Duas redes de supermercados, tão grandes quanto a rede Assaí, lidaram com a falência e encerramento ao se depararem com situações desafiadoras e extremamente delicadas
As falências de redes de supermercados no Brasil geralmente causam impactos significativos na economia, especialmente por fazerem parte do setor varejista, um segmento essencial que afeta diretamente a vida dos consumidores e movimenta bilhões de reais por ano.
Com margens de lucro apertadas, custos operacionais elevados e concorrência acirrada, essas empresas muitas vezes enfrentam desafios que, quando não contornados, levam a prejuízos, demissões em massa e, por vezes, à falência definitiva da rede.
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Além disso, até mesmo redes gigantes como o Assaí, Atacadão e mais acabam tendo esse triste fim. Falando nisso, a equipe especializada em economia do TV Foco, especializada em economia, a partir de informações contidas no portal Estadão, Wiki, e G1, separou dois desses casos, envolvendo dois grandes nomes do setor:
- Makro
- Supermercado Gonçalves
1- Makro:
O Makro que chegou nos anos 70 , foi considerado um dos mais amados e mais marcantes varejistas existentes no mercado.
Porém seu auge chegou mesmo nos anos 90, quando se tornou uma das maiores referências para milhares de consumidores.
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Repartido entre rivais:
Apesar das negociações da sua venda terem sido noticiadas oficialmente no ano de 2023, conforme exposto pelo Estadão, essa história já se arrastava desde 2020.
O Grupo Carrefour Brasil comprou grande parte das lojas do Makro, administrado pelo grupo holandês SHV, na ocasião.
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No total foram 29 unidades que custou aos cofres da francesa um total de R$ 1,95 bilhão.
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Ainda no ano de 2022, o Grupo Muffato, rede paranaense fundada em 1974, adquiriu 16 lojas e 11 postos de gasolina da mesma rede atacadista.
Inclusive, o Makro chegou a contratar o Santander para encontrar um comprador para as 24 lojas que ainda possuía no Brasil, esperando angariar R$ 2 bilhões com as unidades.
Não suportou a concorrência
A principal razão do Makro ter saído do Brasil foi a competição acirrada do setor alimentício, principalmente dos novos atacarejos como o mencionado Assaí.
Ao que parece, apesar de renomada, a chegada de novos concorrentes do segmento deixou-a defasada, já que até então, o segmento era dominado somente por ela.
Com isso a sua marca acabou se despedindo do país, não tendo muita escolha a não ser vender seus ativos e partir de volta para “casa”.
Vale destacar que além de atuar no Brasil desde 1972, como mencionamos, o Makro ainda mantém suas operações em outros países da América do Sul, sendo eles:
- Venezuela
- Argentina
- Colômbia
Transação concluída
Voltando à transação com a Muffato, de acordo com o portal Estadão, o grupo Muffato concluiu a compra de imóveis e alguns ativos das lojas e posto de gasolina do Makro no fim de 2023 em:
- Guarulhos;
- Marília;
- Piracicaba;
- Presidente Prudente;
- Santo André;
- São Bernardo do Campo;
- São José do Rio Preto;
- São José dos Campos;
- Sorocaba Norte;
- Sorocaba Sul; e
- Taubaté.
Porém, a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) chegou somente em março de 2023.
Em seu parecer, o órgão concluiu que a operação não acarretou em prejuízos ao ambiente concorrencial. Para o Grupo Muffato, a transação estrou em linha com sua estratégia de expandir para outras localidades, marcando sua estreia na capital paulista.
Já para o Makro, a venda das unidades estava inserida na estratégia do grupo SHV de encerrar sua operação no Brasil.
Vale dizer que as demais lojas restantes foram divididas entre o Savegnago e Grupo Pereira.
Último adeus
Em julho de 2023, após terminar de vender suas lojas para o Grupo Muffato, Savegnago e Grupo Pereira, que a Makro Atacadista se despediu oficialmente do mercado brasileiro.
A rede divulgou esse encerramento do ciclo no país em seu site e publicou através das suas redes sociais, um comunicado sobre esse fim:
“Há 50 anos iniciamos nossa jornada no Brasil, e em todos estes anos participamos de sua história, da sua evolução e do seu crescimento.
Estivemos sempre ao seu lado e fizemos parte da sua família. Hoje, temos a certeza de ter conquistado um lugar no seu coração.
Nossa operação se despede do Brasil deixando nosso agradecimento a todos clientes, fornecedores e colaboradores que juntos fizeram parte desta história.”
Vale dizer que ao procurar o perfil oficial da Makro Brasil nas redes sociais ele não aparece mais, os únicos perfis ativos são os dos países em que ele ainda opera como Colômbia, Venezuela e Argentina.
Meses após a aquisição da Makro, a Muffato se encontra em constante expansão, para o terror da concorrência.
Vale mencionar que atualmente não existem mais mercados com a bandeira Makro ativas.
Inclusive, em meados de outubro de 2023, de acordo com o portal Estadão, a empresa deu start nas obras de transformação dos imóveis, e abriu logo na segunda semana daquele mês, a primeira unidade em São José dos Campos.
