“A Máquina” de revelar gente: Fabrício Carpinejar

  

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Eu estava no primeiro andar da livraria Cultura. Do térreo ouvi alguém me chamando e rompendo o silêncio costumeiro de lugares assim, era Fabrício Carpinejar. Chamar não é nada, para mim a livraria parou de vez e nos encarou, não para pedir silêncio mas para sincronizar com o jeito diferente do grande poeta se comportar.

De lá para cá, 3 livros foram lançados, com a morte de Moacyr Scliar, Carpinejar o substituiu em um jornal de grande circulação do Rio Grande do Sul, vieram programas de rádios e, agora, lá para as bandas de São Paulo, Fabrício gazeteia.

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Somente ele poderia romper com as estruturas dos talk shows. Ninguém mais apropriado. Longe de tentar nos fazer rir, de debochar dos músicos, de demonstrar superstição ao levantar a perna sempre que recebe um convidado como faz Gentili, o poeta avança o sinal em seu programa. Torce a roupa até último pingo e ainda a coloca no Sol por via das dúvidas. O convidado deve sair do estúdio com a vontade de buscar seu eu verdadeiro que ficou ali estirado. Revelado.

“A Máquina” não é um programa de cultura, onde trechos de russos são declamados, não causa estranheza em quem pouco lê, sequer esmiuça grandes temas, fato esperado por quem é filho de Maria Carpi e Claudio Nejar. Ele simplesmente extrai do entrevistado suas ideias mais puras, sua verdade mais interessante, seu jeito que o deixa sem jeito.

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Como na livraria, onde expôs toda sua vontade em encontrar pessoas, Fabrício permite o encontro do entrevistado consigo. E isso é muito prazeiroso e diferente em se tratando de talk show.

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Autor(a):

Colunista do TV Foco desde fevereiro de 2011. Acesse o perfil deste colunista no link abaixo:

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