Atriz revela aborto aos 17 anos, conta detalhes de procedimento e dispara: “Lembro a dor até hoje”
23/08/2018 às 19h33
A atriz Claudia Alencar, de 68 anos, em entrevista a Daniela Albuquerque na RedeTV!, relembrou um momento bastante delicado de sua juventude.
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Na conversa, a atriz falou sobre o aborto que realizou aos 17 anos e desabafou: “Eu fiz o aborto sem anestesia. Ele colocou um ferro dentro de mim, que eu me lembro a dor até hoje. E fez assim [gesticula], raspou e jogou no lixo de metal, que eu ouço o som até hoje e a dor até hoje. E eu fui com meus pais, com a boca fechada, tirar férias no Guarujá, não falei nada para ninguém”, disse a atriz.
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Com suas experiências pessoais, Claudia se mostrou a favor da descriminalização do aborto no Brasil. “Nós não fazemos amor para abortar, isso é uma mentira. Eu fiz todas as precauções para não ter filhos e tive. Eu não poderia, meus pais eram professores, meu pai era filósofo, não tínhamos dinheiro, então eu sei da dor das mulheres em fazerem um aborto. Eu sei da dor e sei que nenhuma mulher é monstro, nenhuma mulher. Todas as mulheres querem ter filhos, mas elas não podem. E se elas não podem, que o Brasil legalize o aborto como os Estados Unidos para que nós possamos ter os filhos nas melhores condições e dar a eles o nosso melhor, nosso maior amor”, defendeu.
Com dois filhos, Yann, de 30 anos, e Crystal, de 26, Claudia ainda afirmou que nunca se arrependeu da decisão. “Tenho dois filhos lindos, nunca me arrependi porque eu sei que eu não seria a mãe que eu fui porque não tinha maturidade, eu não teria dinheiro, não teria a possibilidade de criar e dar para eles o melhor, e eles estão aí no mundo para dar para o mundo o melhor”.
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ATRIZ REVELA QUE FOI ESTUPRADA
Após as denúncias de assédio sexual na Globo e do movimento “Mexeu com uma mexeu com todas”, que protesta contra essa situação, a atriz Cláudia Alencar resolveu contar sobre seu caso em entrevista ao UOL.
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A musa dos anos 80 conta que apanhava do pai por não fazer as tarefas domésticas. Além disso, ela diz que quando tinha 15 anos fazia o percurso mais longo para chegar em casa no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, para escapar das abordagens agressivas dos vizinhos.
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Além disso, ela revela que foi estuprada aos 20 anos, quando era integrante do grupo guerrilheiro Aliança Libertadora Nacional – ALN, e estudava na Escola de Comunicação e Artes da USP.
“Eu fazia teatro de protesto na rua, nas universidades e alguns espaços públicos, mas não participava do grupo que sequestrava ou assaltava bancos. Quando a casa caiu, caiu para todo mundo. Fui muito violentada nos Anos de Chumbo, na Ditadura Militar. Depois disso, achava que nenhum assédio poderia mais me abalar, poderia me derrubar. Me enganei. Foram dez anos dizendo ‘não’ a diretores e produtores porque eu queria um papel bom sem barganhar uma noite de sexo”, conta a atriz.
Ela conta que quem lhe salvou profissionalmente foi seu ao ex-professor de faculdade e autor Lauro César Muniz, que lhe deu um papel na novela “Roda de Fogo”.
“Eu era uma atriz de teatro em São Paulo, mas fazer uma novela na Globo era o ápice. Fui chamada várias vezes para fazer testes e eles até começavam mesmo com as leituras de texto, mas terminavam com uma proposta de um jantar ou de um encontro em um lugar mais reservado. Cada vez que isso acontecia, eu saia arrasada, frustrada e me sentindo violentada porque eu tinha certeza que era boa atriz com condições para entrar e ficar entre as estrelas da casa. Graças a Deus, tive um anjo que confiou no meu trabalho e me ajudou”, lembra.
No entanto, agora já como musa das novelas, ela diz que o assédio só aumentou. “Me fingi de tonta várias vezes. Era diretor, ator, produtor, apresentador e empresário que vinham com aquele joguinho de sedução. Tive um colega de cena que me perturbou meses e, quando um dia eu cansei do cerco e dei um fora definitivo, ele passou a me perseguir, me humilhar na frente dos outros colegas. Ninguém me defendeu. Daí eu percebi que se eu quisesse continuar trabalhando, teria que fingir que nada acontecia e foi o que eu fiz durante uns 25 anos”, revela.
Cláudia diz que não se surpreende com tantas denúncias de estupro e assédio. “Em qualquer lugar, uma mulher mais atraente, mais bonitinha é assediada. Sei de muitas profissionais que passaram o pão que o diabo amassou. Acho corajoso essas meninas falarem, darem os nomes, apontarem os dedos. É heroico, é encorajador e um alerta também para os homens: atitudes machistas estão com os dias contados. Não fiz lá atrás por medo, mas apoio incondicionalmente quem faz isso agora”, conclui.