“Jovem Guarda”: o programa que a Record levou ao ar por acaso e revolucionou a música brasileira


Palco do programa Jovem Guarda
Palco do programa Jovem Guarda
Palco do programa Jovem Guarda

Era 1965, e as transmissões de futebol nas tardes de domingo pela antiga TV Record esvaziavam os estádios de futebol. Por esse motivo, o canal, que ainda não era a grande rede que é hoje, foi proibido de transmitir as partidas, deixando assim um enorme buraco na grade.

Inspirados na frase “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada”, três jovens cantores, até então pouco conhecidos do grande público, apresentariam o programa “Jovem Guarda”, que em poucas semanas já arrastava centenas de brasileiros para o Teatro Record.

Com suas roupas coloridas e cabelos grandes, a geração comandada por Vanderléia, Roberto e Erasmo Carlos não mudou apenas o jeito de se fazer música no Brasil, mas também o comportamento da juventude, que até então passava a ser mais rebelde.

No ano em que o programa que virou movimento musical completa 50 anos, apresentaremos algumas características dessa época tão importante para a cultura brasileira.

Preconceito

Não tem jeito. Para revolucionar se tem que sofrer um pouco. Em entrevista para a Globo, Erasmo Carlos conta que o Brasil da época era bem careta, os rapazes com o cabelo arrumadinho… “Se um homem usasse vermelho era chamado de bicha”. Imagine aquele festival de roupas coloridas e cordões que eram esbanjados por cantores como Roberto Carlos, por exemplo? O cabelo grande e liso era o que mais despertava o ódio dos opositores.

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Jovem Guarda não revolucionou apenas a música no Brasil
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“Hey, mãe, eu tenho uma guitarra elétrica…”

Esse foi um dos principais motivos para caírem em cima do movimento. A guitarra elétrica era inaceitável por parte de quem já fazia música em um país onde o violão era o instrumento principal. Até passeata contra o uso da guitarra elétrica foi feita em São Paulo.

Concorrência entre movimentos

No Brasil, a Jovem Guarda enfrentou um grande concorrente musical. Outro movimento, que era chamado de Bossa Nova. A disputa entre gêneros era tão acirrada que cada movimento tinha seu próprio programa, e quem participava de um não se via indo no programa concorrente. Um mais eletrônico, o outro mais acústico e tendo como base o violão. Totalmente opostos.

Concorrência interna

Se você acha que a concorrência era apenas externa, está muito enganado. O próprio Roberto Carlos e Erasmo ficaram brigados por um bom tempo, mesmo apresentando o programa juntos. Outra rixa do atual rei da música brasileira era com o cantor e atual apresentador Ronnie Von, que tinha a cara do movimento mas nunca participou do programa.

Por causa de possível rivalidade, Ronnie Von tinha um próprio programa musical, mesmo sendo a cara da Jovem Guarda
Por causa de possível rivalidade, Ronnie Von tinha um próprio programa musical, mesmo sendo a cara da Jovem Guarda

“Viva a liberdade”

Rebeldia era o lema da Jovem Guarda. Nas músicas do movimento, se poderia até ser terrível, ou até mesmo se apaixonar pela namoradinha do amigo, como cantou brilhantemente Roberto Carlos. Carrões importados eram marca registrada. Foi a época em que a juventude pôde se renovar, se libertar. Queria-se mudar o mundo com a música, com diversão, literalmente.

“Quero que tudo vá pro inferno!”

Você observou direito a época em que a Jovem Guarda existiu? Pois é, pleno Regime Militar. Mesmo não se tratando de um movimento político, a Jovem Guarda foi bastante injustiçada na época, era tachada de música de alienados. O fato é que não se pode cobrar engajamento político de um movimento musical não-político, isso, a MPB na época fazia até de sobra.

Influência rock n’roll americana

“Spish splash fez o beijo que eu dei nela dentro do cinema…” Quem nunca ouviu esse verso tão famoso? Não se surpreenda se eu contar que foi apenas uma regravação, dentre tantos outros sucessos da Jovem Guarda. Inspirados nos Beattles, os artistas trouxeram o verdadeiro rock para nosso país. Depois de um tempo com regravações, Erasmo e Roberto perceberam que o país precisava de suas próprias composições, e o fizeram, com muito sucesso em uma parceria que durou anos.

The end…

Em 1968, com a saída do principal astro, Roberto, da atração, a Record decidiu não produzir mais o programa. Erasmo e Vanderléia continuaram com o bom e velho rock n’ roll, enquanto Roberto migrou para a música romântica. Outros, como Sérgio Reis, partiram para a música sertaneja.

Em 1990 o grupo Engenheiros do hawaii regravou o sucesso da Jovem Guarda Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beattles e os Rolling Stones
Em 1990 o grupo Engenheiros do Hawaii regravou o sucesso da Jovem Guarda Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beattles e os Rolling Stones

The end?

Não! A Jovem Guarda continua viva e bastante presente na música brasileira. Além das antigas gravações, que são conhecidas por quem ainda não era nascido, grandes bandas brasileiras regravaram sucessos da época, com enorme destaque.

Grandes exemplos são a clássica Era um Garoto…, trazida ao Brasil pelo grupo Os Incríveis e regravada pelos Engenheiros do Hawaii, É preciso Saber Viver, de Roberto Carlos, regravada pelos Titãs ou até Devolva-me, de Leno e Lilian, regravada por Adriana Calcanhoto. E são só alguns exemplos.

Passam-se décadas, anos, mas a jovem guarda está e sempre estará presente na veia musical em nosso país.

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Autor(a):

Apaixonado pelo mundo da televisão, Fernando Lopes escreve sobre o assunto no TV Foco desde 2013.