Empresa alimentícia gigantesca teve seu fim decretado mesmo após brilhar durante décadas em supermercados como Assaí e +
Ao longo de todos esses anos a indústria alimentícia e empresas do segmento desempenham um papel crucial para a sobrevivência humana.
Afinal de contas, é através delas que conseguimos ter acesso aos mais variados produtos que saem dos supermercados e chegam até a nossa mesa.
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Falando nisso, muitos nomes tradicionais continuam sendo referências no setor, como é o caso da Nestlé, Bauducco, Pullman, entre outras.
Porém, algumas empresas acabaram sofrendo quebras mesmo após marcar gerações e brilhar nas gôndolas de mercados como Carrefour, Assaí e + …
Falando nisso, um verdadeiro ícone do setor em nosso país, em meados de fevereiro de 2023, acabou tendo sua falência decretada após se afundar em dívidas e enfrentar uma série de adversidades.
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Estamos falando da inesquecível Chocolates Pan, fundada ainda no ano de 1935 e que ficou marcada na história, principalmente entre as décadas de 80 e 90.
Seu nome é tão relevante que ela é muito mais do que uma simples marca. Ela está presente na memória afetiva de milhões de brasileiros.
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Criatividade e Polêmica
A mesma sempre teve como sua principal identidade a criatividade em fazer doces em formatos divertidos, o que mexia e muito com o imaginário dos seus clientes.
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Um dos fatos mais marcantes envolvendo a marca é que o seu sucesso deu o ponta pé inicial com o lançamento dos polêmicos cigarrinhos de chocolate, ainda na década de 40.
Na época eles eram considerados a maior coqueluche, uma vez que o ato de fumar naquela década despertava uma ideia de elegância e sofisticação.
Porém, de acordo com O Globo, os cigarrinhos passaram a ser alvo de críticas, principalmente de profissionais da saúde que afirmavam que o chocolate no formato de cigarro poderiam influenciar as crianças.
Após isso, os cigarrinhos de chocolate pararam e ser comercializados e, anos mais tarde, passaram a ser substituídos pela caixa de lápis de chocolate, que também foi um sucesso nos anos 2000.
Falência decretada
Apesar do seu sucesso inigualável, essa fábrica doce acabou amargando um fim devastador.
De acordo com o G1, sua falência foi decretada, no dia 27 de fevereiro de 2023, pela 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem de São Paulo.
A mesma já se encontrava em recuperação judicial desde o ano de 2021 e havia entrado com pedido de autofalência na Justiça, na 1ª RAJ (Região Administrativa Judiciária) do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), no dia 13 de fevereiro de 2023.
Ela ainda chegou a esse extremo após reconhecer a incapacidade de continuar operando e honrar as dívidas, que chegavam na casa de R$ 300 milhões, fazendo com que sua despedida fosse inevitável
A situação fatalmente desencadeou em uma demissão em massa, colocando mais de 50 funcionários na rua.
Inclusive, assim que saiu a sentença de falência, alguns funcionários da empresa pediram mais três meses para a Justiça afim de apresentar um novo plano para salvar seus empregos.
Calote aos funcionários:
Ainda de acordo com o G1, um grupo de funcionários emitiu uma nota pública sobre a situação na época:
“Nós, colaboradores da Chocolate Pan, com tudo que está sendo noticiado, queremos lutar pelo nosso emprego. Queremos manifestar nossa vontade na continuação da empresa
Acordamos todos os dias cedo e estamos aqui trabalhando, produzindo e vivendo o dia a dia da empresa. Onde é nosso ganha-pão e queremos tornar pública nossa manifestação da empresa continuar operando”.
A ideia era aproveitar a Páscoa e o Dia das Mães para se reerguer, mas a Justiça foi irredutível na sua decisão.
Diante desse cenário nada promissor, muitos funcionários chegaram a protestar pelos seus direitos trabalhistas a fim de cobrar pelos pagamentos referente as rescisões.
De acordo com a Folha de S.Paulo, da dívida mencionada acima, R$ 12,3 milhões se enquadravam em dívidas trabalhistas.
Quando decretou a falência, a Pan estava com apenas 52 funcionários sendo que, nas décadas 60 a 80, ela chegou a ter mais de 200.
Mesmo já em crise, entre 2018 e 2019, a empresa chegou a contratar uma consultoria para dar uma guinada na produção.
Segundo ex-colaboradores ouvidos com exclusividade pela Folha.: “Deu tudo errado. Não sobrou nem a principal, que funcionava na sede”.
