Companhia aérea de voos a baixo custo luta para sobreviver em país em meio a dívidas bilionárias após uma tentativa frustrada de fusão com gigante
É indiscutível que dentre todos os setores prejudicados pela pandemia, o da aviação e turismo foram os mais atingidos por seus impactos e ainda enfrentam “turbulências”.
De acordo com o portal E-Insight, uma companhia aérea, conhecida por seus voos de baixo custo, apelou pela sua falência, através do Capítulo 11, dos Estados Unidos, após um calote bilionário e terrível crise financeira.
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Trata-se da Spirit Airlines, que infelizmente está indo pelo mesmo caminho das demais companhias aéreas em dificuldades.
Um exemplo é a brasileira Gol, cuja qual ainda está em recuperação judicial, conforme você consegue ver por meio deste link*.
Tentando sobreviver
De acordo com o The Wall Street Journal, a Spirit ainda explora alternativas para reestruturar suas dívidas fora do ambiente judicial, mas as negociações indicam que o pedido de recuperação sob o Capítulo 11 é cada vez mais provável. O processo, no entanto, ainda não é iminente.
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A Spirit Airlines possuí uma dívida de US$ 3,3 bilhões (aproximadamente R$ 18 bilhões), dos quais US$ 1,1 bilhão (R$ 6 bilhões) estão indo pelos ares por meio de títulos garantidos que vencem em menos de um ano.
A pressão para renegociar ou estender esses vencimentos está crescendo, com um prazo crucial se aproximando no dia 21 de outubro.
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Manifestações
Através de uma teleconferência em agosto, o CEO da Spirit, Ted Christie, afirmou que a empresa estava em “conversas produtivas” com assessores de credores para resolver a questão da dívida.
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No entanto, ele evitou dar detalhes sobre o progresso das negociações ou os possíveis desfechos, ressaltando apenas que essa é uma prioridade da companhia.
A notícia sobre a possível recuperação judicial fez as ações da Spirit caírem mais de 30% no mercado de pós-negociação na última quarta-feira (3), aprofundando a crise.
Queda nas receitas
Para piorar ainda mais a situação de crise, a Spirit Airlines não registra lucro anual desde antes da pandemia de Covid-19.
Embora a demanda por viagens aéreas tenha voltado a crescer, companhias aéreas de baixo custo como a Spirit enfrentam uma concorrência acirrada de grandes empresas que, ao reduzirem suas tarifas, acabam atraindo os consumidores mais preocupados com o bolso.
A Spirit também vem em um processo de redução da presença no mercado. Nos últimos meses, cortou diversas rotas para novembro e dezembro.
A previsão é que reduza sua capacidade em 20% no último trimestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com analistas da aviação do Deutsche Bank.
Entretanto, outra virada para a companhia, foi o recall de centenas de motores turbofan da Pratt & Whitney, que impactou parte significativa de sua frota.
Para lidar com isso, a Spirit demitiu temporariamente 186 pilotos no mês passado, como medida para cortar custos.
Fusão fracassada com a JetBlue
Outro golpe sofrido pela Spirit foi o fracasso da fusão com a JetBlue Airways, bloqueada em janeiro por uma decisão judicial.
O acordo, que uniria as operações das duas companhias, foi rejeitado pelo Departamento de Justiça dos EUA, que argumentou que a fusão reduziria a concorrência no mercado, prejudicando consumidores que dependem de tarifas mais baixas.
Após a decisão, as companhias aéreas desistiram do plano de fusão, reconhecendo que seria difícil superar os obstáculos legais e regulatórios.
Qual a diferença do Capítulo 11 nos EUA e a Recuperação Judicial no Brasil?
De acordo com o portal OESTE, existem algumas diferenças claras entre o Capítulo 11 e a recuperação judicial no Brasil.
Apesar de ambos os processos de recuperação sejam bem semelhantes, há três principais diferenças entre os modelos:
- No sistema jurídico do “Chapter 11”, tanto as pessoas físicas quanto jurídicas podem buscar esse benefício legal. No Brasil, não;
- Nos EUA, há a exigibilidade dos créditos. Isso porque os débitos são automaticamente suspensos, incluindo aqueles relativos a arrendamento e contratos. Já no Brasil, os créditos não se submetem aos efeitos da recuperação judicial;
- As empresas optam pela maior fluidez do processo nos tribunais norte- americanos em relação à realidade brasileira. Isso porque a legislação brasileira está cerca de 30 anos desatualizada em relação à dos EUA.
Conclusões finais:
O terror de falência vivido pela Spirit Airlines, reflete a fragilidade de um setor aéreo mundialmente abalado pela pandemia e por seus desafios estruturais.
A companhia, assim como muitas outras, enfrenta uma combinação de fatores adversos como: queda na demanda, aumento da concorrência, dívidas crescentes e imprevistos operacionais.
Além disso, o futuro da Spirit Airlines é incerto, uma vez que o cenário ainda é desafiador e a pressão para encontrar uma solução rápida é grande.