Globo vem perdendo o vínculo de exclusividade com grandes atores nos últimos anos
Por volta de 2015, quando enfrentou uma das maiores crises de audiência de sua história, ironicamente em meio à celebração dos seus 50 anos de existência, a Globo passou a perder algumas estrelas do seu cast fixo de atores, que encerraram o seu contrato de exclusividade com a emissora e chegaram até a migrar para concorrentes, algo considerado improvável em outros tempos.
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Quem mais se beneficiou com essas dispensas foi a Record, segunda emissora que mais investe em teledramaturgia no Brasil, e que segue atenta às estrelas que estão de saída da concorrência para utilizá-las especialmente em suas novelas.
Os casos mais recentes de estrelas do primeiro escalação que não tiveram seus contratos renovados pela Globo foram os de Malu Mader, Carolina Ferraz, Emanuelle Araújo, Marco Pigossi e Bruno Gagliasso.
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Em 2018, Malu Mader perdeu o seu contrato fixo e de exclusividade com a Globo após 35 anos. Na época, a emissora carioca justificou que a saída de Malu, que já foi uma das principais atrizes do canal em outras épocas, devia-se a um processo de “renovação”, e que o seu quadro fixo de atores permanece do mesmo tamanho, explicação que pode se estender para o caso de Carolina, que também está na faixa dos 50 anos.
Isso não impede que elas sigam realizando trabalhos na casa, mas já sem o mesmo prestígio, e claro, sem o vínculo fixo e de exclusividade, que também permitia aos atores receberem salários gordos mesmo quando estavam fora do ar, apenas com a utilização de contratos por obra.
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Porém, chama a atenção especificamente os casos de Emanuelle Araújo, Marco Pigossi e Bruno Gagliasso, que perderam os seus contratos fixos com a Globo apesar de estarem no auge, e sem empecilhos em relação à idade.
Mesmo tendo atuado em uma novela da Globo recentemente (Órfãos da Terra), Emanuelle não tem mais contrato fixo com a emissora, e no final de 2017, quando estava em alta após a sua participação em A Lei do Amor, a atriz chegou a recusar uma renovação de vínculo e um convite para um dos próximos folhetins do horário nobre.
Na ocasião, a estrela disse “não” a Globo para aceitar uma proposta da Netflix para protagonizar Samantha!, primeira série de comédia do serviço de streaming no Brasil.
O caso de Emanuelle é semelhante ao de Marco Pigossi. Galã da Globo desde 2004, o ator não aceitou renovar o seu contrato com a emissora, logo após o seu trabalho de maior repercussão na carreira, no papel de Zeca em A Força do Querer (2017) — que chegou a lhe render o Troféu Melhores do Ano, do Domingão do Faustão.
Pigossi também recusou a proposta da Globo para assinar com a Netflix e se tornar uma das estrelas internacionais do serviço de streaming, algo que por enquanto vem surgindo efeito — o ator já participou de uma série australiana e já está escalado para uma nova produção espanhola da empresa.
A atitude desses atores ao recusar uma proposta de renovação de contrato para assinar com a Netflix não foi vista com bons olhos pela Globo. Emanuelle até segue com as portas abertas na emissora — agora apenas para contratos por obra — , mas Pigossi não deve retornar às tramas da Globo tão cedo.
Tudo isso é potencializado pela rivalidade que a Netflix e a Globo vêm protagonizando recentemente. O serviço de streaming investe pesado em produções originais no Brasil, e ameaça o monopólio da Globo no audiovisual do país. A emissora carioca não deixa barato e também abre os cofres para investir no Globoplay, seu serviço de streaming, com diversas produções originais e de alto orçamento.
Mas o caso que mais chama atenção até agora é, sem dúvidas, o de Bruno Gagliasso. Isso porque o ator é considerado um dos maiores e mais famosos da nova geração, e tinha contrato fixo com a Globo desde 2001.
Há diversos fatores que envolvem essa saída surpreendente do galã da Globo. A primeira delas diz respeito à liberdade artística. Enquanto uma parte dos atores lamenta a redução do número de contratos fixos, pelas dificuldades de encontrar trabalhos fora da Globo, outra parcela celebra essa nova política de vínculos por obra, alegando que assim não terão mais a obrigação de serem escalados para um papel que não se identificam e que agora podem escolher melhor o seu próximo trabalho.
Gagliasso ficou frustrado com o fracasso de O Sétimo Guardião, onde interpretou o protagonista Gabriel, e não deseja voltar a fazer novelas tão cedo. O ator quer ter liberdade para escolher seus próximos papéis e dar prioridade a trabalhos menores, como séries e minisséries, pensamento semelhante ao de outras grandes estrelas da emissora, como Cauã Reymond — que vinha fugindo das novelas, mas segue “preso” à Globo pelo contrato, e acabou sendo confrontado recentemente pela emissora, que finalmente o escalou para um dos próximos folhetins.
Outro fator que explica a saída de Gagliasso da Globo é financeiro. O ator recebia cerca de R$ 200 mil por mês, e a emissora propôs uma redução desse salário para renovar o seu contrato, o que dificultou o acordo.
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O terceiro fator foi a agenda de Gagliasso, e que também está ligado à liberdade de escolha e à sua obrigação de participar de novelas, que são o carro-chefe da Globo. Os folhetins geralmente exigem um grande tempo de dedicação dos atores e por um período de cerca de nove meses, o impedindo de realizarem outros projetos, especialmente para o cinema. Essa também é uma justificativa usada por Cauã Reymond para evitar as novelas. Será que diante de tudo isso, o galã vai ser a próxima grande estrela a deixar a Globo?
Ainda segundo o jornalista Fefito, da Jovem Pan, Gagliasso deseja seguir os mesmos passos de Pigossi e se aventurar em produções menores de concorrentes da Globo e voltadas para o streaming, especialmente a Netflix.
Há alguns fatores extras e individuais que explicam a saída das grandes estrelas da Globo ultimamente, mas de modo geral, é possível concluir que a forte chegada da Netflix no Brasil e a valorização das séries para o streaming, acaba por desvalorizar as novelas e oferecem boas opções além da Globo, antes vista como soberana no audiovisual, fazendo com que muitos atores repensem a sua carreira e tenham coragem para se desprender da emissora e seguir caminhos diferentes. São os novos tempos!
Com a colaboração de Robert Richard.