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Você já suspirou pelo vestido da Cinderela, mas duvido que tenha pensado em quem o costurou.
Vibrou quando Branca de Neve foi beijada, mas não se lembrou dos pobres anões, ainda solteiros numa idade daquelas.
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E o que dizer da família do falecido Lobo Mau? Aposto que os enlutados não receberam sequer um abraço ou ajuda mensal do INSS.
Eis o defeito dos Contos de Fadas: Apenas um lado da moeda é mostrado.
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A câmera dá um close no “Felizes para Sempre” e…
Fim.
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Ou pelo menos até o último 16 de abril era assim.
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Naquela noite, Cheias de Charme estreou e deu um (nas palavras de Chayene) “chega pra lá nas peruas” amigas da Chapeúzinho Vermelho.
Saíram as Princesas, entraram as Faxineiras.
Adeus, Trono; olá,Vaso Sanitário.
Nada de Limusines, pois a festa agora é no Busão.
E o espaço que era da Realeza foi tomado pelos Plebeus.
Cheias de Charme chegou, inovou e brilhou.
Chegou com estilo próprio.
Inovou sem cópias e estereótipos.
E brilhou porque homenageou a quem a assistia.
Ou será que nunca vimos alguma Cida, tendo a Alma sufocada por um uniforme?
Ou Penha, que pensa que “sombra e água fresca” não passam de uma lenda urbana?
E o que dizer de Rosário, cujos sonhos são muito maiores do que a conta bancária?
Você está sorrindo e eu sei o porquê:
Numa sociedade que busca Coroas, Cheias de Charme ousou vestir o avental.
E, diga-se de passagem, não é um avental para uma ariranha qualquer.
Produção caprichosa, Direção segura, Atuações impecáveis e, acima de tudo, paradoxos muitíssimo bem apresentados.
Personagens bizarros, mas reais.
Situações reais, mas bizarras.
Cheias de Charme conseguiu a proeza de fazer Realidade e Fantasia co-existirem em harmonia.
E, por uma bagatela, ganhamos o mundo com o qual sonhamos.
Um lugar onde não é preciso descer do ônibus para subir na vida.
Um lugar onde não é necessário largar o balde para apossar-se dos sonhos.
E tampouco ser valorizado para só então se valorizar.
Num mundo repleto de Chayenes, você precisa ser cheio de charme.
Aliás, não seriam seus inimigos parecidos com uma cantora brega?
Pessoas que te invejam porque te temem.
Decadentes que sofrem com seu sucesso.
Desafinados que, embora não admitam, amam te ouvir cantar.
Anime-se: Sua vassoura pode servir de microfone.
Você pode ir além do seu contracheque.
Pode ultrapassar barreiras e chegar “lá”.
Cheias de Charme é um sucesso porque retrata você.
Você, que nunca foi Príncipe, mas é nobre.
Você, que não usa Coroas, mas já costurou vestidos para muitos.
Anão esquecido, desprezado pelos bonitões.
Elas são cheias de charme e cheias de Ibope.
Você, porém, só precisa de uma pitada de… Esperança!
***
No mundo, há alguns que, sem maiores preocupações, dançam Kuduro.
Mas a grande maioria de nós leva vida de empreguete e pega às sete.
Quem sabe esta simplicidade seja o maior de nossos patrimônios…
Twitter: @ArthurVivaqua
E-Mail: arthurvivaqua@yahoo.com.br