A Fazenda “mais conectada” mantém distância do público e aposta no formato arcaico
20/09/2018 às 23h15
A Fazenda 10 foi apresentada pela Record como uma edição cujo conceito era a conectividade, carregando consigo uma pegada moderna, que prometia estar cada vez mais sincronizada com os meios digitais. Seria a temporada de maior alcance, se toda essa definição não passasse de uma propaganda enganosa.
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O público não precisou de mais que dois dias completos para perceber que a interatividade não passava de mais do mesmo, apenas com enquetes sem conteúdo, beirando a arcaicidade. Mais uma vez, o mesmo público foi deixado de lado, sendo colocado em uma situação passiva, sem poder de decisão ou participação direta no programa.
Julgando pelos três primeiros dias, a interação foi tão primitiva quanto à do programa Você Decide, primeiro programa que revolucionou a relação entre o público e a TV nos anos 90, ou quanto à votação que a Globo promovia para que os telespectadores escolhessem entre duas opções de filme para o Corujão há alguns anos.
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Mesmo com a ascensão dos aplicativos via streaming, A Fazenda continua dependente da programação carente e minguada da Record para sobreviver e para ‘mendigar’ a audiência de pessoas cujos interesses são divergentes e quase opostos aos do reality show.
Sua plataforma digital não supre as necessidades da reduzida parcela do público que paga [caro] para ter acesso ao conteúdo exclusivo. Muito menos as dos telespectadores em geral.
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A produção age de maneira mesquinha ao restringir o conteúdo ao vivo de um reality show, vetando as informações relevantes e, consequentemente, todas as possibilidades de mídia espontânea nas redes sociais, destruindo as chances de compartilhamento.
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Fatos marcantes como brigas e discussões são mantidos sob sigilo por mais de vinte e quatro horas, com o único objetivo de garantir a edição do dia seguinte e gerar uma falsa expectativa no público, que mais uma vez, é tratado como um agente passivo da boa vontade da emissora em levar ao ar apenas o que lhe convém.
A não tão recente briga entre Ana Paula e Evandro Santo teve a repercussão reduzida e limitada aos boatos e rumores sobre o seu real motivo. O conceito de reality show foi abandonado e as imagens, em mais uma temporada, têm servido de acervo para que a direção ganhasse mais tempo para montar a sua “novela da vida real”.
Falta agilidade na edição, que não leva ao ar as imagens em ordem cronológica dos acontecimentos, mantendo um ritmo exaustivo e correndo o sério risco de transformar o show de realidade em algo superficial, fake, irreal, e cada vez mais distante do público, destruindo assim todo o conceito de conectividade vendido na sua campanha de divulgação.
Diferente do BBB, da Globo, o programa da Record troca a repercussão em tempo real, durante 24 horas, por uma restrita, nos limitados sessenta minutos da edição.
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