Após falência, ex-funcionários de farmácia gigantesca brasileira reclamaram pela falta de pagamento e essa é a situação
Ainda no ano de 2022, uma grande rede de farmácias brasileira acabou desaparecendo por completo após declarar sua falência, o que acabou deixando funcionários na mão.
Trata se da Rede São Bento de Farmácias, que ficava localizava na região de Campo Grande (MT) e que tinha mais de 74 anos de tradição.
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De acordo com o portal Mídia Max, a mesma fechou as portas permanentemente após uma série de dívidas e crises financeiras.
Calote aos funcionários
Em 2023, 8 anos desde o pedido da sua recuperação judicial, feito ainda em 2015, ex-funcionários seguiam à espera do acerto de contas prometido pela empresa.
Uma ex-funcionária, que preferiu não se identificar, relatou que há quatro anos aguarda o pagamento de aproximadamente R$ 28 mil referente a uma demissão sem justa causa.
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“Entrei na empresa em 2018 e sai no ano seguinte, quando fui demitida não me pagaram o salário do mês e nenhum acerto trabalhista”
Na intenção de reaver os valores, a ex-funcionária entrou com uma ação judicial onde pediu apenas o valor referente ao mês trabalhado e acerto.
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Segundo o portal, o processo já foi encerrado e aguardava pelo cumprimento do pagamento por parte da empresa:
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“Eles falam que não tem dinheiro, estão quebrados, mas ainda tem empreendimentos aqui na cidade”,
Em uma apuração exclusiva do Jornal Midia Max, início de 2023, o mesmo conseguiu acessar a ação trabalhista movida por cinco ex-funcionários em 2019.
Na época, o Tribunal Regional do Trabalho, por meio da juíza do Trabalho Fabiane Ferreira, mediou audiência de conciliação e ficou decidido que a Rede São Bento pagasse R$ 129.468,28 de direitos trabalhistas, em valores distintos entre 5 funcionários, enquanto a causa teve valor de R$ 147.156,00.
Outra ex-funcionária, de 56 anos, trabalhou como auxiliar de serviços gerais por cerca de um ano na rede de farmácias, mas foi demitida sem nenhum direito trabalhista:
“Trabalhei na São Bento entre 2019 e 2020, limpava onze farmácias por semana e saí de lá sem nada. Pagaram metade do FGTS, mas faz quatro anos que eu e vários funcionários aguardamos pelo resto do pagamento”.
Vendendo tudo
Para quitar as dívidas, o Grupo Buainain, proprietário da rede, transferiu seus imóveis, enquanto os donos cumpriam com o plano de Recuperação Judicial.
Em julho de 2023, duas fazendas avaliadas em mais de R$ 23 milhões foram colocadas a leilão em Mato Grosso do Sul pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
Segundo o advogado de um dos ex-funcionários, a primeira praça do leilão dos bens dos sócios da São Bento, não teve êxito, mas na segunda praça, houve compradores.
Com isso, os valores ficaram à disposição da justiça, aguardando os recursos dos sócios:
“Acredito que ainda teremos uma longa batalha judicial. Não há como prever quando os valores serão liberados, pois ficam suspensos até o julgamento dos recursos, e caso prossiga até o TST, pode demorar vários meses”
Recuperação Judicial
A crise financeira da Rede São Bento é bem mais antiga. Conforme mencionamos no inicio, foi ainda no ano de 2015 que a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, a fim de evitar a falência.
Na época, a rede tinha 1,2 mil funcionários em 80 lojas, distribuídas em 28 cidades, o que resultou numa dívida de R$ 75 milhões, além de cerca de 2.000 credores, considerando também as demandas trabalhistas.
Na época, foi o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara de Falências, Recuperações, Insolvências e Cartas Precatórias Cíveis de Campo Grande, quem homologou o processo de recuperação judicial da Rede de Farmácias São Bento, ainda em 2021, após seis anos de tramitação.
Na época o diretor da Rede São Bento, Luiz Fernando Buainain declarou em entrevista para “A Crítica”, que essa decisão provou que a empresa sempre fez questão que fosse aprovado o plano para honrar com seus credores:
“São credores de um bom relacionamento há muito tempo e queríamos a solução”
Como ficou o plano de Recuperação da Rede São Bento?
Ainda em setembro de 2022, o grupo que ainda enfrentava a recuperação judicial, entregou suas últimas duas lojas.
De acordo com o Campo Grande News, o imóvel localizado na esquina das ruas Amazonas e Ceará, foi entregue em pagamento ao Banco do Brasil.
De acordo com o advogado Carlos Almeida, que representava na época a São Bento, foram levadas as prateleiras e o estoque, fora a execução da regularização da documentação:
“Boa parte dos credores já receberam o imóvel doado para pagamento. Outros estão em fase de recebimento e alguns imóveis estão indo a leilão a pedido de credores que iriam receber os mesmos”
Ainda segundo Almeida, o grupo havia informado interesse de continuar no ramo, reerguendo as farmácias São Bento, porém naquele momento o foco era pagar e honrar o plano de recuperação aprovado.
Com uma dívida que se multiplicava cada vez mais, a rede São Bento fechou praticamente todas as farmácias na Capital e ficou sem fôlego financeiro para escapar da falência.
De acordo com o portal O Jacaré, a sede da distribuidora de medicamentos do grupo se transformou em igreja evangélica.
A empresa 6F alugou o espaço para o Ministério Atos de Justiça, que passou a realizar os cultos de quarta a domingo no local.
Outros prédios foram disponibilizados para locação ou deram espaço para lojas de utilidades.
O administrador judicial Fernando Abrahão, da Real Brasil, admitiu que a situação da empresa ficou ainda mais delicada com esses fechamentos: “Sem receita, não tem como se recuperar”
Vale destacar que o prédio aonde ficava a unidade da Rede São Bento, em Campo Grande, está o mais completo abandono.
Importância da Rede São Bento:
De acordo com o portal Panorâmico, a rede de farmácias São Bento foi, por mais de 70 anos, a principal empresa do varejo farmacêutico em Campo Grande (MS).