“A Lei do Amor” começou a ser escrita há mais de dois anos; “Mais de vinte personagens em um dia”, diz autor

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Pedro (Chay Suede) em "A Lei do Amor" (Foto: Globo/Chico Couto)

Pedro (Chay Suede) em ‘A Lei do Amor’
(Foto: Globo/Chico Couto)

O amor pode ter várias faces e definições, mas será sempre uma lei essencial, um sentimento que nos move desde o início da humanidade. Em ‘A Lei do Amor’, o casal Helô (Isabelle Drummond/ Claudia Abreu) e Pedro (Chay Suede/ Reynaldo Gianecchini) é a personificação romântica deste sentimento, do tipo de amor que resiste ao tempo e às adversidades.

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“A novela é uma história de amor em todas as suas formas: paixão, amor romântico, amores passados, amores que morreram ou se transformaram. Os que se quebraram. Os que foram vividos precariamente ou nunca chegaram a ser vividos”, define Maria Adelaide Amaral, que assina com Vincent Villari ‘A Lei do Amor’, nova novela das nove, que estreia nesta segunda-feira (03), com direção artística de Denise Saraceni.

Existem aqueles que são obstinados pelo poder, que põem em foco a ganância, a vingança ou a inveja. O confronto destes sentimentos norteia a história da família Leitão, a mais poderosa da fictícia São Dimas. É uma família cheia de nuances, que guarda muito segredos. Um deles, crucial, mudará definitivamente o destino do patriarca Fausto Leitão (Tarcísio Meira). “É uma novela sobre os laços que construímos e as escolhas que fazemos para ocupar o tempo de existência que a natureza nos concedeu. Família, amigos, amores românticos. Dinheiro, poder, sucesso. O que realmente importa?”, pontua Vincent Villari.

A diretora Denise Saraceni com Pedro (Reynaldo Gianecchini) e Helô (Claudia Abreu)
(Foto: Globo/Ramón Vasconcelos)

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Maria Adelaide Amaral conheceu Vincent Villari quando ele era praticamente um adolescente. “Tinha 17 anos e já era um talento”, lembra Adelaide. Na época, ele tinha feito a oficina de autores da Globo e foi convidado para ser colaborador em ‘Anjo Mau’. Logo em seguida, fez com ela ‘A Muralha’, ‘Os Maias’ e ‘A Casa das Sete Mulheres’. Depois trabalhou em três novelas com João Emanuel Carneiro. “E, em ‘TiTiTi’, entreguei a ele o que nunca fiz com ninguém: a escaleta de uma novela. Quem me conhece sabe que esse é um ato de confiança. Dividir a autoria de ‘Sangue Bom’ foi consequência natural e justa da trajetória que trilhamos juntos”, comenta a autora, que agora divide novamente com ele a assinatura de uma novela.

Jornalista, escritora e dramaturga, Maria Adelaide é portuguesa da região do Porto. Mas foi em São Paulo que passou a maior parte de sua vida. Foi escriturária e bancária, antes de iniciar sua carreira de jornalista e escritora. Em 1970, entrou na Abril Cultural, onde trabalhou como pesquisadora e redatora até 1986. Estreou como autora de teatro em 1974, com a peça ‘Resistência’, inspirada no corte de funcionários de uma empresa em São Paulo. Escreveu mais de 14 obras para o teatro, entre as quais: “Bodas de Papel”, ‘Chiquinha Gonzaga’, ‘De Braços Abertos’ e ‘Querida Mamãe, todas vencedoras do prêmio Moliére de melhor autor nacional. E, em 1986, “Luíza, quase uma história de amor” foi contemplado com o prêmio Jabuti na categoria de melhor romance nacional.

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Começou a escrever para TV na Globo, em 1990, como colaboradora de Cassiano Gabus Mendes na novela ‘Meu Bem Meu Mal’. Com 26 anos de carreira na TV e 74 de vida, é autora de minisséries como ‘Os Maias’, ‘A Casa das Sete Mulheres’, ‘Dalva e Herivelto’ e ‘JK’, além de muitas novelas.

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Também jornalista de formação, o paulistano Vincent, de 38 anos e 21 de carreira, é autor também de quatro livros. Entre eles, “Teletema”, escrito com Guilherme Bryan, sobre a história da música brasileira através das trilhas da teledramaturgia nacional.

Vincent Villari e Maria Adelaide Amaral no lançamento de ‘A Lei do Amor’
(Foto: Globo/Marcos Rosa)

‘A Lei do Amor’ por Maria Adelaide Amaral

O amor em todas as suas formas: paixão, amor romântico, amores passados, amores que morreram ou se transformaram. Os que se quebraram. Os que foram vividos precariamente ou nunca chegaram a ser vividos. Amor à família, amor às árvores: seus frutos e sua sombra. Amor à água e a todas as fontes de vida. Amor à própria história e a cada um que a teceu. Amor aos laços, aos fios que se entrelaçam e nos entrelaçam. Amor àquilo tudo que une e que nos une: amizade, fraternidade, solidariedade, compaixão. Esse é o espírito da novela ‘A Lei do Amor’.

