Cinegrafista negro faz declaração sobre William Waack após vídeo polêmico
26/11/2017 às 18h22
Como você já foi informado aqui no TV Foco, o jornalista William Waack teve seus trabalhos suspensos na Globo. Um vídeo em que ele fez uma piada envolvendo negros vazou na internet um ano depois do jornalista cobrir a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.
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Com o ocorrido, muita gente reprovou a atitude do jornalista, que disse não se lembrar de ter dito a frase. Alguns integrantes do mundo do jornalismo, no entanto, saíram em defesa do ex-âncora do Jornal da Globo. Depois de Rachel Sheherazade, foi a vez de um cinegrafista ficar do lado de Waack.
Gil Moura, negro, que já trabalhou por anos com o jornalista, publicou um enorme texto em seu Facebook. Ele disse que não considera o colega racista. “Faz parte dos pouquíssimos globais que carregam o tripé para o repórter cinematográfico preto ou branco. Na verdade, não me lembro de ninguém na Globo que o faça”, revelou.
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E ainda afirmou que Waack já lhe fez uma “boa ação”: “Convidou-me para ficar em sua casa, onde vivia com esposa e dois filhos, esposa essa a quem ele, preconceituosamente, chamava de “flaca” devido à sua magreza. Eu via como uma forma de carinho”.
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Leia abaixo o texto na íntegra:
“Eu sou preto. Já trabalhei com ele [William] na França, em Portugal, na Espanha, na Índia e em São Paulo.
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Nesta caminhada de 30 anos, fazendo imagens e contando histórias, poucos colegas foram tão solidários quanto o velho Waack. Ele faz parte dos pouquíssimos globais que carregam o tripé para o repórter cinematográfico preto ou branco. Na verdade, não me lembro de ninguém na Globo que o faça. O velho sabe para que serve cada botão da câmera e o peso do tripé.
Quando um preto sugere um restaurante mais simples, ele não dá atenção porque paga a conta dos colegas que ganham menos no restaurante melhor. Como ele fez piada idiota de preto, ele faz dele próprio, suas olheiras, velhice etc.
O que a Globo mais tem são mocinhos e mocinhas de cabelos arrumadinhos, vindos da PUC ou da USP, que são moldados ao jeito da casa.
Posso dar o exemplo de quando estávamos gravando uma passagem no meio da rua, onde havia um acidente, e sugeri a uma patricinha repórter que prendesse o cabelo devido ao vento. Ela o fez. Gravamos na correria porque estávamos a duas horas do RJ. No dia seguinte, na redação, que aparece no cenário do JN, ela comenta:
— Você viu a matéria ontem?
— Não.
— Sobrou uma ponta do cabelo, fiquei parecendo uma empregada doméstica.
Ao que respondi:
— Eu sou repórter cinematográfico, cabeleireiro não havia na equipe.
Posso lembrar-me de muitas coisas como, quando fazíamos uma matéria para o Fantástico, uma mesa de discussão, e, ao ouvido, ouço o repórter falar.
— Põe aquela pretinha mais para trás.
Isto faz parte do cotidiano. Os verdadeiros racistas estão por todas as partes, mas são discretos. Também tem a famosa, que chegou ao prédio onde vive, e uma moradora (namorada de um amigo) segurou o elevador.
A famosa negra não agradeceu, e ficou de braços cruzados. O elevador começou a subir.
Jornalista Famosa:
— Você não sabe qual é o meu andar?
— Sei, mas não sou sua empregada.
No vídeo, ela é uma “querida”, jamais trata mal o entrevistado, se estiver gravando…
Voltando ao racista William Waack. Quando íamos para a Índia — eu vivia em Lisboa — fui três dias antes para Londres, de onde partiríamos para Dheli.
Eu ia ficar em um hotel, mas o racista que havia trabalhado comigo até então somente uma vez em Cannes convidou-me para ficar em sua casa, onde vivia com esposa e dois filhos, esposa essa a quem ele, preconceituosamente, chamava de “flaca” devido à sua magreza. Eu via como uma forma de carinho.
Comemos, bebemos bom vinho e, em nenhum momento, alguém quis se mostrar mais erudito que eu, nem mais racista.”
Autor(a):
Fernando Lopes
Apaixonado pelo mundo da televisão, Fernando Lopes escreve sobre o assunto no TV Foco desde 2013.