Em entrevista concedida ao podcast Inteligência LTDA, o jornalista Ullisses Campbell revela relatos inéditos sobre o que maníaco do parque vivenciou
Chamado de “Maníaco do Parque”, Francisco de Assis Pereira, atuou como motoboy e cometeu uma série de estupros e assassinatos em São Paulo no final dos anos 90.
Em 2000, a justiça o condenou por violentar, torturar e matar várias mulheres. Ele atraía suas vítimas com a promessa de sessões de fotos no Parque do Estado (atual Parque Ecológico do Estado), onde cometia os crimes.
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Pereira foi condenado a mais de 285 anos de prisão, porém ao cumprir 30 anos ele poderá ser colocado em liberdade em 2028.
Ulisses Campbell, jornalista especializado em crimes reais brasileiros e autor de diversos livros sobre os casos mais famosos, incluindo os de Francisco, esteve no podcast Inteligência LTDA e expôs relatos inéditos e até mesmo macabro sobre a vida do serial.
Sendo assim, a equipe especializada em crimes do TV Foco, buscou alguns trechos dessa entrevista através do YouTube e traz em detalhes nesta terça-feira (29).
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Infância maldita:
Ao ser questionado sobre o contexto histórico em que o maníaco vivia antes de cometer esses crimes, Ulisses enfatizou que, embora muitos possam ter passado por situações difíceis sem se tornarem assassinos, no caso específico do maníaco, alguns fatores cruéis contribuíram para sua transformação em um criminoso:
“Ele se torna na vida adulta um assassino cruel, mas na sua infância ele foi vítima de uma série de abusos como negligência familiar, estupr0 por parte de parentes, negligência na escola… Então o DNA e a construção da personalidade assassina dele é muito bem definida no livro-(Francisco de Assis-O Maníaco do Parque).
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Ulisses ainda ressalta a necessidade de não generalizar as experiências pessoais com os casos discutidos:
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“Claro que nada justifica, tem sempre alguém que diz ‘Ai eu sofri bullying na escola e não me tornei um assassino’, mas assim, nós estamos falando de um maníaco! É esse o universo dele, no caso dele, esses elementos fizeram isso com ele”.
Nascimento conturbado
Francisco nasceu em São José do Rio Preto em 1967. Sua mãe era empregada doméstica e seu pai coletor de laranja.
A mãe teve 3 filhos e mudou-se frequentemente entre cidades em busca de melhores oportunidades:
“A mãe conta que planejou o primeiro filho, mas enquanto amamentava o mais velho, o Luís Carlos, ela estava grávida do Francisco e não sabia, ela sentia os sintomas, mas achava que era por conta da amamentação”. — Iniciou ele que continuou:
“A diferença de um para o outro é de um ano, ambos são do dia 27 de novembro, só que um nasceu em 66 e ele em 67, depois ela teve outro filho. Na época, era comum se mudar de cidade para cidade aonde tinham as oportunidades. Mas quando você tem 3 filhos, fazer isso é complicado”.
Sofrimento da infância
Diante das dificuldades, a mãe levou com ela apenas o mais velho e o mais novo, deixando Francisco com a avó durante uma dessas mudanças.
De acordo com Ullisses Campbell, a mãe nega, mas Francisco afirma em um dos testes criminológicos, que essa avó tinha um marido envolvido em práticas obscuras, incluindo rituais satânicos:
“João era um homem que tinha uma edícula no quintal aonde realizava rituais satânicos. Sabe aqueles anúncios de destruição, fechar corpo e trazer amor de volta? Ele fazia esse tipo de atendimento.”
O avô, que também foi acusado de homicídios, envolveu Francisco nas atividades dele desde jovem, criando um ambiente propício para comportamentos violentos:
“Quando Francisco completa de 7 a 10 anos ele começou a auxiliar o avô nesse trabalho. Ele fazia sacrífico de animais, o avô foi acusado de homicídios, incluindo a tentativa de assassinato da própria mulher com um facão”.
