Nesta segunda-feira (10), desde ás 9h, duplas sertanejas, ativistas de várias organizações, artistas, parlamentares, ex-funcionários e funcionários das emissoras de rádio e da TV Cultura realizam um ato-show contra as demissões e a política de desmanche e privatizações da empresa. O protesto ocorre na Rua Cenno Sbrighi, 378, Lapa, em frente à sede da Cultura.
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Acontece que o governo do estado de São Paulo negou reajuste salarial aos jornalistas e radialistas da Rádio e TV Cultura, sob a alegação de problemas financeiros. Segundo o sindicato, o presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, optou por fazer um corte de 25% nos contratos, número maior que o do governo, fixado em 20%.
A entidade alerta que essa opção irá causar impacto na precarização das relações de trabalho e no projeto da TV, cujo o contrato para distribuir o sinal para mais de 300 cidades foi cortado. Os Sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas protestaram contra a decisão e organizam juntos o movimento para reverter a situação.
Além disso, ex-artistas da emissora divulgaram um vídeo em que aparecem pedindo ajuda para o canal paulista, ressaltando os programas que acabaram. Em uma rede social do ator Luciano Amaral, o vídeo já aparece com mais de 6 mil compartilhamentos. Clique aqui e veja!.
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Para fortalecer a luta em defesa da Cultura, foi lançado um manifesto, que pode ser lido a seguir. Para assinar, acesse aqui.
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“Somos brasileiros e brasileiras, somos paulistas, somos de várias gerações que na infância, na adolescência e na idade adulta tivemos a oportunidade de ter acesso a uma programação – de rádios e de televisão pública – orientada pela promoção da cultura nacional e local. Conteúdos que ao longo de décadas foram produzidos por equipes formadas por profissionais (jornalistas, radialistas, artistas, técnicos) que buscavam a excelência. O resultado deste trabalho foi reconhecido nacionalmente e internacionalmente, com muitos prêmios e com uma audiência cativa que consolidaram historicamente as rádios e a TV Cultura de São Paulo como uma alternativa aos meios de comunicação comerciais.
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As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis, como o Rá-tim-bum, e na de musicais, como o Fábrica do Som, Ensaio e o Viola, Minha Viola, dando espaço também à difusão de curtas-metragens, com o Zoom. As emissoras se tornaram um patrimônio da população paulista.
Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e terceirização da programação, com a degradação de seu caráter público e da sua qualidade. Vários programas de referência da emissora foram extintos, como Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cocoricó e Bem Brasil. Outros tantos sofreram risco de extinção, como o Manos e Minas e, mais recentemente, há a ameaça de acabar com o Viola Minha Viola, líder de audiência da emissora, e o Provocações. Além disso, o premiado Quintal da Cultura perderá a participação dos artistas e será reestruturado para ser apenas o espaço de veiculação de desenhos animados.
Esse processo vem acompanhado de demissões em massa e de precarização das relações de trabalho, tanto na TV quanto nas rádios, com estrangulamento da equipe de jornalismo e radialismo; enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis; entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo; sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes. O mais recente ataque à estrutura da TV foi a retirada do seu sinal das antenas parabólicas, excluindo 30 milhões de pessoas de acesso ao canal.
Acompanhamos esse processo estarrecidos, mas não passivamente. Vamos lutar para impedir o desmanche da Cultura. Queremos a Cultura Viva, refletindo a diversidade e a pluralidade do povo paulista e brasileiro. Queremos a Cultura Viva, mas queremos que ela seja ainda mais pública, que ouça a sociedade, que espelhe de forma criativa a complexidade e a efervescência cultural do nosso estado e do Brasil”.