Amor e Ódio – Por Arthur Vivaqua

 

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Barra Funda, 23 de junho de 2012

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Cara Rede Globo,

 

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Venho por meio desta eminente epístola expressar minha…

Espere! Esqueça essa primeira linha.

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Acho que já somos íntimas o suficiente para abrir mão do vocabulário formal, não é?

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Estou escrevendo esta carta para desabafar.

Cansei de sofrer calada. Cansei de sorrir quando queria chorar.

Escrevo para te dizer que odeio você.

Odeio-a com toda a força dos meus dólares.

Odeio seu monópolio.

Odeio seu domínio.

Odeio sua essência.

Essência.

Essa palavra mexe comigo.

Em busca da sua, perdi a minha.

Queria te superar, mas tive medo e precisei te imitar.

Lidar com você é como odiar brócolis mas ser obrigada a admitir que ele faz bem a saúde.

Você é…

Não acredito que direi isso, mas…

Você é tudo que não sou!

E eu errei ao tentar ser você.

Critiquei sua Altivez, esquanto me enchia de Orgulho.

Declarei Guerra, mas fui ferida por minha própria espada.

Investi tanto suor na construção muros e chorei ao descobrir que havia destruído minhas pontes.

Posso te imaginar sorrindo ao ler isso.

Maldita! Não pense que foi você quem me derrubou!

Eu é que tropecei em mim mesma.

Errei.

E, pior, não admiti.

 

 

Conquistei um pouco do seu patrimônio mas esqueci de reaplicá-lo e torná-lo meu.

Fui como uma abelha que muito trabalhou mas não desfrutou do próprio mel.

(Quer ouvir uma rima?)

É com muita dor que admito ter sido sua inimiga de aluguel.

Olhei para o Alvo, mas me esqueci do Espelho.

E agora cá estou, assombrada por um inimigo que pensei estar morto.

Trêmula, perdida, assustada…

Mas, ainda assim, resignada.

Essa carta não é uma bandeira branca.

(Você gostaria que fosse, não é?)

Eu até poderia recomeçar do Zero e buscar minha própria identidade.

Seria um bom plano.

Ao contrário do que alguns pensam, não sou tola.

Mas sou teimosa e não o farei.

Enquanto houver estrada eu avançarei, mesmo sem faróis.

Estou perdendo, mas ainda creio que posso ganhar.

Te odeio.

Mas temo que no fundo eu te ame.

E é nutrida por esse sentimento, seja ele Ódio ou Amor, que eu irei atrás de você para onde você for.

Gemendo, porém acenando.

Ferida, porém bradando.

Perplexa, mas me recusando a parar de lutar.

Ufa! Estou aliviada, foi bom desabafar.

Ao terminar de ler, rasgue esta carta.

E nada de truques, pois se você mostrar a alguém eu digo que você a falsificou.

 

(In)Grata,

Rede Record

 

Twitter: @ArthurVivaqua

E-Mail: arthurvivaqua@yahoo.com.br

 

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