A novela “Esperança” foi um dos maiores problemas da Globo nos anos 2000. Além de fracassar em audiência, o folhetim ainda foi marcado por um afastamento do autor titular, Benedito Ruy Barbosa, e por uma briga nos bastidores envolvendo Barbosa e Walcyr Carrasco.
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A trama que teve como pano de fundo os reflexos da Grande Depressão de 1929 no cenário sociopolítico mundial, a queda do ciclo do café e a transformação do Brasil em um país formado por imigrantes de várias nacionalidades, contava a história de amor dos italianos Toni (Reynaldo Gianecchini) e Maria (Priscila Fantin), na década de 1930.
Lançada em junho de 2002, “Esperança” foi pensada para ser uma continuação de “Terra Nostra” (1999), e seria batizada de “Terra Nostra 2”. Segundo Benedito Ruy Barbosa, porém, ele percebeu que não conseguiria dar continuidade às tramas desenvolvidas na novela anterior e propôs uma nova história, embora versando sobre o mesmo tema da imigração. No entanto, a tentativa fracassou. A audiência foi desastrosa e, para piorar ainda mais a situação, ocorreu uma tumultuada substituição.
“Esperança”, que sucedeu “O Clone” – grande sucesso da autora Glória Perez, que chegou a bater a casa dos 60 pontos de média na Grande São Paulo, em seu último capítulo – foi o maior fiasco da Globo na década passada, e considerada a pior audiência da história da faixa das oito, na ocasião. O folhetim de Benedito Ruy Barbosa chegou a casa dos 20 pontos, índices considerados extremamente pífios, numa época onde as tramas das oito – hoje das nove – marcavam números na casa dos 40/50 pontos.
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Como se o fracasso de público já não fosse suficiente, “Esperança” sofreu atrasos na entrega de capítulos, levando à gravação de cenas na véspera ou até mesmo no dia de sua exibição. Devido a problemas pessoais, Benedito Ruy Barbosa se afastou da trama em dezembro de 2002, e Walcyr Carrasco assumiu a autoria, a partir do capítulo 149, passando a contar com a colaboração de Thelma Guedes.
Barbosa X Carrasco
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Sob o comando de Carrasco, a trama ganhou novos desdobramentos e personagens. Foi aí que Barbosa ficou irritado. “Quando ele [Walcyr Carrasco] assumiu a novela, deixei de assistir. Se visse, queria bater nele. Na época, liguei para o Mário Lúcio Vaz [então diretor artístico da Globo]: ‘Olha, Mário, avisa o Walcyr que, quando eu encontrar com ele, eu vou dar porrada, entendeu?’ Ele simplesmente acabou com a minha novela. Não terminou como eu queria. Depois, mandou uma carta pedindo desculpas. Coitado! O sujeito andava ressabiado comigo. No fim, tudo terminou bem. Acendemos o charuto da paz”, disse o autor no livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, em 2009.
Carrasco se defendeu, e disse que não tinha como tentar ser igual a Barbosa. “Eu o entendo perfeitamente. É como dar o filho para o outro educar. No lugar do Benedito eu também teria ficado muito mal. Não pude conversar com ele devido ao seu estado de saúde. Mas, quando assumi a novela, quis imprimir meu ritmo. Não havia como tentar ser igual a ele. Por sinal, o Benedito é um dos autores que mais admiro na história da televisão.”
O que “Esperança” foi para a Globo em 2002, “Babilônia” está sendo em 2015. O único fato que não ocorreu agora, foi o afastamento do autor da trama, que desta vez não é apenas um, mas sim três. Três escritores conduzindo uma história que virou uma verdadeira colcha de retalhos, e agoniza à espera de seu tão desejado fim.