Colheita Infeliz – Por Arthur Vivaqua

23/05/2012 às 19h19

Por: TV em Foco

 

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Conta-se a história de um velho lenhador, muito pobre, que nada possuía a não ser um lindíssimo cavalo branco.

Todos os ricaços e autoridades do povoado onde vivia cobiçavam o Alasão, mas o lenhador, orgulhoso de seu animal, jamais o vendia.

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Até que, certa noite, o cavalo fugiu e todos os moradores da cidade puseram-se a rir do infortúnio do velho:

Deixou de vender o cavalo e agora ficou a ver navios! – Diziam. – Será pobre para o resto da vida!

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Na semana seguinte, porém, o cavalo voltou, para surpresa de todos, acompanhado de outros dez, ainda mais bonitos e valiosos do que ele.

Chocados, todos os cidadãos admiraram a “sorte” do lenhador e passaram a exaltá-lo:

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Tudo dá certo para ele! Nossa, que homem afortunado!

Até que, alguns dias depois, seu único filho levou um coice de um dos cavalos e teve ambas as pernas quebradas.

Pobre lenhador! – disseram os vizinhos, deliciados com a nova tragédia. – Seu filho lhe ajudava a trabalhar e agora ele está só. Que azarado! Vai morrer de fome!

Pouco tempo depois, no entanto, todos os jovens do povoado foram convocados para uma perigosa Guerra… exceto o filho do lenhador que, graças às pernas quebradas, ficou na doce segurança do lar!

Intrigados (e, no fundo, revoltados!), os vizinhos foram tirar satisfações com o velho lenhador.

Afinal, você é sortudo ou azarado? – Perguntaram. – Abençoado ou amaldiçoado? Responda-nos de uma vez por todas!

Encarando-os, o velho sorriu e respondeu, com simplicidade:

– Não sou um nem outro. Vocês se apressam, eu espero. Vocês julgam, eu trabalho. Eu enxergo vírgulas onde vocês teimam em colocar pontos finais…

 

 

A Fazenda foi concebida como o “cavalo branco” da Record.

A 1° iniciativa Pós-Casa dos Artistas a tentar igualar-se ao BBB.

No início, flores.

A final da edição do Reality alcançou picos de 30 Pontos.

O Programa tornou-se moda.

Dado Dolabella foi redimido.

Théo Becker virou tema de teses de mestrado de Psiquiatria.

E o Mercado aplaudiu Britto Jr e seus animais (sem trocadilho, é claro).

A Emissora, porém, transformou a Bênção em Maldição (sem trocadilho, é claro²).

A Fazenda deixou de ser Produto e ganhou status de Sina.

A Record não apenas a explorou, mas a dizimou.

A Record fez com A Fazenda o que os portugueses do Século XIX fizeram com o ouro de Minas Gerais:

Sugou-a até que nada restasse.

O Hoje em Dia abandonou a Pauta e rendeu-se à Passarela. Desde então, nunca mais foi o mesmo.

Programa do Gugu, Tudo é Possível, Geraldo Brasil (este já falecido), entre outros, estrangularam o Reality, retirando-lhe impiedosamente todo e qualquer fôlego.

E o cavalo branco se foi.

Desde A Fazenda, a Record nunca mais foi a mesma.

Desesperada em manter os altos índices, a Edição foi antecipada e (coice!) colocada a princípio no horário das 21h.

Sobre a “experiência”, sejamos sucintos:

O Ibope foi menor do que o sorriso de Karina Bacchi, vencedora da ocasião.

Passado o trauma, os “cavalos”, milagrosamente, voltaram.

A Grade se estabilizou, as Novelas viveram bom momento, Rodrigo Faro se consolidou, a Linha de Shows brilhou…

Até que veio a Edição.

E a .

E a Record voltou a quebrar as pernas.

Toda Fazenda é a mesma coisa: A Grade da Record dança de acordo com o canto do galo.

O Reality, nas palavras do autor Lauro César Muniz (grande vítima das porteiras assassinas), é o “Produto AA” da Emissora, que parece se esquecer de que ele não é eterno.

Pelo contrário, dura apenas 3 meses. E estraga os outros 9 de cada ano.

Hoje, às vésperas do coice, a Globo está cada vez mais estabilizada, e até o SBT está embarcando num Carrossel vitorioso.

Já a Record está em casa, de repouso, ainda se recuperando dos golpes da bagunça anterior.

Eis o retrato de uma Emissora que não sabe utilizar-se das vírgulas que e as transforma em pontos finais.

A Fazenda se tornou uma doença. E toda a Grade da Record foi contaminada.

Que ninguém ordene que os avestruzes de Itu me devorem.

Basta olhar para os números.

Comparar a Record de 2008 com a Record Pós-Fazenda.

Quem o fizer, encontrará ruínas.

A Emissora tropeçou em si mesma.

A Fazenda destruiu a Barra Funda.

Na próxima semana, ela está de volta.

Cada vez maior, cada vez mais inútil…

Os designers do R7 já estão de prontidão, à espera dos gráficos.

Mas que os sábios lenhadores não se iludam.

A boa notícia de hoje pode ser a tragédia de amanhã…

 

Twitter: @ArthurVivaqua

E-Mail: [email protected]

 

 

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