Sangue Bom e a metalinguagem
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É dureza atrair o público. Falam sobre o brasileiro não perceber os detalhes nas novelas e seriados, mas o que vemos são emissoras precisando ampliar a qualidade para manter o público sintonizado. Isto quer dizer que os telespectadores percebem, sim. Aqui no TV Foco mostramos alguns destes esforços: a iluminação é projetada das laterais ou acima do ator, criando uma fisionomia sombreada e com mais movimento, a escolha dos artistas é outro ponto suado durante a pré-produção, visto faltar carisma na maioria, em um banco de dados com 15 mil pessoas raros são os capacitados para cativar naturalmente o público.
Depois vem o roteiro; precisa ser abrangente, a quantidade de personagens deve ser adequada para haver vínculo sentimental com o telespectador, frases rápidas, cenário colorido, cenas curtas para dar tempo da pessoa entender o que se passa na novela e ainda atender o fone, a porta, os filhos na sala. Não pode baixar muito o nível pois a classe instruída precisa de atenção, também não pode filosofar demais para não dar sono nos menos atentos. Complicado, mesmo!
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Em “Sangue Bom” os autores Maria Adelaide Amaral e Vicente Villari acrescentaram um elemento perigoso: a metalinguagem. Nela, o texto pode atacar a própria Globo, programa ou artista onde está sendo representado. Aí a coisa pega. Quer exemplo prático desta forma? Você tem uma lancheria e quer divulgar a promoção do dia, escreve no Facebook da sua loja:”Venha logo provar o folhado por 1 real. Não demore, vá que fique vencido!”. Metalinguagem é isso; é você mirar onde normalmente não deveria; é falar até mesmo sobre a instituição onde trabalha.
Um trecho ajudará a entender melhor o que é a metalinguagem. Quando se referiu às sub-celebridades, a autora escreveu: “As pessoas estão cheias destes balões cheios de nada”. É o quase despencar no precipício. Dependendo, o telespectador pode julgar que a Globo é feita de subcelebridades e rebaixar sua impressão sobre a rede. Pode provocar desconfortos nos setores. É um risco que só corre quem confia no seu taco! E a autora sabe muito bem como sair vitoriosa desta jogada! Agora, que vai dar muita briga e gente com cara feia, vai!
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Maria Adelaide Amaral
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Texto: Cleomar Santos Twitter: @tvfococolunista