Apresentadora negra demitida do Vídeo Show vê racismo; Globo se defende

Primeira e única negra a integrar o time de apresentadores do Vídeo Show, Alinne Prado fez um desabafo nas redes sociais nesta quinta-feira (19) e apontou racismo da Globo em sua demissão. “Dói demais ver isso acontecer”, comentou a jornalista sobre a falta de diversidade na atração.

“Não é nada contra as meninas do Vídeo show. Inclusive as sigo e sou fã delas. É contra a colonização do nosso imaginário. Só podemos aparecer na TV se for em situação de subserviência e sofrimento. E sempre como cota. É contra acharmos que não existe racismo. Que tudo isso é mimimi. Enquanto os não negros cruzarem os braços e fecharem seus olhos para isso, continuaremos a ser amordaçados, chicoteados, invizibilizados e mortos. Precisamos de aliados nessa luta. Precisamos de você!”, escreveu Alinne na legenda de uma publicação em seu Instagram em que mostra o print da resposta a uma seguidora (confira o post abaixo).

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“Apesar de ser a primeira negra a sentar na bancada do programa, fui demitida sob a justificativa de que, apesar de gostarem muito do meu trabalho, precisavam de alguém mais ‘neutro’ (sic) do que eu. E como estavam passando por uma crise, eles precisavam enxugar o quadro de repórteres (que depois da minha saída aumentou). Nunca falei disso publicamente, mas me dói demais ver isso acontecer”, disse a ex-apresentadora da Globo em seu desabafo em que responde uma seguidora que comentou sobre a falta de diversidade no programa.

Alinne Prado integrou o Vídeo Show entre 2015 e 2017, em formato de rodízio de apresentadores, após o mau desempenho de Maíra Charken – substituta de Monica Iozzi. Atualmente, a atração é comandada pela atriz Sophia Abrahão e as ex-BBBs Fernanda Keulla e Vivian Amorim (além de Ana Clara).

Essa já é a segunda polêmica por falta de negros que a Globo vê seu nome envolvido este ano. Em maio, a emissora foi criticada pelo “embranquecimento” do elenco da novela das nove Segundo Sol, que é ambientada na Bahia. Na época, a emissora foi notificada pelo Ministério do Trabalho, que pediu explicações e providências.

GLOBO SE DEFENDE
A Globo, por meio de sua assessoria de imprensa, se defende das acusações. “A trajetória de Alinne Prado na Globo por si só mostra que essa acusação não procede. Durante 6 anos, Alinne Prado passou por 4 programas na Globo. E em todos pode atuar em diferentes funções, como repórter ou apresentadora. Alinne entrou em 2011 na Globonews, onde ficou até 2012, quando foi transferida para o Entretenimento da Globo para ser umas das repórteres do programa ‘Encontro Com Fátima Bernardes’. Em 2015, Alinne teve a oportunidade de integrar o time do ‘Vídeo Show’ fazendo reportagens e apresentando o programa, onde permaneceu até 2017. Com os ajustes no Vídeo Show, Alinne ainda foi escalada para trabalhar na equipe de reportagem do ‘Mais Você’, no ano passado, por dois meses. Após essa passagem pelo programa, seu contrato chegou ao fim e não foi renovado, numa dinâmica comum a qualquer outro profissional ou empresa”, disse a emissora em nota enviada ao TV Foco.

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Não é nada contra as meninas do video show. Inclusive as sigo e sou fã delas. É contra a colonização do nosso imaginário. Só podenos aparecer na tv se for em situação de subserviência e sofrimento. E sempre como cota. É contra acharmos que não existe racismo. Que tudo isso é mimimi. Enquanto os não negros cruzarem os braços e fecharem seus olhos para isso, continuaremos a ser amordaçados, chicoteados, invizibilizados e mortos. Precisamos de aliados nessa luta. Precisamos de você!

Uma publicação compartilhada por Alinne Prado com dois N’s (@alinnepradooficial) em 19 de Jul, 2018 às 7:12 PDT