Desabafo de William Waack sobre vídeo polêmico repercute na internet

14/01/2018 às 19h52

Por: Fernando Lopes
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William comandou o Jornal da Globo na emissora. (Foto: Reprodução)
William Waack, jornalista da Globo (Foto: Reprodução)

William Waack, jornalista da Globo (Foto: Reprodução)

O jornalista William Waack resolveu quebrar o silêncio. Até hoje sem pronunciar abertamente sobre o vídeo polêmico em que faz um comentário racista, o veterano utilizou espaço na Folha de S.Paulo para confirmar o conteúdo do vídeo e se redimir com os ofendidos.

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A tentativa de Waack de se reconciliar com o público, no entanto, parece não ter dado muito certo. O artigo do jornalista para o jornal foi repercutido negativamente na internet, e o nome dele figurou entre os mais comentados no Twitter por boa parte do dia.

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William Waack escreve como se, para ser racista, você precisasse acumular pontos na carteira. ‘Foi apenas uma piada, nunca fui racista antes’. Colega, só precisa ser racista uma vez para ser racista”, comentou um dos internautas da rede social.

Embora minoria, Waack também teve defensores: “William Waack foi “julgado”, “culpado” e “rotulado” de racista por um incidente indireto, é bem a cara da patetolandia da lacração, que se fez de cega nos incidentes diretos do José de Abreu, Guga Chacra e Fábio Assunção”, comentou um.

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https://twitter.com/LeandroDubost/status/952514302908534784

https://twitter.com/HelderCaldeira/status/949820508052312064

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https://twitter.com/spedromsa/status/952518594042228737

O TEXTO DE WAACK

O jornalista William Waack, que encerrou seu contrato com a Globo após a divulgação de um vídeo em que faz uma piada em tom racista, falou pela primeira vez abertamente sobre o episódio. Waack, que já havia feito um comunicado conjunto com a Globo para anunciar o fim de seu vínculo com o canal, escreveu um artigo para a Folha de S. Paulo em que assume o conteúdo do vídeo e é categórico: “Não sou racista”.

“Se os rapazes que roubaram a imagem da Globo e a vazaram na internet tivessem me abordado, naquela noite de 8 de novembro de 2016, eu teria dito a eles a mesma coisa que direi agora: ‘Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão’, começou o jornalista.

Waack usou uma fala de sua colega, Gloria Maria, para justificar seu argumento: “Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: ‘Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português.’ Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos”, continuou.

Ele também cita um artigo do filósofo Luiz Felipe Pondé e trecho de fala da ministra Cármen Lúcia: “É essa parte do nosso caráter nacional que os canalhas do linchamento —nas palavras, nesta Folha, do filósofo Luiz Felipe Pondé— querem nos tirar. Prostrar-se diante deles significa não só desperdiçar uma oportunidade de elevar o nível de educação política e do debate, mas, pior ainda, contribui para exacerbar o clima de intolerância e cerceamento às liberdades –nas palavras, a quem tanto agradeço, da ministra Cármen Lúcia, em aula na PUC de Belo Horizonte, ao se referir ao episódio”, disse Waack.

O jornalista conclui o texto confirmando o teor racista do comentário, mas afirma que não se constitui de erro grave sua fala ao ponto de justificar um linchamento virtual: “Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento. Até porque não se poderia tomar um pensamento verdadeiramente racista como uma piada”, disse.

William Waack conclui, categoricamente, que não é racista: “Termino com um saber consagrado: um homem se conhece por sua obra, assim como se conhece a árvore por seu fruto. Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui”.

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Autor(a):

Apaixonado pelo mundo da televisão, Fernando Lopes escreve sobre o assunto no TV Foco desde 2013.

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