Gaby Spanic é uma das musas das novelas mexicanas e uma das estrelas estrangeiras mais populares entre o público brasileiro. A atriz venezuelana explodiu logo em seu primeiro trabalho na Televisa, na novela A Usurpadora (1998), que também virou febre no Brasil, e é uma das mais reprisadas da história em todo o mundo. E por ironia do destino, Spanic enfrentou um caso digno de folhetim mexicano também na vida real, algo que poderia ter lhe custado a vida.
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Em 2010, após passagem pela rede Telemundo e um período de quatro anos afastada da telinha, Gaby Spanic retomou a carreira de atriz como vilã de Soy tu Dueña (A Dona), novela ousada da Televisa, e que além de Spanic, contava com outras grandes estrelas mexicanas no elenco como Lucero e Fernando Colunga.
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Além dos constantes rumores em torno dos conflitos entre Gaby Spanic e Lucero durante as gravações (algo que foi admitido por Spanic anos mais tarde), uma bomba abalou os bastidores do folhetim: em agosto daquele ano, Spanic acusou sua assistente de tê-la envenenado junto com sua família, algo que resultou na prisão da mulher.
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Tudo começou em janeiro de 2010, quando Spanic contratou a argentina María Celeste Fernández Babio, na época com 24 anos, para trabalhar como sua assistente pessoal e passar a viver junto com a família. Foi quando, quatro meses depois, a atriz, juntamente com sua mãe, Norma Utrera, o filho, Gabriel, com apenas dois anos de idade, e a babá da criança, Lorena Cruz Camacho, começaram a sofrer com problemas de saúde, como vertigens, vômitos, dores de cabeça e fraqueza generalizada.
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Na casa da família, María Celeste era a única que não apresentava nenhum sintoma. Spanic então começou a desconfiar do comportamento da sua assistente, que se recusava a comer junto com a família, e que podia estar por trás de algum plano macabro que vinha afetando a saúde dos demais. Após a realização de exames médicos, ficou constatado que havia doses elevadas de cloreto de amônio no sangue de Gaby Spanic, da mãe, do filho e da babá.
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María Celeste foi denunciada e presa no dia 19 de agosto de 2010, quando voltava da Argentina para o México. A polícia chegou a encontrar ampolas de cloreto de amônio no quarto da assistente e em sua bolsa, e concluiu que ela estava colocando a substância na comida da família, e que, em longo prazo, o envenenamento sistemático poderia provocar a morte de todos. Spanic ainda apresentou como evidência para incriminar María Celeste, conversas de e-mail em que a assistente revelava o desejo de se tornar famosa, nem que precisasse envenenar seus “súditos” para conseguir o que queria.
Spanic ficou com a saúde bastante debilitada, precisou passar por um processo de desintoxicação, assim como o restante da família. Em setembro daquele ano, ela chegou a passar mal e ser levada às pressas para um hospital durante as gravações de Soy tu Dueña.
REVIRAVOLTA
Em julho de 2011, a Justiça condenou María Celeste a oito anos de prisão, mas nem todos estavam convencidos de que a ex-assistente de Gaby Spanic era culpada. O pai da jovem, Horacio Fernández, começou a ganhar espaço na mídia mexicana, revelando problemas de saúde provocados pelo estresse de todo o ocorrido, e lutava para provar a inocência da filha, convicto de que ela não teria envenenado a atriz e nem a sua família.
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Outra pessoa que acreditou piamente na inocência da argentina foi Carmen Salinas. Conhecida do público brasileiro por ter interpretado a personagem Agripina de Maria do Bairro, Salinas endossou a versão de que Spanic estaria acusando a sua ex-assistente injustamente para tentar ficar em evidência na mídia. Mais do que isso: com sua personalidade forte, a veterana, que já havia insinuado que nunca gostou de Spanic, mesmo sem jamais terem trabalhado juntas, resolveu bancar a defesa de María Celeste.
Em entrevista à revista People en Español, em 2013, Salinas explicou por que decidiu contratar alguns dos melhores advogados do país para defender María Celeste, e alegou que, além de não ter acreditado na versão de Spanic sobre o caso, ressaltando o histórico de polêmicas da atriz, se sensibilizou com o sofrimento dos pais da jovem.
