Dilma Rousseff foi a entrevistada do talk show ‘Mariana Godoy Entrevista’ desta sexta-feira (10). Diretamente do Palácio da Alvorada, em Brasília, a presidente afastada conversou com a apresentadora Mariana Godoy e comentou os últimos acontecimentos na política brasileira. “Eu espero que a Comissão de Ética cumpra seu papel, que essa postergação sistemática, essa manipulação sistemática da Comissão de Ética pare”. E completou: “Eu não gosto de condenar ninguém porque eu não faço papel de juiz, mas que se cumpra rigorosamente a pauta, e que as manipulações parem e sejam interrompidas, e que ele [Cunha] responda na justiça pelas contas na Suíça e por ter negado que ele tinha contas na Suíça”.
Sobre o governo do presidente interino Michel Temer, Dilma fez críticas à medidas adotadas que, segundo ela, ‘desmantelaram o Estado’.“Não dá para acabar com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O futuro do nosso país depende da ciência, da tecnologia e da inovação (…) Não é assim que se dirige um estado. Reduzindo ministérios a economia é mínima, isso se houver economia, se não ficar mais caro”, defendeu.
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A apresentadora Mariana Godoy questionou a respeito da reforma política ser prioridade do governo caso Dilma retorne ao poder e a presidente afastada reiterou a importância de reassumir a presidência. “Eu acho imprescindível que o meu mandato seja restabelecido, mas eu não acho que só isso resolve as questões. Acho que o Brasil vai ter que repactuar a política. Não abro mão do fim desse processo fraudulento de impeachment”. Ainda sobre o tema, a política explicou porque considera ter sido vítima de um golpe. “Dizem que não é golpe porque as instituições estão funcionando. Há hoje, no mundo, outra compreensão a respeito dos tipos de golpe existentes. O golpe militar afastava o presidente, mas ao mesmo tempo destruía o regime democrático, acabava com o direito de imprensa, acabava com a liberdade de opinião. O golpe no momento atual usa de outro método, ele quebra a legalidade, quebra a Constituição, e tenta manter o regime democrático”.
“Eu irei até as últimas consequências para defender não o meu mandato, mas, sim, as instituições”, afirmou Dilma Rousseff ao relembrar a votação do impeachment na Câmara dos Deputados em 17 de abril. “Estou tranquila e vou lutar para voltar”.
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Para a presidente afastada, o impeachment é uma forma de evitar que as investigações cheguem a determinados políticos e, quando Mariana pergunta se as mesmas não poderiam afetar o ex-presidente Lula, Dilma dispara “há dois pesos e duas medidas quando se trata de Lula”. “Quando se trata de vazar conversa da presidenta da República com qualquer pessoa, no mundo inteiro não teria discussão: a pessoa que faz isso e revela, vai pra cadeia. Nos Estados Unidos ele nem pisca, e é a maior democracia do mundo”, disse a política, que ainda revelou não concordar com a prática dos vazamentos. “Acho que a prática de vazamento leva a uma das piores consequências: a espetacularização da política e o uso da investigação criminal parcial, não revelada integralmente, não julgada, como instrumento político de acabar com o adversário”. “Vazam delações premiadas que ainda não foram concluídas. Vazam informações a meu respeito e elas nunca são provadas. O último vazamento foi o do senador Delcidio sobre Pasadena. Pasadena foi uma compra que a Petrobras fez em 2006. Comprou 50% das ações da refinaria”, concluiu.
A corrupção também foi pauta da entrevista e a presidente defendeu ter buscado a transparência durante seu governo. “Houve corrupção. Não é privilégio da direita ou do centro ser corrupta e a esquerda ser uma santa. (…) Essa visão de que tem os corruptos que são políticos e todo o resto da sociedade não é corrupta é uma visão absolutamente equivocada a respeito do mundo. A pessoa não é corrupta porque ela desempenha uma finalidade, ela é corrupta porque não resiste às condições para enriquecer ilicitamente.
Tem uma questão ética aí. Todas as pessoas que resistem, resistem porque tiveram uma criação: pai, mãe, professor; alguns por convicção religiosa, outros por convicção ideológica”.
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Ao falar sobre a crise econômica, Dilma Rousseff defendeu a volta da CPMF como forma de “obtenção de recurso de receita” e afirmou que o governo provisório está “fazendo demagogia” e “esperando a eleição passar” para apresentar as medidas necessárias. “A transação financeira da CPMF permite que a Receita Federal controle todo o processo de evasão fiscal, controle se os impostos devidos estão sendo pagos. Nunca gostaram da CPMF. Não só porque ele é um imposto. É porque ela é um mecanismo muito forte de controle. (…) Você sabe quem ganha mais e está evadindo o fisco. No Brasil nós temos uma imensa dificuldade em tributar aqueles que mais ganham”.
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A apresentadora Mariana Godoy relembrou a última participação de Ciro Gomes no programa, quando o ex-ministro defendeu a volta da presidente, mas criticou duramente seu governo e Dilma Rousseff disparou: “Eu não serei conhecida como a pior presidenta do Brasil porque eu não fui, e não serei. Eu posso ter cometido erros, mas quem é que não comete? Agora, não estou sendo afastada pelos meus erros, estou sendo afastada porque não querem que diante da crise se continue pagando programas sociais”.
“O meu maior erro foi ter feito uma aliança com quem eu não devia”, ponderou Dilma Rousseff respondendo perguntas das redes sociais, afirmando ainda que “saberá lidar” com o fato de que, se voltar ao poder, Temer ainda será seu vice.
*Crédito/Fotos: Divulgação/RedeTV!