Dívida de R$200M e portas fechadas: Falência de rede de supermercados e bens leiloados após 30 anos
24/04/2025 às 10h35

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Rede de supermercado tem triste fim após 30 anos de atuação em meio à falência, calote aos funcionários e uma dívida milionária
Após quase 30 anos de atuação no varejo da região norte do Brasil, uma rede famosa e gigantesca de supermercados acabou sendo engolida pela crise e teve sua falência decretada, o que tirou o chão de milhares de consumidores.
Trata-se da rede Supermercado Gonçalves, a qual encerrou suas atividades ainda em 2019.
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A falência resultou no leilão de seus bens. O patrimônio avaliado até então foi estimado em R$ 80 milhões, enquanto as dívidas estavam na casa de R$ 200 milhões.
Sendo assim, a partir de informações divulgadas pelo portal G1, a equipe especializada em economia do TV Foco separou todos os detalhes desse fim e o que restou da rede.

Fundação:
Fundado em 1990 por José Gonçalves da Silva e sua esposa, Benedita Cândida, o Supermercado Gonçalves iniciou suas operações na rua Guanabara, em Porto Velho (RO).
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Nos anos seguintes, a rede expandiu-se, inaugurando lojas em:
- Ariquemes;
- Buritis, Ji-Paraná (RO);
- Rio Branco (AC).
No total, eram nove unidades e, em 2013, a rede diversificou seus negócios com a criação da indústria de panificação Granopan e, em 2014, com a abertura de um empório na capital rondoniense.
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Declínio: crise e recuperação judicial:
Em 2016, diante de uma severa crise econômico-financeira, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial.
A administração da rede atribuiu a queda de faturamento a três fatores:
- A crise macroeconômica brasileira pós-eleições de 2014;
- A alavancagem junto a bancos;
- Elevadas taxas de juros;
- Redução de margens de lucro;
- Cortes de linhas de crédito.
Apesar dos esforços, a tentativa de recuperação não teve sucesso, o que acabou culminando em sua falência.

Falência e leilão dos bens
Conforme dito acima, em julho de 2019, a Justiça decretou a falência do grupo.
Os bens da empresa, incluindo lojas, imóveis, terrenos e veículos, foram leiloados em três chamadas realizadas em 2021.
As vendas arrecadaram cerca de R$ 71 milhões, valor destinado ao pagamento de aproximadamente 5 mil credores, entre ex-funcionários, fornecedores, prestadores de serviço e instituições financeiras.
Relatos dos funcionários:
De acordo com ex-funcionários ouvidos com exclusividade pelo G1, ainda no ano de 2018, começaram a faltar itens nas lojas, o que fortaleceu ainda mais que esses fechamentos seriam inevitáveis.
- Relato 1: Mesmo com o horizonte negativo, um funcionário do açougue do supermercado matriz recebe pouco mais de R$ 1 mil de salário. Logo no primeiro dia de trabalho, ele se acidentou com uma faca e precisou ser afastado. Ele conta que retornou como fiscal de loja e ainda trabalhou dois meses após o fechamento das unidades, em abril de 2019, mas teve que lutar para receber seus direitos.
- Relato 2: Na época, sem receber o salário de abril de 2020, um dos funcionários que havia recém financiado um carro foi ao banco em busca do FGTS e descobriu que a empresa não recolheu os valores referentes ao tempo trabalhado. Ele então passou a sustentar a família com o trabalho de motorista de aplicativo.
- Relato 3: Depois de 11 anos de vida dedicados ao supermercado, uma ex-funcionária passou dificuldades para se manter e conta com a ajuda de um filho no sustento da casa. Ela, que tinha 57 anos na época, alegou que não conseguia mais nenhuma recolocação no mercado de trabalho, apesar de participar e ser aprovada em processos seletivos de empreendimentos do segmento varejista:
“Durante esse período, a gente tem passado por muitas necessidades. A gente não recebeu os nossos direitos. A gente tem conta para pagar. Eu já deixei currículos em vários lugares, mercados por aí. Está difícil porque eles não querem contratar quem já passou dos 50 anos. Eu, por exemplo, só não estou passando fome por conta do meu filho que me ajuda.

Quando os funcionários do Supermercado Gonçalves receberam?
Apesar de toda a situação, somente em 23 de maio de 2022, foi confirmado o pagamento de parte dos direitos dos funcionários, após anos de espera.
A juíza Elisângela Nogueira, da 6ª Vara Cível de Falências e Recuperações Judiciais, autorizou a liberação dos valores pela Justiça de Rondônia, considerando que as pendências judiciais estavam resolvidas.
- A Caixa Econômica Federal disponibilizou R$ 14 milhões;
- Cerca de 80% dos trabalhadores receberam seus valores imediatamente, enquanto os outros 20% aguardaram a resolução de pendências.
Ao todo, a massa falida incluía 6.200 credores, entre fornecedores, bancos e outros.
Conclusão:
A trajetória do Supermercado Gonçalves reflete os desafios enfrentados por empresas familiares diante de crises econômicas e decisões estratégicas arriscadas.
Apesar de sua significativa presença no varejo da Região Norte, a combinação de fatores internos e externos culminou em sua falência.
O caso destaca a importância de uma gestão financeira prudente e da adaptação constante às mudanças do mercado para a sustentabilidade dos negócios.
Para saber sobre mais falências e casos parecidos como esse, clique aqui. *
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.