Desfrutando da liberdade que a faixa das 23h da Globo oferece, Onde Nascem os Fortes vem ousando ao apostar em uma narrativa e produção mais experimental, que flerta com a de trabalhos realizados no cinema, com um “ritmo mais lento”. Essa questão, aliás, foi discutida pelo autor George Moura em entrevista à jornalista Cristina Padiglione.
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Assinando a trama junto com Sergio Goldenberg, George rebateu às críticas ao estilo mais “cadenciado” e complexo da história, e explicou suas escolhas. “A gente fez apostas radicais. Do ponto de vista da economia dos diálogos, que não são expositivos e tentam ou cotejar a poesia ou a ‘faca só lâmina’, o substantivo sem gordura, só musculatura: isso é uma escolha incomum hoje na narrativa audiovisual. Então, a gente escolheu um processo de filmagem com pouca decupagem. Não é plano e contra-plano. A gente escolheu uma linguagem que tem 70% de externas e 30% de estúdio, e um ritmo de escrita, de narrativa, que é um ritmo que não é (estala os dedos, indicando imediatismo). Quem tem ritmo é escola de samba. Ritmo é escola de samba. A gente tem dramaturgia. A gente busca essa dramaturgia. E essa dramaturgia é um suor para chegar lá. Agora, é natural que alguma parte do público, acostumada a um tipo de narrativa, estranhe, ou venha a aderir, mas com uma curiosidade”, disse o autor, revelando ainda que não teve observações do diretor de dramaturgia da Globo, Silvio de Abreu, em relação ao conceito da obra.
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“Fala-se pouco, mas o que se fala é muito relevante, porque às vezes, o excesso de palavras banaliza. Isso tem a ver com ‘vamos fazer uma supersérie, não vamos fazer uma novela’. Então, qual foi a preocupação matriz, para a largada? O horário permite temas mais intensos, tramas um pouco mais complexas, poucos personagens. Então, para nós, do ponto de vista da narrativa, se um seriado americano tem 12 episódios, nós estamos fazendo 4 temporadas e meia de uma vez só”, declarou.
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George ainda deu pistas sobre o final da trama, ao ser questionado se vai investir em um desfecho otimista ou pessimista. “Eu diria que não vai ser pessimista. Em Amores Roubados, o Leandro (Cauã Reymond) morria, mas ele renascia na gestação de Antônia (Ísis Valverde). A Ângela Maler, do Rebu, morria, mas ali estava cheia de culpa no cartório. Em Onde Nascem os Fortes, talvez pela própria situação do Brasil, a redenção e o amor estão muito mais argutos do que nessas outras histórias que a gente contou. Acho que foi uma necessidade nossa mesmo, que o Pedro Gouveia é o empresário que tem dinheiro e quer morar lá, ele acredita no Brasil. O Hermano poderia ir estudar em qualquer lugar, mas ele quer ficar naquele lugar, ele gosta daquele lugar. Nesse sentido, são pessoas aficionadas pela terra, que amam este país”, declarou.
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