A disputa pelos domingos brasileiros no passado era bastante acirrada entre a Globo e o SBT, com Fausto Silva e o Domingão do Faustão, Gugu Liberato e Silvio Santos no comando dos principais programas da época. A emissora vivia em uma intensa briga pela liderança e, diante disso, foi feita uma estratégia inesperada para bater a concorrência.
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De acordo com Mauricio Nunes, diretor de quadros do Domingão do Faustão, foi feita uma cópia de todas as falas de Silvio Santos no SBT para analisar como era feito o seu programa de sucesso. “Peguei um caderno e escrevi tudo que Silvio falava. O programa inteirinho, quase oito horas. Vi que era muito lento, pouco dinâmico”, analisou o diretor.
“Fomos colocando coisas legais. Criamos uma ‘espinha dorsal’ com ‘Olimpíadas’, ‘Pegadinhas’ e ‘Videocassetadas’, e começamos a ganhar do Silvio, até que ele desistiu e foi para a noite”, contou ele, em entrevista ao jornalista Paulo Pacheco, do UOL. A matéria destaca que Faustão chegou na Globo após o canal perder Gugu Liberato.
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O loiro fazia sucesso no SBT, foi contratado pela emissora carioca, mas Silvio Santos conseguiu convencer Roberto Marinho a romper o contrato e resgatar seu pupilo. Foi aí que a Globo tirou Faustão da Band e fez a sua estreia no Domingão, cuja estreia foi bastante complicada, já que Fausto Silva estava tenso.
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“O Fausto estava muito nervoso. Um dia antes da estreia, teve uma crise renal e apresentou o programa ‘mais ou menos’. Ele passou a noite dormindo em uma banheira de água quente”, recorda o diretor. “Não estava normal porque estava saindo da Band para a Globo, com uma responsabilidade maior, vários anunciantes”, disse Lucimara Parisi, ex-diretora do Faustão, que hoje dirige o Programa do Ratinho no SBT.
“Claro que você fica um pouco tenso, por causa do senso de profissionalismo. Mas ele segurou lindo”, explica ela. Depois da estratégia de turbinar o programa, a partir das falas do dono do SBT, a estratégia funcionou perfeitamente e fez com que Silvio Santos praticamente abandonasse os domingos, que era o dia mais forte da sua programação.
“É um desafio toda semana, com o lema de ‘insatisfação permanente e renovação constante’, pois vem de uma atração segmentada, que é o futebol, e com o objetivo de conquistar público em todas as idades e estilos. Emoção, humor, informação, curiosidades, prestação de serviço público, música de todo tipo ou gênero são os ingredientes”, disse Fausto Silva ao UOL.
“Um cara para manter um programa líder durante 30 anos tem que ser bom. Vi desde o primeiro dia o que ele é hoje. Eu via nele um novo cara, irreverente, com novo linguajar. A garotada curtia muito. Eu sabia que ele iria estourar”, afirma Lucimara, que hoje trabalha na emissora de Silvio Santos.
Hoje, o quadro Videocassetadas é um carro-chefe do Faustão e já se tornou sua marca registrada. Apesar da simplicidade, há dois redatores e dois editores no comando, Riba Carlovich e o humorista Fábio Güeré, que escrevem os títulos das cassetadas e sempre fazem algum trocadilho ou referência ao vídeo que irá ao ar.
Riba trabalha nessa função há 30 anos e não se cansa de trabalhar, enquanto Güeré começou há dez meses. “A coisa mais importante é que se incorporou ao vocabulário das pessoas no dia a dia. A pessoa senta em uma cadeira e desaba: ‘Pô, videocassetada!’. Escolher a mesma cassetada e não repetir o texto é a minha motivação. Se o cara leva uma bolada no saco, o que escrevo? ‘Batida de ovos’, ‘omelete’, já usei todas essas”, disse Carlovich.
“Temos as cassetadas pontuais, temáticas, e há outras cassetadas soltas, que chamamos de ‘ordinárias’, para colocar qualquer frase e o Fausto improvisar em cima. Dois dias de pesquisa e fechamento do bloco e um dia de edição. Apesar de ser um quadro para divertir, ser um compilado de vídeos, é algo bem selecionado. Parece meio maluco eu falar isso, mas a escolha é bem criteriosa”, afirmou Fábio.
“É um respiro para a pessoa que já está no prenúncio da segunda-feira. A cassetada é universal, para qualquer idade ou classe social, e agrada a todos. É a grande virtude do quadro, porque o público de domingo é heterogêneo. Um tombo bem dado não tem erro”, afirma Riba na Globo.
“As bailarinas são o primeiro termômetro, porque elas começam a rir, a risada contagia o auditório e, depois disso, o Fausto vai também. Ele adora. É a hora que ele relaxa, porque é um programa longo, às vezes tem assuntos mais elaborados, e é ao vivo e gera uma tensão não só no no Faustão mas em toda a equipe. Quando ouvimos a musiquinha das videocassetadas, damos uma respirada, descansamos, porque é hora de dar risada”, finalizou Güeré.