Série Os Trapalhões foi um fenômeno de audiência na Globo. (Foto: Reprodução)
Premonições são algo que atiçam bastante a curiosidade das pessoas, e ganham fama através do audiovisual, quando o público mais atento aponta que determinada personalidade ou até mesmo algum programa fez previsões impressionantes de algo que ocorreria no futuro, e que mais tarde viria a se concretizar. Uma atração que é famosa por suas “previsões” do futuro é a série Os Simpsons, que está no ar há 30 anos nos Estados Unidos. Mas no Brasil, também tivemos uma produção famosa, que fez uma “previsão” em especial que chamou bastante atenção pela riqueza de detalhes — ou apenas coincidências para os mais céticos. Estamos falando de Os Trapalhões.
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Considerado um dos maiores programas de humor da história da televisão brasileira, senão o maior de todos, Os Trapalhões chegou a entrar para o Guinness Book como a atração humorística mais longeva de todos os tempos na telinha.
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O projeto embrionário foi Os Adoráveis Trapalhões, lançado pela TV Excelsior em 1966, mas com uma formação bem diferente da conhecida pelo grande público. No início da década de 70, o programa chegou a ser exibido pela Record e TV Tupi, mas foi apenas em 1977 que estrearia na Globo com o seu quarteto clássico, composto por Didi (Renato Aragão), Dedé (Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves).
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UM ANO ESTRANHO
Na Globo, Os Trapalhões tornou-se um sucesso imediato, até a chegada de 1983, um ano emblemático na trajetória do grupo. Em maio, o programa iniciou uma nova fase, com a maior participação do público, que podia acompanhar a gravação de algumas esquetes ao vivo. Havia novidades na equipe de produção, com Gracindo Júnior assumindo a direção e Carlos Alberto de Nóbrega, que hoje comanda A Praça é Nossa, no SBT, entrando para o time de redatores.
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Mais tarde, naquele ano, o grupo decidiria se separar pela primeira vez, após sete anos de parceria na Globo. Dedé, Mussum e Zacarias romperam com a Renato Aragão Produções, que cuidava dos negócios do grupo, para formarem sua própria empresa (Demuza), a fim de investirem sozinhos na carreira cinematográfica e deixarem o programa. A separação durou cerca de seis meses, e nesse período, Renato Aragão precisou estrelar o humorístico sozinho.
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Meses antes, no dia 1º de janeiro de 1983, a Globo exibiu uma edição especial de Os Trapalhões, encerrando a sua programação de fim de ano. Apesar do formato especial, o episódio, de número 310, poderia ter sido apenas mais um entre centenas do programa, mas tornou-se icônico por suas incríveis premonições do futuro.
O especial, apresentado por Chico Anysio, durou mais de 50 minutos e foi dedicado aos 18 anos de amizade e parceria entre Renato Aragão e Dedé, mas também contou com a participação de Mussum e Zacarias. E foram eles, aliás, que interpretaram as cenas mais simbólicas dessa gravação.
O episódio se passava no futuro, mais precisamente no ano de 2008. Na história, Mussum e Zacarias interpretavam seus próprios filhos, que eram entrevistados em um cenário futurista por uma espécie de “humano evoluído” que estava montando um programa sobre humoristas do século passado.
Didi, Dedé, Mussum e Zacarias formavam o quarteto clássico de Os Trapalhões. (Foto: Divulgação)
APENAS COINCIDÊNCIAS?
Nessa “entrevista”, Mussum e Zacarias revelavam que os seus pais já faleceram, e que do quarteto de Os Trapalhões, permaneciam vivos apenas Didi e Dedé, mas que eles estavam separados após uma briga que ocorreu há 15 anos. Porém, no final do episódio, após muitas discussões, os dois, já bastante “idosos”, resolvem fazer as pazes.
É a partir daí que as coincidências têm início. Isso porque, na vida real, Zacarias e Mussum já faleceram (em 1990 e 1994, respectivamente), enquanto que Renato e Dedé permanecem na ativa. O detalhe mais impressionante é que os dois também ficaram separados na vida real por exatos 15 anos, e só foram fazer as pazes em 2008, assim como no episódio.
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Em outra sequência, quando Mussum e Zacarias decidem ir até a casa de Dedé, eles são recepcionados por três crianças pequenas, outra grande coincidência, uma vez que, na vida real, Dedé também mora com três filhos.
E as “previsões” não param por aí. Em entrevista ao programa SuperPop, da RedeTV!, em 2018, Dedé revelou que a sua casa no episódio, construída em estúdio, é idêntica a que ele vive atualmente.
Apesar do tom cômico, o episódio reservou momentos de muita sensibilidade. Uma das cenas mais emblemáticas é quando Mussum e Zacarias conseguem reaproximar Didi e Dedé, e acabam se emocionando, afirmando que seus “pais” — o próprio Mussum e Zacarias — estariam felizes de vê-los unidos novamente.
A explicação para tudo isso pode se dar através da espiritualidade. Em 2009, um ano após as “previsões” de Os Trapalhões se concretizarem, o pai de santo Renato de Oxalá afirmou que quem escreveu o episódio teria algum dom especial. “Eles foram amigos em várias vidas e voltaram a se encontrar nesta. Tenho certeza que os que morreram ajudaram Didi e Dedé a se reencontrar. Quem escreveu esse programa devia ter algum dom de mediunidade”, afirmou.
O babalorixá Jair de Ogum assegurou que o episódio foi, de fato, uma premonição, e que serviu como um recado aos humoristas: “Esse é um caso de premonição. Quem escreveu essa história, mesmo sem saber, estava dando um recado para os artistas. Os espíritos tentaram dizer alguma coisa a eles, que, provavelmente, não levaram a sério”.
Assista a cenas do episódio:
