Encontros e Desencontros – Por Arthur Vivaqua

Há cerca de seis meses eu a esperava.

E, enquanto isso, ela me provocava.

“Encontre-se comigo”, dizia, “e você nunca mais será o mesmo!”.

Ontem, pontualmente às 10:30h, eu estava pronto.

Ela se atrasou seis minutos (mulheres!), o que só fez com que minha ansiedade aumentasse.

Ao chegar, ela fez uma bela retrospectiva dos últimos meses.

Estava bonita, bem vestida, sofisticada, mas estranhamente… igual.

Permaneci em silêncio e ela, corajosamente, decidiu puxar o assunto:

Adoção.

Franzi a testa diante do tema, mas admito que a conversa foi agradável.

Apenas uma coisa me intrigou:

O Encontro, que deveria ser nosso, começou a ser invadido por penetras.

Correspondentes internacionais, comentaristas tímidos, maridos, humoristas sem graça…

Controlei meu ciúme durante o break. Na volta, ela virou a página:

Viagens de avião para principiantes.

Confesso: Precisei tomar café para não cometer uma gafe e acabar dormindo durante a conversa.

Novo break, nova chance, nova esperança.

Mas novamente ela me surpreendeu:

Depilação (masculina).

Por (graças a Deus!), não ter experiência no assunto, preferi ficar em silêncio durante o papo.

Ao fim, um penetra diante de um notebook noticiou algo sobre “índios” e “Belo Monte”.

A mistureba de assuntos me deixou em pânico: Teria eu caído numa armadilha da Tina Roma e aquele era o Tudo a Ver?

12:00h. Fim do Encontro.

***

Em sua estreia, a nossa Fátima brilhou, mas a nova Fátima não apareceu.

Ela se preocupou tanto em ser quem o Público queria que se esqueceu de simplesmente ser quem o Público gosta.

Fátima criou um Formato que a deixou (muito!) dependente dos convidados que recebe.

E ao menos no 1° Encontro, eles a deixaram na mão.

Pessoas pouco carismáticas prejudicaram temas pouco interessantes.

O Encontro sofreu com desencontros:

Um “stand-up” sem graça, uma constrangedora cabine de sonhos, um time sem entrosamento…

E, acima de tudo, uma Fátima esforçada, porém forçada.

O ponto alto da Estreia foi o link feito com Bonner.

Mais uma prova de que a roupa é nova, mas a Fátima é antiga.

“A Fátima que você conhece de um jeito que você nunca viu!”, dizia o slogan.

Bem, ele não deve conhecer nossa intimidade, pois eu já vi aquela Fátima.

Nos conhecemos há anos.

Uma Fátima que tem fobia de avião, mas é impessoal demais para incluí-la na Pauta.

Uma Fátima que conversa com o marido sem permitir-se um momento de descontração ou um simples “Eu te amo“.

Uma Fátima que saiu da Bancada, mas que possui uma Bancada dentro de si mesma…

***

Em dado momento, uma Produtora (que, inexplicavelmente, aparece a todo instante) apontou uma moça da plateia e disse que ela havia viajado pela primeira vez de avião especialmente para assistir ao Programa.

Uma animadora lhe daria um abraço.

Uma apresentadora lhe soltaria um beijo.

Mas a jornalista Fátima apenas sorriu e agradeceu.

Eis o retrato de alguém que quer, mas não consegue ser quem não é.

***

Marcamos outro Encontro para hoje e, por respeitá-la e admirá-la, eu estarei lá.

Confesso, porém, que estou com medo.

Não contem a ela, mas não sei se seu sorriso sustentará para sempre nossa falta de assunto…

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