Ex-autor da Globo diz que há excesso de novelas no ar: “um verdadeiro massacre”
18/05/2018 às 20h40
Em entrevista ao Uol, Marcílio Moraes, que escreveu novelas e séries na Globo e na Record, comentou que acha que a TV atualmente está ‘infestada’ de novelas.
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“Eu trabalho na televisão há mais de 30 anos e tenho uma visão crítica em relação a ela. Você já deve ter lido declarações minhas a respeito. Por exemplo, acho excessiva a quantidade de novelas na TV brasileira. Todo o nosso horário nobre é ocupado por elas, verdadeiro massacre. Um escritor não deve perder o espírito crítico”, disse.
Sobre ser autor de novelas nos anos 80 e 90 e hoje em dia, Marcílio comparou: “Há alguns anos atrás, eu achava que as novelas perderiam sua relevância no Brasil. Não aconteceu, pelo menos de modo significativo. Talvez a única mudança seja uma pequena abertura para novos autores e uma maior interferência no trabalho do autor”.
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Após cutucar a Record no ano passado, dizendo que o sucesso da Globo se deve ao fato de que Roberto Marinho e seus filhos nunca “se meteram nas novelas”, Marcílio comentou o caso: “Naquele momento, houve um clamor muito grande por causa de interferências numa novela bíblica (Apocalipse). Mas tenho ouvido, a boca pequena, reclamações de interferências em todas as emissoras e nas produtoras pequenas”.
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E seguiu com o raciocínio: “Com o avanço da produção independente no país, parece que está acontecendo um movimento perverso de tentar diminuir a importância do autor-roteirista. Então lembrar o exemplo do Roberto Marinho é oportuno, porque a Globo deu certo, fundamentalmente, porque soube valorizar o autor-roteirista”.
E lembrou o início de sua carreira na TV: “Quando comecei minha carreira de escritor, a televisão era muito mal vista nos meios literários, especialmente os de esquerda. Quem rompeu com isso foi o Dias Gomes. Ele dizia que a televisão oferecia tudo aquilo por que o teatro popular lutou: o acesso ao grande público. Com o passar do tempo e o sucesso avassalador da televisão no Brasil, esta discussão arrefeceu. E a partir de um certo momento houve mesmo uma inversão: as novelas passaram a ser estudadas na universidade”.
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