2- Supermercado Gonçalves
Por fim, temos a história do Supermercado Gonçalves, cujo qual começou ainda nos anos 90, na rua Guanabara, em Porto Velho (RO), aonde inaugurou a sua primeira unidade.
Nos anos seguintes foram abertos outros 9 supermercados em:
- Porto Velho (RO)
- Ariquemes (RO)
- Buritis (RO)
- Ji-Paraná (RO)
- Rio Branco (AC).
Em 2013, o grupo criou uma indústria de panificação, a Granopan, e no ano seguinte uma casa empório, ambas na capital rondoniense.
Com isso, não demorou muito para que o supermercado se tornasse um dos maiores varejistas de Rondônia.
Ruína:
Entretanto, apesar da sua ampla prestação de serviço, em 2016, a empresa começou a ruir e entrou com pedido de recuperação judicial, alegando não suportar a crise econômico-financeira.
O Supermercado Gonçalves, na época, culpou a queda de faturamento na crise macroeconômica brasileira, que começou pós-eleições do ano de 2014.
De acordo com as alegações da mesma, a situação piorou ainda mais após a:
- Alavancagem junto a bancos e elevadas taxas de juros;
- Elevação dos custos financeiros;
- Redução de margens de lucro no segmento;
- Cortes de linhas de crédito.
- Aumento dos custos;
- Queda da renda per-capta na cidade de Porto Velho;
- Aumento da concorrência na região e investimentos frustrados pela “ressaca pós-usinas do madeira”,
Ou seja, um combo devastador que contribuiu para sua queda.
Segundo o pedido protocolado na Justiça no início da década, o grupo chegou a realizar investimentos milionários na melhoria da estrutura das lojas, como a inauguração de um empório e a construção de uma indústria.
Mas, apesar de todo o esforço, todas as tentativas acabaram frustradas devido ao cenário econômico de retração.
Tudo à venda:
Fatalmente, em julho de 2019, a Justiça decidiu por decretar a falência de forma definitiva da rede. Nesse ínterim, TODOS os bens foram leiloados ao decorrer de três chamadas realizadas naquele ano.
Conforme exposto pelo G1, lojas, imóveis, terrenos e veículos que faziam parte do patrimônio do grupo entraram no balaio. Ao todo, foi arrecadado um montante de R$ 71 milhões.
Enquanto as dívidas se amontoavam e chegavam perto de R$ 200 milhões, uma dívida praticamente impagável, especialistas avaliaram o patrimônio em R$ 80 milhões.
Drama dos funcionários
E foi aí que começou o drama de mais de mil funcionários do Supermercado Gonçalves, quando a direção da empresa os demitiu em massa, deixando-os sem saber quando e se receberiam os salários atrasados, bem como os seus direitos trabalhistas.
Para piorar ainda mais, após o fechamento dos supermercados, os prédios de algumas unidades Gonçalves foram alvos de furtos e ataques de vândalos.
Ocorreu também um acúmulo de lixo nos pátios, além de ser usado como abrigo para pessoas em situação de rua.
De acordo com ex-funcionários ouvidos com exclusividade pelo G1, ainda no ano de 2018, começaram a faltar itens nas lojas, o que fortaleceu ainda mais que esses fechamentos seriam inevitáveis.
O que aconteceu com os funcionários do Supermercado Gonçalves?
No desespero, muitos funcionários entraram com uma ação na justiça contra o Supermercado Gonçalves.
Porém, somente no dia 23 de maio de 2022 foi confirmado o pagamento dos direitos de uma parte desses funcionários.
Segundo o portal G1, o escritório Machiavelli, Bonfá e Totino Advogados Associados, administrador judicial da massa falida, confirmou a informação
O juiz responsável pela falência beneficiou todas as pessoas que trabalhavam na rede enquanto ocorreu a falência.
Na ocasião, já não possuíam pendências sobre o valor e outras informações apresentadas na lista de credores
O pagamento foi autorizado pela Justiça de Rondônia no início de maio de 2022.
A juíza Elisangela Nogueira, da 6º Vara Cível Falências e Recuperações Judiciais, autorizou o envio dos pagamentos aos ex-funcionários, uma vez que entendeu não haver impedimentos para os valores não contestados e o prazo para objeções já havia expirado.
De acordo com o administrador judicial, a Caixa Econômica Federal liberou aproximadamente R$ 14 milhões no dia 20 de maio de 2022.
Os valores foram depositados nas contas apresentadas pelos funcionários.
Cerca de 80% dos trabalhadores já podiam receber seus pagamentos, mas a necessidade de resolver algumas pendências atrasou o pagamento dos outros 20%.
Ao todo, 6.200 credores faziam parte do quadro geral, entre fornecedores, prestadores de serviço, bancos, advogados e demais envolvidos.
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Considerações finais:
Em suma, a concorrência acirrada, as crises econômicas e as dívidas elevadas levaram as redes de supermercados Makro e Supermercado Gonçalves à falência e ao fim definitivo no Brasil.
Essas situações levaram ao fechamento de lojas, demissões em massa e impactos significativos na economia local e nos funcionários.