrás do SBT na audiência.
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“Durante minha última novela, a emissora teve uma completa reestruturação de comando, não apenas no setor de dramaturgia como no comando geral. Isso pesou muito, não apenas para Máscaras mas para todos os fracassos que seguiram minha novela”, diz.