Falência decretada e adeus eterno: 2 gigantes do varejo se despedem do Shopping Iguatemi e paulistas choram

Crise e falência atingiram duas varejistas, presentes em um dos maiores shoppings de São Paulo, o Iguatemi, deixando milhares de paulistas entristecidos

O varejo em São Paulo, a maior capital da América Latina, é um dos pilares econômicos da cidade, destacando-se por sua amplitude, diversidade e constante inovação.

Nesse cenário, o Shopping Iguatemi, um dos centros comerciais mais icônicos do país, surge como um exemplo de sofisticação e excelência.

Reconhecido por abrigar lojas de renome internacional, o Iguatemi reúne verdadeiras potências do mercado, consolidando-se como destino preferido para consumidores em busca de experiências exclusivas.

Contudo, mesmo com essa estrutura privilegiada, ao longo dos anos, muitas varejistas renomadas se despediram de seus espaços no Iguatemi, deixando milhares de paulistanos e paulistas entristecidos.

Esses encerramentos não significaram apenas o adeus eterno das lojas, mas também, em alguns casos, a decretação de falência de empresas outrora gigantes no mercado.

Aliás, pensando nisso, a equipe especializada em economia do TV Foco, baseada em informações divulgadas pelo portal Folha de S.Paulo e CNN, traz dois casos de grandes nomes que se despediram do grande shopping, deixando um vazio enorme.

Hi-Fi Discos: Fim de uma era

Fundada no início da década de 60 por Hélcio Serrano e os irmãos Celso e Dario, a Hi-Fi Discos nasceu em um ponto na Rua Augusta, um dos endereços mais icônicos do comércio paulistano.

Desde o início, Hélcio demonstrou visão ao apostar no futuro do mercado fonográfico, sendo pioneiro ao trazer o primeiro disco dos Beatles, Please Please Me, ao Brasil antes mesmo de sua explosão global.

A loja rapidamente se tornou referência cultural, atraindo nomes como:

• Chico Buarque;
• Elis Regina;
• Raul Seixas;
• Rita Lee.

Além disso, a loja também atraía artistas internacionais como Gilbert O’Sullivan e os Carpenters.

Seu sucesso também se devia às inovações promovidas por Hélcio, como promoções inusitadas e apoio a eventos culturais, incluindo a equipe de patinação Hi-Fi Roller.

Contudo, a partir dos anos 90, o fundador começou a perder interesse pelos novos rumos da música popular brasileira e optou por não trabalhar com gêneros que começaram a entrar em ascensão, como axé, pagode e sertanejo universitário.

Em 2002, após 45 anos de operação, a Hi-Fi encerrou suas atividades.

Uma decisão radical

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Hélcio Serrano revelou que a decisão de fechar a loja não foi causada pela crise da indústria fonográfica, mas por um desejo pessoal de viver uma nova fase:

“Quis me livrar porque não se consegue manter um negócio sem a personalidade do dono. Paguei todos os meus fornecedores e funcionários, agora vou aproveitar a vida.” – Disse ele na época.

A última loja, localizada no Shopping Iguatemi, vista como nº1 para muitos frequentadores, fechou suas portas em uma noite de sábado, marcando o fim de uma era.

Apesar do fechamento, Hélcio se despediu com a consciência tranquila de ter cumprido sua missão, enfatizando:

“Dinheiro é muito bom quando você pode usá-lo. O acúmulo dele é uma paranoia de eternidade burra.”

2- Saraiva: Falência decretada

Por fim, temos a Saraiva, a qual já foi a mais querida de todos os shoppings do país, principalmente no Shopping Iguatemi São Paulo.

Aliás, podemos dizer que a notícia de falência da Saraiva foi um verdadeiro “chute no estômago” de muitos amantes de livros, música e cultura geek em geral.

Após cinco anos em recuperação judicial, a empresa pediu falência em outubro de 2023, segundo a CNN.

Essa recuperação, inclusive, se deu após a mesma alegar uma dívida de R$674 milhões, na época, conforme dados do Jus Brasil.

• Através de um comunicado oficial, ela informou que a RSM Brasil Auditores Independentes não prestaria mais serviços de auditoria à rede.

• No dia 07 de outubro, a 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo decretou em DEFINITIVO a falência da mesma, tendo assim, o sonho oficialmente acabado …

• Com isso, a empresa encerrou suas atividades e um administrador judicial passou a gerenciar seus bens, leiloando-os.

De acordo com as informações que constam dos documentos da recuperação judicial da Saraiva, a companhia já não possuía mais nenhum imóvel.

Dentre os bens detidos pela empresa estão listados:

• Bens móveis (máquinas, equipamentos, móveis): R$ 15 milhões.

• Estoque de 486 mil livros, 108 mil itens de papelaria e 28 mil itens de outras mercadorias: R$ 21 milhões.
• Valor a ser recebido em processos judiciais: R$ 250 milhões.

Em setembro, a empresa fechou todas as lojas físicas, causando demissões em massa, e migrou totalmente para o e-commerce.

Até o momento, não foram encontradas manifestações públicas adicionais da Saraiva sobre sua falência além dos comunicados oficiais mencionados.

Mas, para saber mais sobre essas histórias de falências, retomadas e muito mais, clique aqui*.

Qual é a maior loja do Shopping Iguatemi atualmente?

De acordo com o portal Exame, atualmente, a loja da Tiffany & Co. do Shopping Iguatemi São Paulo é a maior, ocupando mais de 408 metros quadrados em dois andares. 

A loja foi inspirada na icônica loja da Quinta Avenida em Nova York e conta com móveis projetados por Humberto Campana e obras de artistas como João Carlos Galvão, Francis Petrucci e Vik Muniz.

Considerações finais:

O varejo em São Paulo, principal centro econômico da América Latina, é referência por sua diversidade e inovação.

Exemplos marcantes incluem a Hi-Fi Discos, que encerrou atividades por decisão do fundador, e a Saraiva, que decretou falência após anos de dificuldades financeiras.

Ambas presentes no Shopping Iguatemi, um dos maiores shoppings de São Paulo.