Em dezembro de 2012, após mais de dois anos de prisão, María Celeste foi libertada. A ex-assistente de Spanic foi declarada inocente pela justiça mexicana, que alegou não haver provas concretas que pudessem incriminá-la. “Do ponto de vista médico legal, não existem elementos para determinar que Gabriela Spanic, Norma Utrera, Lorena Cruz Camacho e Gabriel Jesús Spanic tenham sofrido envenenamento e intoxicação por cloreto de amônio. Cientificamente, está claro que o suposto envenenamento não foi real”, declarou Luis Alejandro Rocha Veja, um dos advogados de María Celeste, que ainda destacou que os membros da família Spanic não apresentaram marcas na boca e na garganta que pudessem comprovar a intoxicação pela tal substância, que é tóxica e provoca queimaduras.
A soltura de María Celeste foi comemorada por Salinas, que para revolta de Spanic, além de ter bancado a defesa da argentina com advogados caros, fez questão de acolhê-la em sua casa e chegar a promovê-la para trabalhos na televisão.
Fãs de Spanic movimentaram um ataque virtual a Salinas, e ressaltaram que ela já esteve envolvida em um caso semelhante, quando ajudou a libertar uma sequestradora francesa.
O OUTRO LADO
Ainda na cadeia, María Celeste começou a escrever um livro, no qual contaria sua história e revelaria detalhes inéditos da relação com Gaby Spanic. Na época do escândalo, já surgiam rumores de que Spanic era lésbica, algo que ela sempre negou. Essa teoria, no entanto, foi endossada por María Celeste, que afirmou que a sua ex-patroa chegou a assediá-la. A argentina garantiu que a sua recusa às investidas de Spanic foi o que a teria motivado a “inventar” a história do envenenamento e a acusá-la “injustamente”, inclusive tomando o cloreto de amônio.
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Celeste ainda afirmou que o suposto assédio de Spanic durou dois meses, e que durante o intervalo de uma das gravações de Soy tu Dueña, em 2010, a atriz teria entrado no seu quarto de hotel e a tocado por debaixo de seus lençóis.
A estrela rebateu a ex-assistente. “Quero agradecer aos meios de comunicação que me defenderam e sabem quem eu sou de verdade. Como ela vai falar sobre as minhas preferências sexuais sendo que ela mesma já afirmou que mentiu em outras oportunidades?”, disparou. “Eu não sou homofóbica, aprecio o amor livre, mas sou heterossexual. Não sei por que ela inventou isso agora, acusando-me de abuso. O que é isso?”, completou.
SEQUELAS
Em entrevista ao portal UOL, em 2013, durante uma de suas visitas ao Brasil, Gaby Spanic comentou o fato de todo esse caso parecer algo digno de uma trama de novela mexicana.
“Pois é, mas é bem real. E o pior é que conseguimos todas as provas e ela ficou presa apenas dois anos e meio. Mas a Justiça mexicana é muito ruim. E essa moça, María Celeste, tinha cinco advogados de defesa, todos pagos por Carmen Salinas, uma atriz mais velha daqui. Muito má”, disparou a estrela. “Esta senhora [Salinas] sempre me odiou, mas nunca fiz nada a ela. Estamos muito afetados como família e com a injustiça. Como uma mulher que envenena crianças pode estar solta?”, completou, indignada.
Em 2017, ao People en Español, Gaby Spanic ainda demonstrava inconformismo com a soltura de María Celeste, e revelou que o envenenamento deixou sequelas. “Meu filho não foi operado, mas ainda tomamos remédios. Ele tem um ‘estômago preguiçoso’ e precisa tomar uma medicação por toda a vida para conseguir ir ao banheiro. Então, para os que dizem que [o envenenamento] foi mentira…”, falou.
A estrela venezuelana conta que não perdoa María Celeste pelo ocorrido, e ao ser questionada pelo repórter sobre o que faria se ficasse cara a cara com sua ex-assistente novamente, ela respondeu: “Peço a Deus que nunca mais a encontre”.