Falência e salários atrasados: O triste fim de emissora de TV aberta ao enfrentar crise e não resistir
Lennita Lee
Canal de TV aberta, que marcou a história de milhares de telespectadores, acabou tendo sua falência após crise violenta
Há exatos 48 anos, mais precisamente no dia 18 de julho de 1980, um tradicional e importante canal de Tv, encerrava suas atividades, após enfrentar uma crise gigantesca deixando milhares de telespectadores entristecidos.
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Estamos falando da histórica TV Tupi, fundada ainda na década de 50, reconhecida como a primeira emissora do país e da America do Sul, marcando milhares de gerações de brasileiros.
Infelizmente, ela foi impedida de renovar suas concessões após enfrentar problemas administrativos e financeiros, e teve seu sinal encerrado sob protestos.
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Porém, de acordo com o portal Splash, essa crise da rede começou bem antes do seu fechamento.
A queda
Em 1968, após a morte de Assis Chateaubriand, fundador da TV Tupi, os problemas “deram as caras” de forma extremamente violenta.
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Em uma entrevista concedida à BBC, no ano de 2020, o jornalista Rodolfo Bonventti, da Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira (Pró-TV), reforçou que a dificuldade da rede foi, de fato, a má administração:
“Quando o Chatô morreu, não deixou um herdeiro. Não havia ninguém que soubesse administrar aquele império, formado por rádio, TV, jornal e revista” –Afirmou ele na época
Pra piorar a situação, a TV Tupi ainda enfrentou uma crise na audiência após as emissoras concorrentes ocuparem os “espaços vazios” deixados pela pioneira.
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No fim dos anos 70, os salários começaram a atrasar cada vez mais e as dívidas astronômicas, junto à Previdência Social, causaram inúmeros escândalos financeiros.
Em agosto do ano de 1977, produções como “Éramos Seis”, “Cinderela 77” e “Um sol maior” registravam os mais baixos índices de audiência da história do canal.
Salários atrasados e crises
Na década de 80, os salários atrasados começaram a se agravar um pouco mais fazendo com que muitos funcionários da TV Tupi recebessem cheques sem fundos, o que culminou em um clima ainda mais tenso.
As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes.
Fora isso, um pouco antes, mais precisamente em outubro de 1978, um incêndio no prédio da emissora em São Paulo, tirou a Tupi do ar por alguns minutos e destruiu os novos equipamentos adquiridos pela emissora no mesmo ano, o que nem chegou a entrar em funcionamento.
Segundo o portal Splash, alguns funcionários entraram em uma greve que durou até o início de fevereiro de 1980, quando a emissora fechou seu departamento de dramaturgia, dispensando os 250 funcionários que trabalhavam no setor.
No dia 16 de julho daquele ano, a Tupi teve 7 de suas 10 concessões declaradas peremptas (termo jurídico que significa “não-renovável”) pelo Governo Federal.
A decisão foi publicada no Diário Oficial no dia seguinte e ainda no dia 17, um grupo de funcionários da Tupi do Rio iniciaram uma vigília que durou 18 horas, comandada pelo apresentador Jorge Perlingeiro, com o objetivo de impedir que o canal fosse fechado:
“Respeite nossas lágrimas, respeite nossos filhos, respeite nosso trabalho, respeite a todos nós. Não tire nossa estação do ar. Pelo amor que o senhor tem a sua mãe, senhor presidente [Figueredo]. Não deixe tirar nossa estação do ar. Respeite as nossas lágrimas, nós estamos chorando para trabalhar, nós queremos trabalhar”, – Disse em pronunciamento.
Várias personalidades, como o cantor Agnaldo Timóteo e o humorista Costinha, deram apoio aos funcionários.
Falência e fim decretado
Mas todo essa comoção não foi suficiente, pois antes do meio-dia, no dia 18 de julho de 1980, três engenheiros do Departamento Nacional de Telecomunicações, acompanhados por um delegado da Polícia Federal e mais quatro agentes, subiram ao décimo andar do edifício-sede da TV Tupi de São Paulo.
O edifício ficava na na avenida Professor Alfonso Bovero, nº 52, no bairro do Sumaré, e deu inicio ao lacre definitivo dos transmissores, o que foi feito pontualmente às 12h36.
Minutos antes, fora exibida uma missa do Papa João Paulo II, realizada no início daquele mês no Aterro do Flamengo, simultaneamente à locução, feita pelo ator Cévio Cordeiro, de uma outra mensagem dirigida ao presidente Figueiredo pedindo para que a estação não fosse fechada.
Durante o vídeo e a mensagem citados, os funcionários puseram na tela os dizeres “Até breve, telespectadores amigos”.
A última imagem transmitida pela Rede Tupi foi a de seu logotipo nas cores da bandeira nacional.
O mesmo aconteceu em outras cidades em que a rede tinha emissoras, como:
Rio de Janeiro (TV Tupi)
Fortaleza (TV Ceará);
Belém (TV Marajoara);
Porto Alegre (TV Piratini);
Belo Horizonte (TV Itacolomi);
Recife (TV Rádio Clube).
Restando apenas Salvador (TV Itapoan) e Brasília (TV Brasília).
O que aconteceu com o prédio antigo e as concessões da TV Tupi?
Ainda conforme o portal Splash, o governo brasileiro concedeu a concessão do então canal inativo para duas novas emissoras: o SBT, de Silvio Santos, e a TV Manchete, de Adolfo Bloch.
Apesar de não conseguir a licença do canal 4 em VHF, necessário para realizar o projeto de criação de sua rede de televisão, em janeiro de 1987, o Grupo Abril conseguiu o seu canal em UHF.
Após conseguir seu canal próprio, e com a maturidade da MTV Brasil no mercado, a Abril Radiodifusão efetuou em 2003, o pedido de várias licenças de retransmissão de TV em várias localidades do país.
Após uma rápida crise no grupo e a enorme queda de audiência, não apenas para concorrentes diretos, mas também para a internet, a MTV Brasil fechou em 30 de setembro de 2013, dando lugar a Ideal TV que, anteriormente, foi um canal por assinatura, uma vez que a Abril não manifestava interesse em manter o canal.
Em 18 de dezembro de 2013, o Grupo Abril anunciou a venda da Abril Radiodifusão, que transmite a Ideal TV, para o Grupo Spring de Comunicação, que edita a edição brasileira da revista Rolling Stone.
Os valores da transação não foram divulgados, mas segundo fontes ouvidas pelo jornal Folha de S. Paulo, a venda foi fechada em cerca de R$ 350 milhões e foi realizada pelo banco americano JP Morgan.
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.
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