Amora Mautner é a diretora da nova produção global A Dona de Pedaço
Amora Mautner estreou na TV Globo em 1995, como assistente de direção de ‘Malhação’. Depois vieram ‘Salsa e Merengue’ (1996), ‘Anjo Mau’ (1997), ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ (1998), ‘Labirinto’ (1998) e ‘Andando nas Nuvens’ (1999). A partir daí, assumiu o posto de diretora nas obras: ‘O Cravo e a Rosa’ (2000), ‘Um Anjo Caiu do Céu’ (2001), ‘Desejos de Mulher’ (2002), ‘Agora É Que São Elas’ (2003), ‘Celebridade’ (2003), ‘Mad Maria’ (2005), ‘JK’ (2006), ‘Paraíso Tropical’ (2007) e ‘Três Irmãs’ (2008).
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‘Cama de Gato’ (2009) marca a sua estreia na direção-geral de novelas. Depois disso, vieram ‘Cordel Encantado’ (2011), ‘Avenida Brasil’ (2012) e ‘Joia Rara’ (2013), que conquistou o 42º Emmy Internacional, em 2014. A diretora também esteve à frente das séries: ‘As Cariocas’ (2010), ‘Eu Que Amo Tanto’ (2014) e ‘Assédio’ (2018). ‘A Regra do Jogo’ (2015) foi o primeiro trabalho como diretora artística na Globo.
ENTREVISTA COM A DIRETORA ARTÍSTICA DE A DONA DO PEDAÇO
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Qual a sua expectativa para A Dona do Pedaço, trabalhando ao lado de Walcyr Carrasco?
Amora Mautner: “Walcyr é um autor muito amplo. Escreve, traduz livros, faz peças, vai na estreia e escreve essa novela, que eu estou considerando maravilhosa. Não consigo parar de ler. Estou muito feliz de ter a chance de estarmos juntos porque ele tem uma unicidade, se comunica com todo o Brasil de uma forma muito específica. Sabe o que o público gosta. É uma sorte para quem trabalha com ele porque é como se ele ouvisse e trouxesse isso para perto da gente. Leio as cenas e me emociono, projeto no público e penso: ‘não tem como não se emocionar com isso’. Estou feliz com a oportunidade de ter esse texto nas mãos”
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Como será a linguagem e a estética escolhida para A Dona do Pedaço?
Amora Mautner: “Fomos para uma estética mais pop no sentido de ter brilho, cor e alegria. A forma que vem, desde a fotografia, paleta de cores até as texturas, a volumetria, eu comecei a pensar a partir do tom e da dramaturgia que tem ali. Como a história é de esperança, felicidade, otimismo, luta – principalmente no início por causa da história das duas famílias rivais –, traduzimos isso em imagem com uma estética mais épica, realista em alguns momentos. É uma novela realista, cotidiana, mas tem um tom épico, que está na natureza dos personagens. A Maria da Paz (Juliana Paes), quando sai do interior e vai para São Paulo, tem uma trajetória de uma grande heroína. Isso já é em si algo épico”
Quais foram suas principais referências?
Amora Mautner: “Minhas referências foram os filmes de melodrama. Tem um diretor que se destaca entre todos os maravilhosos, que são muitos, que é o Douglas Sirk. Revi todos os filmes dele, com foco na dinâmica do melodrama para entender o tom, com a intenção de trazer isso para hoje em dia. Porque o melodrama desta época a que me refiro é um pouco mais antigo. Estamos tentando achar esse tom para que o público receba essa novela e se emocione diariamente”
Em A Dona do Pedaço, a gente vai ter personagens fortes e determinadas como a Maria da Paz, por exemplo. É uma novela da Globo onde o feminino tem protagonismo, certo?
Amora Mautner: “Essa novela é bem contemporânea e moderna. Walcyr é um autor que carrega essa marca. Ele é muito conectado e traz isso para o texto e para o público. Nesse momento, a gente tem uma novela especialmente feminina, com força, com potência. Temos uma heroína que vai à luta pelo que quer, com bons valores, com bondade no coração e vence. Além disso, é uma novela que começa no matriarcado. Na família dela, a grande chefe é a Dulce, que está sendo interpretada por Fernanda Montenegro, nossa sacerdotisa das artes. É uma honra à parte trabalhar com ela”
A novela da Globo foi gravada no interior do Rio Grande do Sul e em São Paulo. O que foi determinante para a escolha dessas cidades? Gravar em diversas locações traz mais realismo para o espectador? O que isso agrega de positivo do ponto de vista da direção?
Amora Mautner: “Locação é fundamental para tudo porque contextualiza de uma maneira muito orgânica o que está acontecendo. Não só do ponto de vista do que representa em imagem, mas também da atuação dos atores que estão respirando e sentindo aquela outra atmosfera. Vemos os hábitos reais, a parede real, ela tem vida, textura, chão. Escolhemos o Sul também porque essa região tem um céu muito baixo, sem nada obstruindo. Então, ele “morre” muito embaixo. Queria ter isso para poder fazer uns landscapes (composição de imagens) épicos e trabalhar o matte painting, uma técnica de computação na qual a gente usa colagens de imagens reais. É como se a gente pegasse pedaços perfeitos de uma imagem real, como céu ideal, o mar ideal e a montanha ideal, e colasse tudo numa imagem que não existe. Para isso, preciso ter uma área grande, ampla, para o Tony Cid, supervisor de efeitos especiais, um artista talentoso que está comigo nessa novela, poder atuar. Precisamos ter uma natureza real para poder fazer essas colagens e chegar à imagem ideal. Também fomos em busca de uma luz mais filtrada para fazer a nossa paleta de temperatura e de luz”
Sobre a trilha sonora, teremos grandes destaques, algumas regravações… O que você pode nos falar sobre isso?
Amora Mautner: “A abertura vai ser uma regravação de “Está Escrito”, interpretada por Xande de Pilares. A trilha sonora traz um conceito popular conversando com western contemporâneo e indie, além de trilha original produzida por Eduardo Queiroz, que assina a produção musical. Também teremos versões originais e outras novas para músicas como “Cheia de Mania” e “Evidências”, sendo a última o tema do casal Amadeu e Maria da Paz. Acho que vai ficar muito legal. Estamos muito felizes. É uma novela que, também na trilha sonora, traz otimismo. Mesmo tendo essa coisa de sofrimento, tem uma esperança no fim”
O que o público pode esperar de A Dona do Pedaço?
Amora Mautner: “As pessoas vão poder ver um folhetim humano, cheio de reviravoltas, com emoção, mensagens positivas”, pontuou a entrevista que concedeu a Globo.