De fracasso no início, para grande sucesso. É assim que podemos classificar O Outro Lado do Paraíso que conseguiu a façanha de virar o jogo e se tornar um sucesso ainda maior que A Força do Querer.
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Walcyr tem seus méritos e é conhecido como autor coringa na emissora, consegue transitar em todos os horários e sempre escreve grandes sucessos.
O curioso é que O Outro Lado do Paraíso possui uma série de falhas, núcleos chatos e sem propósito. Um de seus maiores problemas é o texto. Sem a menor sutileza e pobre de conteúdo, já vimos Suzi incorporar bordão do antigo Zorra Total, Nádia se referir a Raquel como “preta do quilombo” e Cido repetindo a exaustão “mãe de bicha”. Para quem assiste a trama diariamente já ouviu esses termos em praticamente todos os capítulos.
Os núcleos são outro ponto fraco, o bordel é chato e aborda de forma fraca as moças que lá trabalham. Esse é um ambiente tão rico dramaturgicamente, quantas boas histórias poderiam ser tiradas desse lugar? No entanto Walcyr se limita a repetí-las, existe pelo menos três moças buscando um marido, Desirée, Karina e Leandra, as que não buscam um casamento nem se quer aparecem. O salão de beleza que tinha tudo para ser um ambiente mais cômico e dar um respiro ao telespectador se sustentam de piadas repetidas e das tentativas de Nick e Marcel (que caiu do céu) de verem Odair sem camisa, inclusive no capítulo de ontem Walcyr encontrou mais um motivo para fazer Felipe Titto tirar a roupa.
A anã Estela tem percorrido um caminho bem diferente do que o telespectador esperava. Ao invés de tratar o nanismo de forma consciente mostrando as limitações e o preconceito sofrido pela própria mãe, Estela se mostrou uma pessoa totalmente inútil, passou esses quatro meses lamentando, esperando o príncipe encantado e comendo bolo. E para completar Samuel e sua louca família, a mãe, o marido, a ex-mulher (que está numa gravidez de risco) vivendo as mesmas situações.
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De bom mesmo apenas a vingança da Clara, e o núcleo de Laura sobre a conscientização do abuso infantil. O Outro Lado do Paraíso no geral é bastante ruim com alguns pontos altos que conseguiram prender o telespectador. A fuga de Clara no hospício, o Julgamento da Beth, e a prisão de Vinicius foram sequências muito bem elaboraras e com ótimas atuações.
Definitivamente não é sorte, até porque se fosse Walcyr Carrasco estaria abusando dela desde que começou a escrever novelas. O interessante nisso tudo é que o autor não faz novela para a crítica especializada, ele faz uma novela popular, feita pelo povo e para o povo, talvez esteja aí o segredo do sucesso.
Por Maurício Freitas
Escreva para: mauriciotvfoco@gmail.com
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