Diretor de O Tempo Não Para, próxima novela das sete da Globo, Leonardo Nogueira só deixou atores de núcleos diferentes da trama se encontrarem vivendo seus personagens durante a gravação. Segundo ele, a ideia foi para manter um “ineditismo do estranhamento” entre os “congelados” e os contemporâneos.
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Nogueira começou a carreira em 1998, fazendo publicidade. Na Globo, sua estreia se deu por meio de uma oficina de direção, e ele já compôs a equipe de direção de diversas novelas e minisséries, como Casos e Acasos, Viver a Vida, A Vida da Gente, Salve Jorge, entre outras. Integrou a equipe de direção da novela Caminho das Índias, que conquistou o Prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela, e de Em Família. Foi o responsável pela direção geral da temporada de 2010 de Malhação, e de Flor do Caribe, em 2013. Já assinando como diretor artístico, seus últimos trabalhos foram Sol Nascente e Malhação: Pro Dia Nascer Feliz.
+ Saiba como será o início e a 1ª fase da próxima novela das sete
Confira a seguir entrevista com o diretor Leonardo Nogueira.
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Fale um pouco sobre a linguagem e a estética escolhida para essa novela.
Queremos trazer frescor e muito ritmo na imagem porque é uma novela com uma movimentação muito grande. Estamos trazendo uma São Paulo bem moderna para ajudar a mostrar os choques aos olhos dos “congelados”. Como a novela só tem um capítulo no século XIX e depois vem para os dias atuais, a gente quis fazer uma época com uma paleta com cor mais vibrante e viva para ilustrar esse capítulo de época. Trabalhamos com isso na fotografia, arte, figurino, arte e cenografia. Além disso, um elemento que permeia toda a história é a descoberta. Tudo é uma novidade e uma experiência para os “congelados”: tomar um banho, pegar um elevador, andar na rua, sacar dinheiro. A ideia é levar o público a enxergar pelos olhos desses personagens. Destacar qual é a sensação de estar num prédio de 10 andares, como é possível apertar um botão e sair café ou usar um telefone, que, na época, era uma raridade.
Haverá vários momentos em que os “congelados” se surpreenderão com o século XXI. Como isso se dará?
Os “congelados” vieram do século XIX, de uma fazenda onde levavam uma vida pacata, direto para o turbilhão dos dias atuais. A tecnologia traz muitas possibilidades e facilidades e eles vão achar isso ótimo. Uma parte muito interessante é o descongelamento dos personagens e isso vai alimentar a novela inteira porque eles vão acordando aos poucos e cada um tem um ponto de vista diferente em relação à nossa atualidade. Então vamos mostrar 2018 sob diferentes ângulos. Como são personagens com características bem diferentes, são várias formas interessantes e únicas de enxergar como é a vida hoje em dia, tão normal para gente. São vivências, impactos e experiências diferentes.
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Como foi o processo de preparação do elenco?
Tivemos a ideia de não cruzar o elenco “congelado” com o contemporâneo nesse processo para só ter o encontro entre esses núcleos durante a gravação. Assim conseguimos ter o ineditismo do estranhamento entre eles. Isso faz parte do humor que queremos trazer, pois é curioso uma pessoa chegar com roupas antigas aqui, de repente, por exemplo. A gente queria preservar esse primeiro olhar e levar para a hora do set. Além disso, tivemos todo o cuidado para que os “congelados” não andassem, se relacionassem, vissem um prédio ou pegassem num copo de vidro como as pessoas dos dias atuais. Para isso, esses atores tiveram aulas de comportamento, linguajar e etiqueta do século XIX e aula de preparação corporal.
A SamVita é um ponto de encontro de muitos personagens e traz uma proposta inovadora nas relações de trabalho. Como será essa empresa?
Ela tem um perfil jovem e inovador. Hoje em dia há grandes empresas que incentivam um dia a dia mais descontraído. Os funcionários trabalham de bermuda, levam seus filhos, usam bicicleta no ambiente de trabalho. É uma empresa que fala de sustentabilidade e traz isso como filosofia.
Quais são os maiores desafios na realização da novela e o que o público pode esperar?
É mostrar que a nossa história é extremamente realista. Não é farsesca. Existe uma gama de possibilidades de realizar isso e queremos fazer chegar ao público da maneira mais encantadora e factível possível. Apesar da premissa improvável, eu sempre brinco que algum dia vai chegar um iceberg aqui, pode ser daqui a 10 milhões de anos ou pode ser ano que vem.