Globo sofre debandada histórica de atores e enfrenta concorrência destruidora
11/12/2018 às 5h24
Se em meados dos anos 2000 a Globo se viu ameaçada com a virada da Record, que começou a investir milhões em teledramaturgia pesada arrebatando em poucas tacadas diretores, atores e até operadores de câmeras com salários altíssimos, nesse final de década, quem aparece investindo muito e conquistando um casting requintado e talentoso é a Netflix.
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Com uma proposta mais ousada e narrativas mais libertárias, rostinhos famosos da Globo, aos poucos, parecem migrar para a plataforma de streaming sem medo de ser feliz. Pelo contrário, mudam com total felicidade.
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O exemplo mais recente é do ator Marco Pigossi. Bonito e talentoso, teve uma ascensão rápida na Globo. Emplacou o Cássio em “Caras e Bocas” com o seu bordão “rosa chiclete”, ficou por mais duas novelas no horário das sete: “Ti-ti-ti” e “Sangue Bom”. Foi parar em “Gabriela” no horário das 23hs. Até protagonizar as novelas das nove, “A Regra do Jogo” (2014) e “A Força do Querer” (2017), que é o produto com maior investimento na emissora.
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Marco Pigossi, antes de sair da Globo, fez uma ótima participação em “Onde Nascem os Fortes”, e disse para a emissora que iria estudar interpretação nos Estados Unidos. Mas ai, parece que a Netflix queria atores especialistas em sereias. Olhou para o portfólio do Marcos Pigossi e viu que ele atuou muito bem ao lado de Isis Valverde, que fazia a destrambelhada sereia Ritinha, dividida entre o empresário chato interpretado pelo Fiuk e o caminhoneiro “marrento” Zeca em “A Força do Querer”.
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Pigossi preencheu todos os requisitos, principalmente o “interpretar em inglês”, que deve ser a parte mais difícil, e foi parar na produção australiana” Tidelands”, que tem a estreia prevista para o dia 14 de dezembro na plataforma da Netflix.
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“Tidelands” aparenta trazer uma proposta mais sombria, misteriosa e sensual sobre as sereias. Diferente da sereia brasileira de Belém do Pará, que era coberta com carimbó e tema romântico de Roberto Carlos. Talvez esse seja a grande isca para a Netflix fisgar os “sereios” brasileiros: Oportunidade do ator diferenciar seus trabalhos sem ficar amarrado por tanto tempo em uma emissora, normalmente se repetindo em papéis.
Não que esse seja o caso de Marcos Pigossi, ele ainda teve a oportunidade de “nadar” por diferentes personagens. Mas o canto da Netflix talvez tenha sido mais sedutor para o ator de 29 anos. Confira outros atores brasileiros que caíram na graça e na rede da Netflix:
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Fernanda Vasconcellos, assim como vários atores, começou sua carreira na Globo, na Malhação, interpretando Betina. Mas antes disso, vejam só, ela passou pelo programa Fantasia no SBT e também era assistente de palco no Domingo Legal. Fez papéis marcantes como Nanda, a mamãe fantasma que aparecia para seus filhos gêmeos e arrepiava a personagem da Regina Duarte, e também interpretou Ana, na (ma-ra-vi-lho-sa!) novela “A Vida da Gente” em 2011, na minha opinião uma de suas melhores personagens. Em 2016 fez sua última passagem na Globo (por enquanto) como a vilã de Haja Coração e então não houve renovação com a emissora.
Fernanda Vasconcellos quase foi para a Record participar de uma série de terror, porém a atriz e a emissora não chegaram em um acordo. Veio a Netflix e fisgou a Fernandinha, que participou da série 3%, que não faz muito sucesso aqui, mas tem prestígio lá fora. E também começa rodar no inicio de 2019 a série “Coisa Mais Linda”, ambientada nos anos 50 que vai tratar sobre machismo, conservadorismo e bossa-nova. A série traz no elenco as também ex-globais: Mel Lisboa e Maria Casadevall, essa última no papel principal.
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Quem também parece ter se dado bem em optar pela Netflix foi a cantora e atriz Emanuelle Araújo. A ex-banda Eva entrou na Globo em 2006 na novela “Pé na Jaca” do autor Carlos Lombardi. Logo depois fez “A Favorita”, “Gabriela”, “Malhação”, “Cordel Encantado” (que inclusive será a próxima novela a ser reprisada no vale a pena ver de novo) e participou do seu último folhetim em “A Lei do Amor” em 2016. Em 2018 estrelou Samantha, aposta acertada do humor nacional da Netflix. Inclusive já renovada para a segunda temporada agora em 2019, a série ainda traz os também ex-globais Douglas Silva e Rodrigo Pandolfo, e participação especial de Alessandra Negrini.
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E para fechar, o talentoso Selton Mello, que estreou na Globo em 1984. Atuou em “Sinha Moça” (primeira versão), “Olho no Olho”, “Tropicaliente”, “A Próxima Vítima” e “A Força de um Desejo”. Nos folhetins, Selton não é figura carimbada, fez poucos trabalhos longos. Em compensação, estrelou grandes séries e seriados nacionais como “Os Maias”, “Alto da Compadecida”, “A Mulher invisível”, “Treze Dias Longe do Sol” e “Ligações Perigosas”. Com um portfólio rico na TV e no cinema, Selton também foi seduzido pela gigante Netflix e estreou esse ano “O Mecanismo”, série inspirada na “Operação Lava Jato”, também já com a segunda temporada confirmada para 2019.
Ao que parece, para a Netflix, caiu na rede é peixe.
Autor(a):
Mozuka Braga
Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.