Negligência escolar
Ainda conforme o jornalista, Francisco nasceu com dificuldade de fala, sobrepeso e demorou a falar. Então com todos esses problemas de saúde e cognição, enquanto os colegas avançavam, ele ficava:
“Ele repetiu 3 vezes a primeira série porque ele não conseguia ler nem fazer cálculos simples, tipo 2 mais 2. Porém, existe um fenômeno na educação chamada distorção idade série, se a criança repete muito uma série e vai crescendo não pode ficar com alunos de baixas faixas etárias. Aí ele vai em uma série especial só com alunos com a mesma dificuldade dele.”
Lembrando que estávamos na época sob o regime militar e era comum o uso de palmatórias entre outros métodos de “castigos” e, poderíamos dizer, torturas contra crianças mais complicadas:
“Tinham palmatórias com furinhos para infligir nessas crianças. E quanto mais interiorana as cidades, os castigos eram ainda mais cruéis. Tinham professoras mais carrascas que quando alunos erravam a tabuada-por exemplo-era paulada na mão”.
Segundo o relato, quando a mão já estava muito machucada, as professoras batiam nos punhos e aí eles aprendiam assim, sob esses métodos violentos: “Então ele aprende a ler, escrever e a fazer conta sob esse regime de tortura”.
Trauma
Porém, segundo relato de Ullisses, tinha uma professora que nutria um sentimento de carinho por ele.
Mas, quando ela percebeu que ele não acompanhava o resto da turma, ela passou a aplicar ditados de palavras e soletrava bem lentamente.
Aí ela começou a incentivar ele a escrever na frente de todos, porque na mentalidade dela se ele “passasse” certa vergonha na frente dos colegas ele passaria a se esforçar mais.
Porém, o efeito foi o contrário e o que era para ser um impulso acabou o traumatizando ainda mais a ponto de fazer ele urinar na cama, devido ao estresse escolar, resultando em conflitos familiares e isolamento social:
“Os alunos começaram a rir na cara dele e nisso ele começou a urinar em pé, na cama. Os irmãos começavam a expulsar ele do quarto por conta do mau cheiro. Sendo assim, ele passou a dormir na sala, mas como acontecia o mesmo, o ambiente de casa passou a ser desconfortável para ele”.
A falta de acolhimento tanto em casa quanto na escola levou ele a passar mais tempo nas ruas, buscando aceitação fora do ambiente familiar.
“Com isso ele passou a passar mais tempo na rua, pois como ele não era acolhido nem em casa e nem na escola, então ele saía de casa para ir para escola mas ficava perambulando nas ruas”
Vida no matadouro
Francisco em uma dessas andanças fez amizade com um colega que trabalhava em um matadouro e essa experiência marcou o início da vida adulta.
As descrições vívidas das condições de trabalho no matadouro foram detalhadas pelo jornalista, incluindo o processo brutal de abate animal:
“Matadouro de boi e a função dele era matar os bois com marretada na cabeça. Porém, a primeira função dele era limpar o chão. Mas como matavam 500 bois por dia, a quantidade de sangue criavam camadas grossas. Com o tempo ele foi promovido para marreteiro”.
Obviamente que, assim como Campbell deixa claro, nada justifica os crimes hediondos cometidos por ele. Porém, todo esse contexto nos faz refletir em como certas marcas e acontecimentos traumáticos podem destruir a vida de uma pessoa.
Para saber sobre mais crimes reais e brutais, cujos quais viraram livros de Campbell, clique aqui*
Aonde comprar o livro “Francisco de Assis-O Maníaco do Parque?
O livro de Ullisses Campbell, “Francisco de Assis–O Maníaco do Parque”, foi lançado em 2 de setembro deste ano de 2024 e pode ser adquirido nas principais lojas de e-commerce como:
- Amazon
- Mercado Livre
- Estante Virtual
- Entre outros
Conclusões finais:
Francisco de Assis Pereira, conhecido como “Maníaco do Parque”, foi condenado em 2000 por crimes de estupro, tortura e assassinato de mulheres em São Paulo nos anos 90.
Ulisses Campbell, autor e jornalista, explora em seu livro a trajetória conturbada de Francisco, marcada por:
- Abusos familiares;
- Negligência;
- Ambiente hostil.
Fatores que contribuíram para sua transformação em um criminoso. Embora nada justifique os crimes cometidos, o contexto traumático ressalta como certos fatores podem moldar a psique de uma pessoa.