Açougue que já foi considerado como um dos mais sofisticados do país, acabou tendo um fim escandaloso e passou até por intervenção da Vigilância Sanitária após presença de carne podre
No dia 18 de dezembro de 2023, um tradicional e sofisticado açougue acabou tendo sua falência decretada pela Justiça após uma série de escândalos e até mesmo a detecção de irregularidades em certos cortes de carne, após uma fiscalização realizada pela Vigilância Sanitária.
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Trata-se da gigante Casa de Carnes Vargas, que ficava localizada em Cuiabá /MT), cuja qual tinha como foco a comercialização de carnes nobres desde o ano de 2016. Segundo o portal Folha do Estado, a mesma acumulava uma dívida de R$ 2 milhões e sofreu um duro golpe após essa mancha em sua reputação.
Isso porque essa mesma operação promovida pela Vigilância Sanitária descobriu que o local mantinha 825 kg de carne podre e sem nenhum tipo de condição para consumo, o que deixou milhares de consumidores em choque.
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Atolada em dívidas
Vale lembrar que ainda em novembro do ano de 2022, a mesma tentou sobreviver por meio de uma recuperação judicial. Na época as dívidas chegavam a R$ 1,9 milhão.
Conforme o portal Olhar Jurídico, o açougue Casa de Carnes Vargas listou todos os seus credores e enviou à juíza da Primeira Vara Cível de Cuiabá, Anglizey Solivan de Oliveira, no dia 24 de novembro de 2022.
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Prazos e objeções contra relação de credores e ao plano foram estipulados pela magistrada. Só com dívidas trabalhistas a mesma possuía mais de R$ 30 mil, fora os R$ 60 mil com empresas e 1,8 milhão de reais com bancos e fornecedores.
Inclusive bancos como Bradesco, Caixa Econômica, Energisa, BRF e Itaú estavam entre os credores do açougue. A juíza, por sua vez, deu um prazo de 30 dias aos credores para se manifestar contra essa tentativa de recuperação.
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Breve História
Vale destacar que a Casa de Carnes Vargas nasceu após a percepção vindas dos donos de que a região de Cuiabá/MT carecia de açougues especializados em cortes especiais. Com isso, os mesmos viram ali uma oportunidade de empregar todo o conhecimento em seleção de gado e desossa.
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Aliados ao networking já construído ao longo de décadas com pecuaristas, abatedouros e demais fornecedores da cadeia produtiva, eles se sentiam aptos a responder à demanda. O objetivo da empresa sempre foi transformar a marca “Carnes Vargas” em um selo de qualidade para o consumidor final.
Até o ano de 2018, o açougue trabalhava com novilhas da raça Nelore, muito bem selecionadas. Mas, ao perceberem a possibilidade de entregar produtos com qualidade superior em questão de marmoreio e maciez, passaram a trabalhar com as raças britânicas, o que mudou toda sua estratégia de marketing.
Passaram, então, a vender exclusivamente carnes da raça Angus e novos produtos bovinos com a marca do açougue. Não demorou muito para o estabelecimento se solidificar no mercado tornando- se até referencia de carne na capital, fornecendo seus produtos à renomados restaurantes da cidade.
Em meio a bons resultados, os proprietários do açougue buscaram aplicar melhorias para expandir a atuação da casa Vargas. Aumentou-se, então, o quadro de funcionários, reformas físicas foram feitas e ampliação interna na área dos vestiários fora executada.
Além disso, uma nova câmara fria e novos equipamentos entraram no radar para atender a demanda crescente. De 2018 a 2019, para melhorar a estrutura da empresa, foi emprestado capital junto a instituições financeiras.
Paralelo a isso, decidiu-se criar uma nova unidade, numa região distante de onde o empreendimento iniciou. Tanto que decidiram alugar imóvel no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá. As obras de reforma do imóvel começaram em 2019, com capital próprio e emprestado junto a terceiros.
Queda “sangrenta”
Ainda de acordo com o portal Olhar Jurídico, sua queda começou logo nas primeiras semanas de obras, quando alguns furtos de materiais de construção de qualidade boa e preço alto, como portas, pias, vasos, azulejos, cabos, dentre outros, prejudicaram bastante o andamento da construção causando impactos no seu financeiro.
Isso sem falar no embargo por parte do Poder Público, o que também atrasou o seu andamento no início do ano de 2020.
Pra piorar o que já era bem ruim, a Casa Vargas ainda foi atingida com força pela crise causada no início da pandemia da Covid-19, mais precisamente no primeiro trimestre do ano de 2020, entrando num momento bastante desafiador, do qual lutou para se recuperar desde então.
O lockdown atingiu diretamente o faturamento da empresa. Mesmo porque, com a imposição do distanciamento aonde confraternizações, churrascos e festividades estavam impedidas, os impactos passaram a doer bem mais.
Após o retorno do comércio e de eventos, o mercado de carne apontou melhorias, mas insuficientes para sanar o déficit dos meses de quarentena.
Junto a isso, a alta constante do dólar, o preço do gado e dos insumos tiveram um aumento estarrecedor, o que era percebido diariamente por qualquer consumidor, enquanto as vendas diminuíram expressivamente.
Diante desse cenário, a Vargas se viu em apuros para dar conta de pagar tanto seus colaboradores, como fornecedores e instituições, até que começou a “sangrar” assistindo seu capital de giro se esvair para conseguir manter as portas abertas.
A defesa da Vargas, na época, apontou na petição inicial da recuperação que as obrigações com fornecedores e instituições financeiras já não eram cumpridas rigorosamente como há aproximadamente dois anos atrás.
O açougue até promoveu renegociações com entidades de crédito e fornecedores, porém não foram suficientes para “dar uma folga” no seu caixa.
Com isso a defesa colocou que a casa não capacidade de sobreviver a essa crise que atravessava, uma vez que os fatores principais de sua crise eram externos.
Quando a Casa de Carnes Vargas faliu de vez?
Como mencionamos no inicio desse texto, em dezembro de 2023, a juíza da 1ª Vara Cível de Cuiabá, Anglizey Solivan de Oliveira, concluiu que a Casa de Carnes Vargas não apresentava capacidade financeira para honrar o pagamento das dívidas.
Um dos credores da casa de carnes fez uma proposta para arrendar a massa falida e assim permanecer com o negócio.
Porém, a magistrada entendeu que medida atenderia apenas a empresa interessada em arrendar o açougue e não os demais credores.
Com a declaração de falência, foram tomados os bens da empresa para pagamento de credores com prioridade aos trabalhadores e tributos federais. Na sequência foram pagas as hipotecas, penhoras, os credores quirografários, além de acionistas e sócios.
Como mencionamos acima, o escândalo ainda maior veio à tona em janeiro de 2023, quando fiscais da Vigilância Sanitária, além de agentes da Polícia Judiciária Civil (PJC), interditaram o estabelecimento.
Aproximadamente 825 quilos de produtos de origem animal, entre carne bovina, de frango e linguiça foram descartados.
Durante a fiscalização no estabelecimento, foi constatado que o açougue comprava carcaças, desossa e acondiciova as carnes em embalagens com a sua própria marca de forma irregular.
Ao procurar manifestações ou notas oficiais da empresa a respeito do ocorrido, as mesmas não foram encontradas, porém o espaço permanece sempre aberto caso desejar expor a sua versão dos fatos.
De acordo com apurações feitas pelo TV Foco, a empresa chegou a publicar em agosto de 2023 um mega saldão de carnes e nos comentários alguns clientes comentaram a respeito do fechamento da Casa de Carnes Vargas, como podem ver na imagem abaixo: