Depois de quase rejeitar Chaves, Silvio Santos planejou versão brasileira da série no SBT
04/01/2020 às 13h38
Uma das atrações mais icônicas do SBT, Chaves quase foi vetado do SBT por Silvio Santos
Chaves hoje é considerado uma espécie de “coringa” do SBT. A atração segue no ar no Brasil há mais de 30 anos, e é um daqueles casos raros de séries capazes de fisgar o telespectador mesmo após incansáveis reprises.
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A série mexicana conquistou uma legião de fãs no país e entrou para a cultura pop, mesmo investindo em um humor ingênuo e longe de apresentar uma produção das mais sofisticadas. O SBT sempre encontra brecha em sua programação para exibir o seriado, que surpreendentemente ainda registra bons índices de audiência.
E quem acompanha Chaves nos dias atuais, diante da sua consagração, mal pode imaginar que a série quase foi rejeitada pelo SBT há 36 anos.
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Em 1981, ano de inauguração do SBT, que ainda era conhecida como TVS, Silvio Santos analisou alguns pacotes de programação de emissoras estrangeiras para complementar a grade do seu canal recém-lançado. E entre os pacotes analisados, estava o da Televisa, rede mexicana que oferecia boas produções a baixo custo, especialmente novelas.
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No entanto, a Televisa só aceitava fechar negócio se ocorresse a compra completa e a exibição obrigatória do seu pacote de programação, que incluía a série El Chavo Del Ocho, exibida originalmente no México entre 1971 e 1980.
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Porém, as características da série, com seu humor ingênuo e uma produção pouco sofisticada, que curiosamente se tornariam marcas do seu sucesso, não agradaram os diretores do SBT e tampouco Silvio Santos.
O dono do Baú, no entanto, resolveu dublar alguns episódios e marcar uma reunião com seus principais diretores para decidir se exibiria o produto ou não, mas a rejeição à série entre os nomes fortes da emissora foi praticamente unânime.
Silvio Santos não tinha muita convicção de que a produção poderia realmente vingar, mas passou a repensar essa ideia após ser aconselhado por José Salathiel Lage, que comandava o núcleo de dublagem do SBT na época. O diretor comentou com o dono da emissora que o humor ingênuo da série, além do perfil pobre do protagonista, poderia atingir bem toda a família e principalmente o público mais humilde.
Há rumores, inclusive, de que o “patrão” mudou definitivamente de ideia e só decidiu apostar na série após saber da real dimensão do sucesso que ela havia atingido no México e em outros países da América Latina.
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Silvio Santos, então, autorizou que Lage realizasse a dublagem de 12 episódios de Chaves e de Chapolin — que também entrou no pacote oferecido pela Televisa. As duas atrações foram exibidas pela primeira vez no SBT em agosto de 1984, dentro do programa do palhaço Bozo.
Chaves logo caiu no gosto do público, e três anos depois, ganhou seu horário próprio, sendo exibido na faixa das 12h30. E em 1988, já era alçado ao horário nobre, apenas com a exibição de episódios inéditos, e batendo de frente com produções importantes de outras emissoras, como o Jornal Nacional, da Globo.
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O curioso é que, apesar da luta para ganhar uma chance no SBT e do sucesso conquistado no fim da década de 1980 e início de 1990, Chaves voltou a virar alvo dos próprios diretores da emissora. No final da década de 90, nomes fortes do canal acreditavam que Chaves já estava saturado, com as intermináveis reprises e com a avaliação interna de que já era um produto “ultrapassado” para a TV.
Nesse período, não foram poucas as vezes em que a série foi tirada do ar ou mudou de horário sem aviso prévio. Porém, as atrações que ocupavam seu lugar raramente vingavam, fazendo com que os diretores dessem o braço a torcer e sempre optassem pelo retorno da produção mexicana à programação.
CHAVES NACIONAL
Para trazer algo novo, mas sem abrir mão de Chaves, Silvio Santos tentou unir o útil ao agradável, e após quase rejeitar a série mexicana, ele teve a ideia, em 1997, de produzir uma versão brasileira do seriado.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo na época, o dono do SBT enviou um representante ao México para conversar pessoalmente com Roberto Gómez Bolaños, criador e estrela de Chaves, para falar sobre a possibilidade de produzir uma versão brasileira da atração.
Silvio Santos estava disposto a realizar uma série que mesclasse antigos textos do programa com novos esquetes, que seriam escritos pelo próprio Bolaños. A resposta, no entanto, não foi positiva.
O humorista mexicano já havia sido assediado por outras grandes personalidades brasileiras, como Xuxa, que propôs que ele escrevesse roteiros para seu programa, e até Pelé, que manifestou o desejo de gravar um filme com o eterno Chaves.
Porém, Bolaños decidiu negar todos os convites, tentando preservar o seu personagem, que ficou no ar por tanto tempo, além de alegar falta de tempo para escrever algo novo.
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O SBT só viria a produzir sua versão brasileira de Chaves em 2011, mas apenas como um especial, para celebrar os 30 anos da emissora, e com a participação de estrelas da casa, como Ratinho, Lívia Andrade, Zé Américo, Carlos Alberto de Nóbrega e Alexandre Porpetone.
A produção desse especial de Chaves acabou se tornando bastante simbólica, pela sua representatividade em meio à celebração dos 30 anos da emissora, e também pela reviravolta em torno do seriado, indo de uma atração que teve seu potencial questionado e que quase foi rejeitada, para um produto que marcou, não somente a história do SBT, mas também da própria televisão brasileira.
Autor(a):
Renan Santos
Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.