Em época de crise de audiência, diretor da Globo já chegou a perder o controle e entrou em conflito de ideias com chefão das novelas
Em 2014, a Globo enfrentou a pior crise de audiência da sua história na teledramaturgia, com os folhetins de todas as faixas registrando os piores índices de todos os tempos. Meu Pedacinho de Chão, Geração Brasil e Em Família foram algumas das tramas exibidas pela emissora carioca nesse ano, e todas passaram vexame.
Nos bastidores, o clima parecia bastante quente, seja por diretores pressionados e preocupados com a baixa audiência ou pelo conflito de ideias a respeito dos rumos que a dramaturgia da emissora iria tomar.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
E quem deixou isso evidente foi Sergio Valente, diretor de comunicação da Globo na ocasião. Em setembro daquele ano, durante uma palestra a publicitários no Festival do CCSP (Clube de Criação de São Paulo), Sergio soltou o verbo contra as pessoas que davam foco aos números de audiência das novelas na Globo, e afirmou com todas as letras que o mais importante seria a relevância e inovação das obras.
LEIA TAMBÉM!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
● CNN Brasil entrevista integrantes do Antifas, público detona e lembra escândalo do Domingo Legal: “Fake”
● Geraldo Luís espanta com relato sobrenatural e vê a morte de perto: “Um braço me pegou”
● Andrea de Nóbrega, ex de Carlos Alberto, após escândalos, anuncia notícia devastadora: “Lacrada e enterrada”
“Precisamos ter várias profundidades que desafiem as pessoas a ‘dar mergulhos’, como fizemos neste ano com O Caçador, Dupla Identidade. Meu Pedacinho de Chão, um produto às 18h, um primor de direção de arte. Um puta de um sucesso”, disse Sergio.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Aí o cara diz: ‘Ah, mas teve uma curva de audiência baixa’. Foda-se você com esse pensamento velho, cara! Você precisa olhar a relevância das coisas, e não só a audiência”, completou.
CONFLITO DE IDEIAS
A declaração de Sergio Valente por si só já causou enorme impacto, mas teria ainda mais peso por confrontar as ideias de Silvio de Abreu, que havia assumido há pouco tempo a direção de dramaturgia da Globo.
Como novo chefão desse setor, Silvio tinha uma visão completamente distinta do diretor de comunicação, acreditando que as novelas deveriam seguir a linha tradicional e popular.
“Eu acho que novela tem que voltar a ser novela. Essa história de fazer novela para ficar parecida com seriado, não dá certo. Novela é uma história folhetinesca com romance, com comédia, com drama, que a pessoa fique motivada a assistir todo dia e que tenha um gancho a cada comercial, e um gancho forte no final do capítulo”, declarou Silvio de Abreu em entrevista no mesmo ano.
“Nós vamos ter novelas de 100 capítulos e de 200, depende da história. O ruim é quando você não tem história para contar e fica enchendo linguiça, e quando eu supervisiono ou escrevo eu não faço isso. Isso é uma coisa que não quero que aconteça mais”, finalizou.
No fim das contas, Silvio de Abreu parece ter vencido essa “queda de braço”, uma vez que, de lá para cá, a Globo produziu bem mais novelas que apostavam em fórmulas populares, que receberam “pancadas” da crítica especializada, mas que garantiram bons índices de audiência, o que, no fim das contas, é o que move a indústria da televisão.