Jornal da Globo confirma morte após consumo de um bolo envenenado, sobremesa nº1 da maioria dos lares brasileiros, e ANVISA liga alerta
Ainda no dia 23 de dezembro de 2024, uma confraternização familiar em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, terminou em morte quando um “bolo envenenado” ceifou a vida de três pessoas da mesma família e deixou outras três hospitalizadas.
A sobremesa, nº1 das mesas brasileiras, transformou-se no centro de uma investigação policial que aponta para envenenamento intencional com arsênio.
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O caso chocou a comunidade e levantou questões sobre um possível crime premeditado. Diante disso, a partir de informações confirmadas pelo G1, jornalístico da Globo, a equipe especializada em fiscalização do TV Foco traz mais detalhes sobre o ocorrido e o alerta levantado na ANVISA.
O que aconteceu?
- Zeli dos Anjos, de 63 anos, preparou o bolo na cidade de Arroio do Sal, utilizando uma farinha contaminada com arsênio, conforme as análises do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontaram;
- Em seguida, a sobremesa foi levada para Torres, onde sete pessoas se reuniram para um café da tarde em clima de festividades de fim de ano.
- Logo após o consumo do doce, os presentes começaram a sentir os primeiros sinais de mal-estar.
- Alguns notaram um gosto estranho, apimentado, no bolo, o que levou Zeli a interromper o consumo e impedir que mais pessoas ingerissem o alimento. No entanto, já era tarde demais.
Vitimas fatais:
As vítimas fatais foram:
- Neuza Denize Silva dos Anjos;
- Sua irmã, Maida Berenice Flores da Silva.
- Sua filha, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Elas sofreram complicações graves, como paradas cardiorrespiratórias e intoxicação aguda, vindo a falecer poucas horas depois.
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Zeli, que consumiu duas fatias, chegou a ser hospitalizada, mas sobreviveu. Uma criança de 10 anos e o marido de Maida, que também ingeriram o bolo, receberam alta após tratamento.
Crime premeditado?
A Polícia Civil iniciou as investigações imediatamente após o incidente, identificando altos níveis de arsênio nos restos do bolo e nos corpos das vítimas.
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Uma análise forense revelou que a farinha usada no preparo do bolo continha uma concentração de arsênio 2.700 vezes maior que a detectada no próprio bolo, causando que o ingrediente estivesse puramente contaminado.
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A nora de Zeli, Deise Moura dos Anjos, foi apontada como principal suspeita.
Isso porque dias antes do ocorrido, Deise teria supostamente buscado na internet pesquisas a respeito de envenenamento, como “arsênio veneno”, “veneno que mata humano” e “veneno para coração”, na casa da sogra, onde a farinha estava armazenada.
Essas informações constam no relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos.
“Há fundamentos, de acordo com as provas coletadas, de que Deise esteve na residência de Zeli e possivelmente encontrou o ingrediente que seria utilizado por ela” – Afirmou o delegado Marcos Vinícius Veloso em nota oficial.
O local do crime:
Os peritos conduziram a investigação em diferentes imóveis ligados às vítimas e às suspeitas, incluindo a casa de Zeli em Arroio do Sal e a residência de Deise e do filho de Zeli em Nova Santa Rita.
Amostras de alimentos e restos biológicos foram analisadas por equipamentos avançados de fluorescência de raio-x para identificar a contaminação por metais pesados.
Os resultados confirmaram que o arsênio foi o agente causador da morte, encontrado em concentrações altíssimas no bolo, na farinha e nos corpos das vítimas.
Tatiana, uma das falecidas, apresentou maior concentração de arsênio no estômago, 11 mil vezes acima do limite considerado seguro para evitar intoxicações acidentais.
Defesa da suspeita
A polícia prendeu Deise Moura dos Anjos temporariamente no dia 6 de janeiro de 2025, mas ela negou qualquer envolvimento no caso.
Por meio de seus advogados, foi alegado que as prisões temporárias possuem caráter investigativo e que ainda não obteve acesso total ao inquérito policial:
“Ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso” – Afirmou o escritório Cassyus Pontes Advocacia em nota oficial.
A defesa também destacou que a família vem colaborando com as investigações, incluindo o depoimento prévio de Deise à polícia.
Cidade mobilizada
Esse caso não apenas abalou a cidade de Torres como repercutiu em todo o país, diante de tamanha tragédia.
A situação ficou ainda mais tensa, pois as vítimas eram figuras conhecidas em suas comunidades, e os acontecimentos evocavam debates sobre segurança alimentar, relações familiares e o uso de substâncias tóxicas em crimes.
O delegado Marcos Vinícius Veloso afirmou que o inquérito ainda está em andamento, mas a linha de investigação aponta para crime premeditado:
“As provas de materiais são inquestionáveis: o arsênio estava no bolo, e sua origem foi a farinha usada no preparo.”
Por que o caso do bolo com arsênico pode acender o alerta da ANVISA?
O caso acima pode acionar o alerta da ANVISA devido à gravidade do uso de arsênio e às preocupações sobre sua acessibilidade, regulamentação e controle da substância no Brasil.
Veja abaixo os principais motivos:
- 1. Uso indevido de substâncias controladas: O arsênio é uma substância proibida devido à sua toxicidade e potencial uso indevido em crimes. Apesar disso, há relatos de acesso facilitado a compostos contendo arsênio, como pesticidas, produtos químicos industriais ou até em mercados ilegais.
- 2. Riscos à saúde pública: Este caso evidencia que alguém pode usar substâncias letais de maneira intencional para causar danos, expondo assim as vulnerabilidades no controle de venenos.
No entanto, a partir desse caso, a ANVISA também pode adotar medidas como:
- Revisar as normas de comercialização;
- Aumentar a fiscalização sobre a venda de substâncias do gênero;
- Estimular parcerias com outros órgãos, como a Polícia Federal, para rastrear e coibir o mercado ilegal dessas substâncias.
- Reforçar campanhas de conscientização para evitar acidentes ou usos indevidos de produtos tóxicos;
Criar ou reforçar um sistema de rastreamento para substâncias reguladas.
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