Maior emissora da América Latina, a TV Globo pode estar prestes a entrar em uma nova polêmica, dessa vez envolvendo uma suposta parceria do canal com os procuradores da força tarefa da Lava Jato e com o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça Sergio Moro. Pelo menos foi o que deu a entender o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador e editor-chefe do site “The Intercept Brasil”, responsável por recentes reportagens que caíram como uma bomba no centro político do país: Brasília.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em recente entrevista à Agência Publica, Glenn Greenwald comentou a repercussão das reportagens veiculadas na tarde do último domingo, 09, no The Intercept Brasil, que trouxe supostas conversas entre Sergio Moro e o procurador Deltan Dellagnol, que teriam agido em conluio para prender o ex-presidente Lula.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Para Glenn Greenwald, depois das matérias publicadas no The Intercept Brasil ele disse achar que, “com exceção da Globo, a grande mídia está reportando o material de forma mais ou menos justa, com a gravidade que merece”.
LEIA TAMBÉM!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
● Arrebentaram o armário: 3 galãs mais lindos da Globo que se assumiram gays ao Brasil e você nem sabia
● Globo, Record e Band atingidas: Fim de sinal vital das 3 emissoras de TV aberta é confirmado para 2025
● Âncora da Globo vai aos prantos ao vivo, abandona jornal e vai parar em hospital às pressas: “Eu vou sair”
Casado com o deputado federal do PSOL-RJ David Miranda, Glenn Greenwald é um jornalista reconhecido internacionalmente, vencedor do prêmio Pulitzer, o Oscar do jornalismo, pelas reportagens do caso Snowden. Radicado no Brasil, o comunicador não foi taxativo sobre em qual deve ser os próximos passos referente às matérias a serem veiculadas no The Intercept Brasil, mas ele dá como certa a parceria entre a Globo e a Lava Jato. “A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e da Lava Jato”, afirmou.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“É incrível porque, para mim, o tempo todo, a grande mídia não estava reportando sobre a Lava Jato, ela estava trabalhando para a Lava Jato. Com uma exceção que é a Folha de S. Paulo. A Folha, para mim, manteve uma distância, uma independência, estava criticando, questionando… Mas a Globo, Estadão, Veja, o tempo todo estavam simplesmente recebendo vazamentos, publicando o que a Força Tarefa queria que eles publicassem. Mas, na realidade, preciso falar que depois de publicar o que publicamos, acho que com uma exceção, que é a Globo, a grande mídia está reportando o material de forma mais ou menos justa, com a gravidade que merece”, disse Glenn Greenwald.
Ao ser questionado pelo repórter de A Pública se nos documentos “que vocês ainda estão trabalhando vão aponta uma relação mais próxima da Globo nesse processo com Dallagnol e Moro”, Glenn Greenwald respondeu: “Eu não posso falar muito sobre os documentos que ainda não publicamos porque isso não é responsável. Precisa passar pelo processo editorial mas, sim, posso falar que exatamente como disse hoje, a Globo foi para a Força Tarefa da Lava Jato aliada, amiga, parceira, sócia. Assim como a Força Tarefa da Lava Jato foi o mesmo para a Globo”.
+ Bruna Marquezine deixa jornalista incrédula ao ser questionada sobre acusação de estupro de Neymar
A Globo, por meio de sua assessoria de imprensa, criticou a postura de Glenn Greenwald e revelou que ele chegou a procurar a emissora para exibir as denúncias sobre a Lava Jato. Confira a nota na íntegra abaixo.
“Glenn Greenwald procurou a Globo por e-mail no último dia 29 de maio para propor uma nova parceria de trabalho. Em 2013, a emissora já havia dividido com ele o trabalho sobre os documentos secretos da NSA referentes ao Brasil. Uma parceria que mereceu elogios dele pela forma como foi conduzido o trabalho.
Greenwald ficou ainda mais agradecido por um gesto da Globo. Nas reportagens que a emissora divulgou, em algumas frações de segundo era possível ver nomes de funcionários da agência americana, que não trabalhavam em campo, mas em escritório. Mesmo assim, tal exposição poderia levá-lo a responder a um processo em seu país natal, os Estados Unidos. A Globo, então, assumiu sozinha a culpa, declarando que, durante a realização da reportagem, Greenwald se preocupava sobremaneira com a segurança de seus compatriotas. Tal atitude o livrou de qualquer risco.
Ao e-mail do dia 29 de maio seguiram-se alguns telefonemas na tentativa de conciliar agendas (ele estava viajando) para um encontro, finalmente marcado. Ele ocorreu na redação do Fantástico no dia 5 de junho. Na conversa, insistindo em não revelar o tema, ele disse que tinha uma grande “bomba a explodir” e repetiu que queria voltar a dividir o trabalho com a Globo, pelo seu profissionalismo. Mas, antes, gostaria de saber se a emissora tinha algo contra ele, sem especificar claramente os motivos da pergunta, apenas dizendo que falara mal da Globo em algumas ocasiões. Provavelmente se referia a um artigo que seu marido, o deputado David Miranda, do PSOL, tinha publicado no Guardian com mentiras em relação à cobertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O artigo foi rebatido por João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, fato que deu origem a comentários desairosos do próprio Greenwald.
Na conversa de 5 de junho, ele afirmou que “tudo estava no passado”. Prontamente, ouviu que jamais houve restrição (de fato, David Miranda já foi inclusive convidado para entrevista em programa da GloboNews). Greenwald ouviu também, com insistência, por três vezes, que a Globo só poderia aceitar a parceria se soubesse antes o conteúdo da tal “bomba” e sua origem, procedimento óbvio. Greenwald se despediu depois de ouvir essa ponderação.
A Globo ficou aguardando até que, na sexta-feira à tarde, Greenwald mandou um e-mail afirmando que não recebeu nenhuma resposta da Globo e que devia supor que a emissora não estava interessada em reportar este material. Como Greenwald, no e-mail, continuava a sonegar o teor e origem da “bomba”, não houve mais contatos. Não haveria como assumir qualquer compromisso de divulgação sem conhecimento do que se tratava.
No domingo, seu site, o Intercept, publicou as mensagens atribuídas ao ministro Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, assunto que mereceu na mesma noite destaque em reportagem de mais de cinco minutos no Fantástico (e depois em todos os telejornais da Globo).
Na segunda, uma funcionária do Intercept sugeriu que o programa Conversa com Bial entrevistasse um dos editores do site para um debate sobre jornalismo investigativo. Como o próprio site anunciou que as publicações de domingo eram apenas o começo, recebeu como resposta que era conveniente esperar o conjunto da obra, ou algo mais abrangente, antes de se pensar numa entrevista.
Por tudo isso, causam indignação e revolta os ataques que ele desfere contra a Globo na entrevista publicada na Agência Pública. Se a avaliação dele em relação ao jornalismo da Globo e a cobertura da Lava-Jato nos últimos cinco anos é esta exposta na entrevista, por que insistiu tanto para repetir “uma parceria vitoriosa” e ser tema de um dos programas de maior prestígio da emissora? A Globo cobriu a Lava-Jato com correção e objetividade, relatando seus desdobramentos em outras instâncias, abrindo sempre espaço para a defesa dos acusados. O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o caráter dele.”