Carol Duarte, a intérprete da Ivana/Ivan de “A Força do Querer”, falou sobre a personagem na novela das nove, a mudança no ritmo de trabalho na TV e, claro, sobre o final da transexual que dá vida na trama de Gloria Perez.
A atriz, de 26 anos, que veio do teatro, acredita que a história de Ivana no folhetim das 21h ajuda a desmarginalizar os transexuais. “Sabemos da marginalidade e invisibilidade que a sociedade impõe a comunidade trans, a existência do Ivan joga luz a questão, e da voz à comunidade”, diz ela, em entrevista exclusiva ao TV Foco.
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Carol ainda falou sobre o final de Ivana/Ivan em “A Força do Querer”. “Gostaria que o Ivan terminasse se sentindo inteiro ao se olhar no espelho”, afirma.
Confira a seguir a entrevista completa com Carol Duarte.
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Você, que veio de uma carreira no teatro, teve alguma dificuldade para se adaptar ao ritmo que a TV exige?
Carol Duarte: O teatro tem um outro tempo, outro espaço. É ao vivo, o público divide toda aquela experiência naquele momento, naquele espaço, cada dia é diferente. O tempo de ensaio, de concepção é muito maior do que na TV. Sinto que é mais artesanal. Na TV o volume de cenas é muito grande, e o tempo menor, além de termos uma mediação entre o público e o ator que é a câmera, ela que escolhe pra onde vai o olho do espectador, e cada detalhe pode ser flagrado pela câmera, que conta uma história, recorta os momentos e muitas vezes potencializa esses detalhes que podem dizer tudo.
Acredita que a história da Ivana pode ajudar pessoas iguais a ela de que forma?
Carol Duarte: Trazer à tona esse tema faz com que as pessoas olhem mais para as pessoas trans, instiga a procurar saber melhor sobre o assunto, provoca diálogo dentro de casa, afinal a novela tem uma importância na vida dos brasileiros, é um veículo com muita repercussão. Sabemos da marginalidade e invisibilidade que a sociedade impõe a comunidade trans, a existência do Ivan joga luz a questão, e da voz à comunidade.
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Teve algum medo de interpretar uma transexual na TV?
Carol Duarte: Enquanto atriz eu estudei bastante para compreender esse universo e o que as pessoas trans passam, acho que esse mergulho é importante para que o ator compreenda as angustias, as pressões, a densidade do personagem. É esse o nosso trabalho, estudar, compreender tudo que envolve aquele sujeito, então concretizar isso tudo na cena, no corpo, na voz, na lógica. É sempre desafiador, tenho sempre a impressão de começar do zero toda a pesquisa, é uma folha em branco, que ao mesmo tempo que tem infinitas possibilidades, assusta pela imensidão.
Como é o assédio nas ruas em meio ao sucesso da personagem?
Carol Duarte: Essencialmente minha vida não mudou, continuo fazendo as coisas que sempre fiz, trabalhando bastante, estudando, sonhando com milhares de projetos. Hoje em dia o que mudou é que as pessoas me reconhecem por conta da Ivana/Ivan, vem conversar sobre a personagem, sobre a questão e angustias da personagem, e a repercussão do meu trabalho tomou outra amplitude, vejo as pessoas discutindo o tema da Ivana/Ivan, e isso me deixa extremamente feliz.
O que você sonha em conquistar na sua carreira?
Carol Duarte: Eu não tenho um objetivo concreto de conquista na minha carreira, eu sempre quis ser uma atriz que se interessa por entender seu tempo, sempre admirei os artistas que revolucionaram a forma de olhar o mundo, apontaram e questionaram a ordem vigente. O artista que se dedica a algo maior que seu próprio ego, que não veio para agradar e sim para provocar e jogar luz às dores, desejos, fracassos, contradições, amores, revoluções. É isso que me interessa.
Como você gostaria que a Ivana terminasse na novela?
Carol Duarte: Gostaria que o Ivan terminasse se sentindo inteiro ao se olhar no espelho! Essa busca por ser verdadeiramente quem se é dura a vida inteira, mas a graça está no caminho, e que esse caminho seja feliz, com todas as contradições e sofrimento que fazem parte da caminhada. Torço para que ele termine ao lado de quem ele ama, e com a família por perto, respeitando e convivendo com as diferenças.