Empresa gigantesca dos transportes acaba de ter a sua falência decretada após uma série de adversidades ocorridas
O setor de transportes também não está isento de enfrentar desafios e crises financeiras, apesar de prestar um serviço vital para a mobilidade de pessoas e mercadorias.
Inclusive, o Grupo TTT, um dos maiores conglomerados de transporte rodoviário do país, acaba de ter sua falência decretada pela Justiça de Goiás, mais precisamente no dia 5 de dezembro de 2024, conforme apurado em primeira mão e com exclusividade pelo Diário de Transportes.
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Sendo assim, a partir das informações da fonte destacada, a equipe do TV Foco especializada em economia, traz mais detalhes dessa quebra e o que levou uma empresa desse porte ao colapso.
O martelo do juiz
A decisão do juiz Pedro Ricardo Morello Brendolan, da 4ª Vara Cível de Goiânia, encerra um processo de recuperação judicial iniciado ainda em 2016, marcado por disputas judiciais, dívidas crescentes e graves acusações de má gestão.
O caso reflete não apenas a vulnerabilidade de grandes empresas frente a crises financeiras, mas também a complexidade das tentativas de recuperação.
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Vale destacar que o Grupo TTT é composto por sete empresas:
- Transbrasiliana Transportes e Turismo Ltda
- Rápido Marajó Ltda
- Transbrasiliana Especiais e Fretamentos Ltda
- Transbrasiliana Hotéis Ltda
- Transportes Coletivos de Anápolis Ltda
- Nasson-Tur Turismo Ltda
- Transbrasiliana Encomendas e Cargas Ltda
Naquele ano, o conglomerado pediu recuperação judicial, alegando dificuldades financeiras insustentáveis.
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Porém, o plano foi homologado somente em 2018, mas, ao invés de recuperação, o grupo enfrentou um agravamento das dívidas:
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- Em junho de 2022, a União informou que os débitos inscritos em dívida ativa somavam o valor de R$ 387 milhões, todo indo pelos ares …
- Dois anos depois, esse valor subiu para mais de R$ 460 milhões somente com o Governo Federal, agravando ainda mais a sua situação.
Problemas durante a recuperação judicial
Desde a homolagação, diversas irregularidades e desafios foram identificados:
- Venda de imóveis: O grupo propôs vender 24 imóveis para pagar parte das dívidas, mas a União criticou essa medida, alegando que seria um “esvaziamento patrimonial” que prejudicaria os credores.
- Dívidas pós-concursais: Um gestor provisório apontou que as empresas acumularam R$ 93 milhões em novos débitos durante o período de recuperação.
- Paralisação das atividades: Em agosto de 2024, as operações do grupo foram suspensas após a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) cassar as autorizações para funcionamento.
O magistrado também destacou atrasos de mais de seis meses no pagamento de salários de trabalhadores e a falta de pagamentos a credores extraconcursais:
“Além disso, convém mencionar a situação calamitosa em relação ao atraso dos pagamentos dos trabalhadores ativos, os quais informaram, por reiteradas vezes, a situação de penúria sofrida em razão do atraso e não pagamento dos salários (…). Não estão pagando nada, pois não possuem nenhum fluxo de caixa” – Afirmou a decisão.
Gestão e acusações de irregularidades
Desde 2017, a administração do grupo enfrentou mudanças e acusações:
- Primeiro afastamento: Devido a denúncias de má gestão, a justiça afastou Camila de Souza Valdívia, Sidnei Piva de Jesus e Milton Rodrigues Júnior da empresa em dezembro de 2017.
- Afastamento do interventor judicial: Em novembro de 2024, credores afastaram Marino Tolentino Filho, interventor nomeado pela Justiça, sob suspeitas de má administração, esvaziamento patrimonial e conivência com desvios. Tolentino negou as acusações, alegando ser alvo de “ilações e mentiras”.
- Rejeição ao retorno do empresário original: Na mesma assembleia de credores, 95,63% votaram contra o retorno de Milton Rodrigues Júnior ao comando das empresas.
Decisão de falência:
Ademais, diante da falta de melhorias financeiras e administrativas, o juiz Pedro Ricardo Morello Brendolan decretou a falência das empresas do Grupo TTT.
- Não houve preservação de empregos.
- Credores e tributos deixaram de ser pagos.
- A situação patrimonial foi gravemente comprometida.
A falência tem como objetivo principal organizar os bens remanescentes do grupo para pagar o maior número possível de credores.
O juiz nomeou a Capital Administradora Judicial Ltda como responsável pela massa falida.
Quais foram os impactos da falência do Grupo TTT?
- TAR negado pela ANTT: Ainda em agosto de 2024, a Transbrasiliana teve negado o pedido para habilitação do TAR (Termo de Autorização de Serviço Regular), necessário para operar linhas regulares interestaduais, sob o Novo Marco Regulatório do TRIIP.
- Avaliação patrimonial: O próximo passo será a arrecadação e avaliação dos bens do grupo para liquidação.
- Suspensão de ações judiciais: A suspensão de todas as execuções contra as empresas permitiu a centralização do processo de falência.
Mas, para saber sobre mais detalhes sobre outros casos de falências, clique aqui*.
Considerações finais:
Em suma, o Grupo TTT, um dos maiores conglomerados de transporte rodoviário do Brasil, teve sua falência decretada em dezembro de 2024.
Após anos de dívidas crescentes, acusações de má gestão e tentativas fracassadas de recuperação judicial, a empresa não conseguiu se recuperar e teve suas operações paralisadas.
A decisão judicial encerra um longo processo marcado por disputas e incertezas, impactando milhares de trabalhadores, credores e usuários dos serviços da empresa.