Em ‘guerra’, Record demite responsáveis pela entrevista de Richthofen a Gugu

Demissões tomam conta dos bastidores do “Programa do Gugu” (Foto: Divulgação/ Record)

Com uma ‘guerra’ interna entre os departamentos artístico e de jornalismo, a Record promoveu demissões no “Programa do Gugu” recentemente. Responsáveis pelo maior feito da atração desde a estreia, em 25 de fevereiro, sete profissionais que negociaram e trabalharam na entrevista com Suzane von Richthofen foram demitidos pela Record. Os funcionários foram vítimas da guerra de egos e da disputa entre as áreas artísticas e de jornalismo do canal. Desde o final de março, a atração de Gugu Liberato está sendo comandado pelo departamento de jornalismo, que ainda não digeriu o fato de ter perdido para um programa de entretenimento uma entrevista que tentava fazer havia dez anos. É o que informa a jornalista Márcia Pereira.

Novo diretor-geral do “Programa do Gugu”, Virgílio Abranches está dispensando profissionais da equipe formada por Vildomar Batista, seu antecessor, que foi colocado na ‘geladeira’ da Record. “A sensação é de injustiça. A gente conseguiu o que o jornalismo da emissora tentava fazer havia quase uma década, mas, em vez de sermos recompensados, fomos descartados por causa de vaidade”, disse um jornalista demitido, que pediu para não ser identificado.

Porém, as demissões que tiveram início na semana passada, estão sendo realizadas de forma devagar, uma a uma, para não “virarem notícia”.Dois diretores de externas, dois editores finalizadores e três produtores foram dispensados. Outros dois profissionais pediram para sair por conta do “climão” que está nos bastidores. Todos trabalharam na entrevista de Suzane von Richthofen, condenada por assassinar os pais. A reportagem foi a maior audiência do “Programa do Gugu” até agora, com 16.5 pontos de média na Grande São Paulo.

Suzane foi o grande destaque nas duas edições do programa (Foto: Reprodução/ Record)

E mais demissões irão ocorrer, afirma outro funcionário, que também não quer ser identificado. “É uma questão de tempo. Por enquanto, somos mão de obra barata”, disse ele, referindo-se ao fato de os salários dos profissionais contratados pela produtora de Gugu, a GGP, serem 30% mais baixos do que os pagos pela rede de Edir Macedo. Por causa da transferência para o jornalismo, o programa passará a ser realizado nos estúdios da Record, na Barra Funda (zona oeste de São Paulo), e não mais na GGP, em Alphaville (Grande SP).

A produção contava com 38 profissionais quando foi implantada, mas ganhou reforços com a troca no comando. Praticamente dobrou de tamanho com funcionários “emprestados” pelo departamento de jornalismo.

A situação do ex-diretor da atração, Vildomar Batista, é complicada. O contrato dele termina daqui a três meses, e especula-se que a estratégia da Record é deixá-lo sem projetos, assim como a emissora fez com os ex-apresentadores do “Hoje em Dia” (Chris Flores, Celso Zucatelli e Edu Guedes), para forçá-lo a sair ou baixar seu passe numa eventual renegociação.

A briga de egos nos bastidores do programa de Gugu começou muito antes da estreia. Inicialmente, a direção da emissora queria que o apresentador fizesse um programa mais voltado para o entretenimento, com games e brincadeiras. No entanto, a equipe contratada por Batista tentou mesclar entretenimento com jornalismo, gerando ciúmes dentro da própria Record.

Muito do conteúdo apresentado nos últimos programas são ideias que estavam sendo desenvolvidas pela equipe que implantou o programa, não pelo departamento de jornalismo. A entrevista com Marcelo Rezende, por exemplo, foi sugerida pelo pessoal de Vildomar Batista, mas o vice-presidente de jornalismo, Douglas Tavolaro, a vetou. Liberou assim que sua área assumiu a atração.

Procurada para comentar o assunto, a Record preferiu não se pronunciar.

As informações são da jornalista Márcia Pereira.