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Vi muita personalidade perdendo a vida em acidentes relacionados com seu trabalho. Indo às alturas, gente que batalhou tanto, que deixou sua infância, irrecuperável, para atingir seu máximo artístico, também deixou de lado algo ainda mais irrecuperável: a vida.
Quem esqueceu Jessé, pura sensibilidade, João Paulo, outra linha, mas igualmente admirado, os amalucados Mamonas não podem ser esquecidos. Há outros tantos artistas, muitos ainda com vida, felizmente, porém sem condições de seguir com sua arte. Shaolin, Osmar Santos e Gerson Brenner são exemplos inesquecíveis.
O artista precisa entender que há algo poderoso e irreparável que é sua vida. É impressionante vermos a quantidade enorme de shows feitos por essas pessoas. Dois, três por noite. Alguns precisam usar drogas para suportar tal carga. São pessoas motivadas e alavancadas pela motivação de se público, o fazendo, assim, indo além do que seria suportável.
Imagine você, leitor, ter milhares de pessoas elogiando seu trabalho, logo estaria incentivado para se superar, saindo, assim, da realidade do seu corpo, de suas capacidades, limites. Michael Jackson, mesmo com dores enormes, diante das dívidas e de sua vontade de estar diante do público, embotou sua vida.
Há uma medida, velocidade, esforço próprio para qualquer ser humano. Ir além, motivado por seu dom especial e por milhares de fãs inocentes, mas que alavancam ilusões fúteis, precisam ser reavaliados pois todos nós queremos continuar com esses ídolos capacitados para nos levar alegrias e paixões.
Há algumas semanas, o Brasil perdeu um grande violonista, Arthur Bonilla, pai de uma amiga de minha filha. Assim, essa dor de perdermos um artista, foi mostrada para mim pelo viés familiar. É um lado que os leitores imaginam, mas, garanto, é muito pior quando vivido pessoalmente. Perder alguém pela fatalidade, ver uma criança com 12 anos tendo que conviver com a ausência de um pai com apenas 34 anos, sentir essa dor, revela que nada, absolutamente nada justifica o risco vivido por essas pessoas. Por eles e nós.
Quando dermos uma pisada maior no acelerador, quando artistas quiserem aumentar sua conta bancária, convém lembrarmos de gente tão importante para seu público e que, se antes servia de exemplo para nos aproximar do lado sensível e bom da vida, hoje, infelizmente, servem para, pelo menos, nos mostrar o quanto somos frágeis. Frágeis e importantes.
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