Enquanto os personagens mais positivos e solares se movem pelo amor, o que mobiliza seus antagonistas é a cobiça, a ganância, a avidez de poder (e de onipotência), o desejo de posse desenfreada (de pessoas e coisas). E, como bons vilões, eles desfilam (alguns até com alguma culpa), seus pecados capitais: a soberba, a arrogância, a prepotência, o desamor, a cegueira seletiva (só veem o que interessa e quem interessa), a indiferença, a inconsequência. Naturalmente, sempre justificados pela sua história e suas motivações.

E, como são muitas as formas de amar, algumas começamos a exercer antes de ‘A Lei do Amor’ ir ao ar. A paixão com que escrevemos e tecemos a trama da novela.  A parceria com a Denise (Saraceni), antiga e profícua. O cuidado na escolha dos atores, das músicas, dos colaboradores. Da equipe (e são muitas as equipes). Cada capítulo é fruto do talento, da criatividade, do trabalho árduo, do empenho (em sempre fazer cada vez melhor), da paixão de cada um de nós e de cada equipe de direção, produção, cenografia, figurino, iluminação, das centenas de profissionais que transformam em realidade a ficção que criamos. E somos gratos a todas essas pessoas por mais esse ato de amor.

‘A Lei do Amor’ por Vincent Villari

‘You have to give a little. Take a little. Let your poor heart break a little. That’s the story of, that’s the glory of love’. Foi ao som desta canção da década de 1930 que eu ninei os personagens que haviam acabado de nascer. E foram mais de vinte nascimentos em um único dia: 08 de março de 2014. Foi quando a Adelaide me chamou para escrevermos uma sinopse. A novela estreia em outubro de 2016, no horário das nove, e nestes dois anos e meio os personagens amadureceram, evoluíram e tiveram tempo e oportunidade de se impor e dizer, para a Adelaide e para mim, a história que eles desejavam contar. Parece frase de efeito, mas quem trabalha com criação sabe que é exatamente assim que as coisas funcionam.

Nosso protagonista, Pedro, é um navegante, um velejador. Entre os velejadores, existe um inquebrantável código de solidariedade: todos se ajudam e se amparam, pois, ainda que cada qual tenha a sua trajetória, não é fácil sobreviver diante das imposições da natureza – que, embora nos alimente, é soberana e só acolhe quem se adapta a ela. Intuitivamente, Adelaide e eu sabíamos que o espírito do Pedro representava conceitualmente o espírito de toda a história. A presença da natureza externa influindo na nossa natureza interna. As formas que encontramos de sobreviver e viver em união. A convicção de que auxiliar a trajetória do outro torna mais fácil e prazerosa a nossa própria trajetória. Alguns chamam isso de “bem”. Outros, de “amor”.

Nascemos sem saber por que, morremos sem saber quando e buscamos atravessar o breve período de consciência entre um ponto e outro do modo menos doloroso possível. Creio que o melhor recurso para preencher o tempo de nossa existência são os afetos. Afetar e se deixar ser afetado. A diferença que faremos na vida dos outros, e a que os outros farão na nossa. O amor que somos capazes de sentir e de receber. Give a little. Take a little.

Como cenário para esta delicada teia de relações humanas, temos a natureza e suas águas, suas árvores, seus frutos e flores, o calor do sol. Parte dos personagens busca a integração – com a natureza, com as outras pessoas – por sentir que fazer parte de um todo os torna maiores e mais fortes. Outros personagens, possivelmente mais angustiados, preferem se sobressair solitariamente, acumulando, dissimulando, colocando-se acima dos outros numa tentativa de serem vistos por mais gente, de serem maiores que a própria natureza. No fundo, eles não sabem, mas também desejam amor. O problema é que nada do que recebem e possuem satisfaz ou preenche o vazio interior gerado por esta angústia – e, sendo assim, eles também nada têm a dar. Alguns destes personagens conseguirão ser afetados ao longo da história. Outros, infelizmente, não terão a mesma sorte. Assim é a vida.

Esta é uma novela sobre os laços que construímos e as escolhas que fazemos para ocupar o tempo de existência que a natureza nos concedeu. Família, amigos, amores românticos. Dinheiro, poder, sucesso. O que realmente importa? Que diferença cada um de nós pode fazer na vida dos outros e do ambiente que será a base para a construção da nossa história (e de todas as nossas histórias)? Esperamos que nossos personagens encontrem as melhores respostas. Respostas que inspirem e despertem o que há de mais positivo não apenas no público espectador, mas também em nós, que escrevemos. Give a little. Take a little. Com vocês, A Lei do Amor.

Autor(a):

Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.

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