A esperança dos ex-funcionários (e dos demais credores) na época estava na venda do terreno de 10,4 mil metros quadrados, com área construída de 13,6 mil metros quadrados onde está a fábrica.
Foi alegado que o mesmo poderia ser adquirido por R$ 52,6 milhões e assim fazer com que a fábrica resolvesse essa questão do calote sofrido pelos funcionários.
Dívidas ainda mais graves
Fora isso, a empresa não recolhia impostos da forma correta há mais de 20 anos, o que deu ainda mais força para o triste desfecho.
Em nota a administradora declarou:
“Há mais de 20 anos a recuperanda (Pan) não paga seus impostos regularmente, conduta que já foi considerada em outras oportunidades como fraudulenta e contumaz. Também há “insuficiência de caixa e a impossibilidade de regularização do passivo, fato que compromete, irremediavelmente, seu soerguimento”
Clientes entristecidos
Segundo apurações feitas pelo TV Foco, as redes sociais oficiais da empresa não publicam mais nada desde dezembro de 2022.
Inclusive os clientes acabaram deixando comentários nas últimas postagens lamentando a despedida e falência desse ícone que até hoje vive no imaginário de muitos, como podem ver na imagem abaixo:
Leiloada
Ainda de acordo com o portal Folha de S.Paulo, em setembro de 2023, a antiga fábrica da Chocolates Pan foi colocada a leilão com lances iniciais de R$27 milhões.
Inicialmente avaliada em mais de R$ 105 milhões, o complexo industrial tem 10.432 m² e está localizado na cidade de São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo.
Segundo o que foi divulgado pela Positivo Leilões, os recursos obtidos com a venda seriam usados para pagar credores, pagar funcionários e dar uma destinação útil ao imóvel para a sociedade.
Apesar das dívidas milionárias citadas no inicio desse texto, ao que tudo indica, caso surgisse um eventual comprador, ele receberia o complexo industrial LIVRE DE QUAISQUER DÉBITOS.
Quem arrematou a fábrica da Pan?
Por fim, no dia 19 de outubro de 2023, a Justiça homologou a compra da fábrica que pertencia a Chocolates Pan, que foi arrematada por ninguém menos que a Cacau Show, uma das maiores marcas nacionais de chocolates.
De acordo com a CNN, por meio do seu braço de investimentos CCSH, a Cacau Show disputou e levou todos os itens leiloados, comprando a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e máquinas do local.
O montante da compra foi de mais de R$ 71 milhões, representando um acréscimo de 33% do preço inicialmente estipulado
Segundo o leiloeiro oficial, Erick Telles, a decisão da Justiça é muito importante, porque definiu o valor que seria recebido para os pagamentos dos credores e demonstrou a efetividade das medidas adotadas dentro do processo, que, segundo ele, caminha com bastante agilidade.
Ainda de acordo com Erick Telles, outro fato positivo é que os bens arrematados, que antes estavam abandoados, agora voltariam a ser utilizados.
Sendo assim eles voltam a gerar valor não só para o arrematante do leilão, bem como para toda a sociedade que vai se beneficiar direta e indiretamente com geração de riqueza, recolhimento de novos impostos e uma destinação útil do imóvel.
Os recursos restantes foram divididos entre a União, estados e municípios para o pagamento de dívidas tributárias.
Marcas:
Já em março de 2023, segundo a Agência Brasil, a empresa Real Solar, de Goianinha, no Rio Grande do Norte, venceu o leilão das 37 marcas da Chocolate Pan;
O lance vencedor foi de R$ 3,7 milhões. Doze empresas participaram do certame, que teve 25 lances.
De acordo com o administrador judicial da falência da marca, Fábio Rodrigues Garcia, da ARJ, o leilão da marca Pan foi importante para o processo de falência da empresa:
“O valor arrecadado vai ajudar a quitar parte das dívidas com os credores, especialmente vamos conseguir quitar todos os débitos com os funcionários.
Além disso, o leilão vai possibilitar que a marca Pan retorne ao mercado, com uma nova gestão, uma nova proposta, gerando mais emprego e renda”
Segundo o portal Barte BLOG, de fato, o leilão da Chocolates Pan, que contou com a participação de 12 empresas habilitadas e recebeu 25 lances, teve seu valor arrecadado destinado prioritariamente para a quitação dos débitos trabalhistas com os 52 funcionários citados acima.