A Foca e a Fo-Foca – Por Arthur Vivaqua

23/08/2012 às 19h08

Por: TV em Foco
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Conta-se a história de um jovem extremamente gago, que, necessitado de uma ocupação (e incapaz de ser professor), decidiu ser pescador.

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Em sua primeira viagem como profissional, o capitão do navio ordenou que atracassem numa ilha para que alguns reparos fossem realizados na embarcação.

Ao jovem marinheiro, restou a mais indigna das tarefas: Preparar uma montanha de peixes para o jantar.

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Inexperiente e entediado, o gaguinho, em bom português, mandou brasa: Comeu a grande maioria dos peixes enquanto seus companheiros trabalhavam.

Após o banquete particular, sua mente voltou a funcionar e ele começou a temer as consequências.

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Justamente naquele momento, o capitão entrou na cozinha e, ao ver que nada estava pronto, gritou:

– Onde estão os peixes, moleque?

Desesperado por uma solução, o gago acusou o primeiro animal que lhe veio à mente:

Foi a fo-foca!

Surgia então a palavra que daria origem a um dos mais lucrativos Mercados do Século XXI.

 

 

***

OK OK, é brincadeira.

A palavra “fofoca” não surgiu por causa do gago e da foca.

Ela tem origem africana, deriva da expressão fuka, que significa “remexer, futucar”.

 E é exatamente isso que ela faz.

A fofoca vai até onde gostaríamos de chegar mas não teríamos coragem de ir.

No Brasil, seu expoente atende pelo nome de Nelson Rubens.

(Uma fofoca: Dizem que seu salário nunca atrasa)

Aquele que aumenta, mas não… in-inventa.

Nelson e seu TV Fama foram, de certa forma, pioneiros da “glamourização” da fofoca.

Falar da vida alheia deixava de se tornar coisa de calçada e virava atração de palco com direito a cenário dourado, moças bonitas e apresentador de terno italiano.

E é justamente aqui (no terno do Nelson e no histórico do seu computador) que reside a questão:

Por que falar da vida alheia se tornou nosso papo predileto?

Odiamos a fofoca, mas somos viciados nela.

Pior: Introduzimos a fofoca nas áreas mais íntimas de nossa vida.

Talvez não liguemos para o casamento do Zezé di Camargo, mas certamente que já “fukamos” o Facebook de alguém.

Não que leiamos a Caras, mas bem que gostamos de saber das “peripécias” do pessoal da Veja.

Você pode não assistir ao TV Fama mas o sustenta quando concede fama à TV.

Percebe esta dura realidade?

Somos fofoqueiros.

Ingloriosamente “futuqueiros”.

Vergonhosos “remexedores” daquilo que nos interessa.

[quote]Alguém um dia disse: “Os mudos são os piores fofoqueiros, pois não dizem o que pensam.”[/quote]

OK OK, te peguei.

E, por favor, não tente culpar a foca.

Se quer saber, ela nem orelhas tem.

Fomos nós quem devoramos os peixes da privacidade…

 

Twitter: @ArthurVivaqua

E-Mail: [email protected]

 

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