Há cerca de um mês, a concorrência no horário nobre estava mais do que acirrada. A novela das nove, “A Regra do Jogo”, da Globo, disputava a preferência do público com “Os Dez Mandamentos”, da Record, que chegou ao mesmo patamar em sua reta final.
No entanto, com o seu fim, a emissora carioca voltou a reagir na audiência, trazendo de volta o público que havia deixado suas novelas, depois das polêmicas envolvendo a trama anterior, “Babilônia”. Foi sobre isso que a diretora Amora Mautner falou em entrevista.
Em conversa com o jornal Estadão, ela avaliou a novela da concorrência: “Tenho o maior respeito pelo Alexandre Avancini (diretor de ‘Mandamentos’). Mas, em primeiro lugar, é preciso considerar que um terço do Brasil é evangélico, isso é muito forte”.
“Infelizmente, não consegui ver a novela. A competição é boa para todas as partes. Muita gente deixou de ver (a Globo) na novela anterior. Na segunda semana de Babilônia, muita gente migrou daqui em busca de outro nicho. E o que havia era Os Dez Mandamentos”, explica.
“‘Carrossel’ (SBT) também pegou público. Quando esta novela estreou, Os Dez Mandamentos dava 23. A abertura do Mar Vermelho foi a 27. A gente nem pegou tanto a ressaca de troca de novelas, eles foram crescendo em si. A gente pegou uma terra salgada”, comenta.
Ela falou ainda sobre o crescimento da audiência da sua novela: “A gente agora está entre 29 e 30 pontos em São Paulo, 34 no Rio. Vamos crescer mais. Acho que a novela começou mal, no sentido da audiência, por causa desse combo todo, e o próprio momento do País”.
“A Globo produz conteúdo e prioriza a relevância. A gente sempre inovou, sempre correu risco. Uma empresa de conteúdo que não corre riscos é, na minha humilde opinião, fadada ao fracasso. Em qualquer negócio de risco, às vezes você se dá melhor, às vezes se dá pior”, ressalta.
Amora destaca ainda que a novela nunca perdeu a liderança no horário: “Agora, a gente nunca perdeu na média final nesse horário da novela, mesmo com toda essa competição”. Perguntada sobre a novela anterior, “Babilônia”, ela disse não saber se houve mudanças por causa dos números.
“Não posso falar por ele, mas, se mexeu, foi porque quis. O grupo de discussão é uma pesquisa demonstrativa. A Globo é uma empresa de uma democracia atroz. Essa novela do Gilberto não foi tão autoral, era feita por três autores, isso muda muito”, disse ela.