“Democracia Sem Vergonha”, peça de James Akel, em SP

03/10/2015 às 15h56

Por: TV Foco News
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james peça
James Akel estreou a peça “Democracia Sem Vergonha” em SP, sábado, 3 de outubro de 2015, 19h30 no teatro Ruth Escobar. Satisfeito pela grande aceitação do público, com lotação esgotada para esta noite, o escritor e diretor, um dos comentaristas mais polêmicos e experientes da TV brasileira, concede esta entrevista para o TVFoco. Ácido e humorado, o diretor não poupa palavras. Boa leitura:
Além de analisar profundamente nossa TV, seus artigos costumam revelar os subterrâneos da política. Sua peça segue este caminho?
A peça mostra detalhes de corrupção de maneira didática. Não é uma peça partidária porque não é apenas um partido que faz craca no governo. E no Brasil, a oposição é uma piada.
Você usará humor?
É uma comédia política. Se não for comédia nem adianta. A gente tem que levar no humor pra poder criticar de maneira ácida.
Em seu artigo na Folha dominical, você informou que, após as notícias de mau uso de verba para financiamento de campanha política, as empresas receiam patrocinar qualquer atividade envolvendo a Lei Rouanet. Como é conviver com mais esta dor de cabeça provocada por mafiosos mascarados de políticos?
O problema da falta de patrocínio é bem menor que a falta de interesse de público por um novo perfil de brasileiro que não tem interesse em teatro. No passado não tinha patrocínio, mas tinha público e o teatro se pagava. Enquanto existir um deságio na cultura do povo e os governantes tiverem interesse em manter o povo na ignorância através da música funk e sertaneja, através da omissão da mídia em debater as verdades dos governos incompetentes, o teatro terá dificuldades se atrair público de verdade.
Comparando o período militar, onde o teatro sofria censura, com a atual forma de mascarar a verdade, em qual época você teria mais receio de expor o posicionamento em uma peça desta envergadura?
No tempo do Regime Miltiar a gente tinha público de teatro bastante bom, mas a censura impedia a exposição da verdade. A gente tinha que fazer caminhos diversificados e contar histórias em alegorias e metáforas, que foi o caso do “Rei da Vela” e de outras peças. Mas tinha também o cara que pra mim foi o maior autor teatral do Regime Militar que foi Plínio Marcos. O Plínio tinha um texto realista. Foi o primeiro autor realista do teatro brasileiro. Ele mostrava a sordidez do mundo das cidades. Ele mostrava o que conheceu pessoalmente. Foi bastante proibido, algumas peças eram proibidas pra 21 anos, teve uma que demorou 21 anos pra ser liberada. Se na época os militares tivessem entendido o texto de Plínio Marcos e dado atenção à educação e às classes menos favorecidas, não teríamos esta bandidagem que existe hoje. As peças do Plínio mostram exatamente como começou esta baderna social que existe hoje nas cidades. O Plínio foi acolhido pelo Teatro de Arena que aceitou que ele fizesse peça lá sem cobrar dinheiro antecipado. E deu certo e foi sucesso. O que acontece hoje é que você pode colocar no teatro peças que não podia no Regime Militar. Isto é uma verdade que não se nega, mas os governos civis também ignoraram a educação e segurança. Mas você não consegue patrocínio pra fazer peça política porque os grandes patrocinadores não querem crítica ao governo. E por outro lado não existe interesse do povo em ir no teatro hoje pra ver a realidade política, ou porque é uma parte da população que prefere funk e sertenejo, ou é outra parte da população que fica apenas nas redes sociais debatendo e com preguiça de ir ao teatro pois só sai de casa pra beber no bar com os amigos.
Nos verões de Porto Alegre há um festival onde peças famosas são encenadas à preços baixos. Isso ajuda a encher o teatro durante o ano pois o público pega gosto pelo palco. Sua peça terá preços muito atraentes. Foi a forma que você encontrou para tirar as pessoas do sofá e as levar até o mundo cativante do público diante do artista?
O preço baixo é uma alternativa. Mas nem sempre funciona. Tem que ter grande mídia de motivação senão nem adianta.
A televisão depende de concessão e isso diminui a liberdade de expressão. Como funciona isso no teatro?
O teatro depende de ter público ou não. No caso de patrocínio, depende de grandes empresas que estão aptas a usar a Lei Rouanet. Dizem em Brasília que Dilma acabaria com esta lei, mas eu não acredito porque prejudicaria um grande número de artistas que são apoiadores dela.

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james akel

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